Hardin e May eram os únicos amigos que eu tinha e as únicas formas de apoio além de minha mãe. E embora Hardin deixava explícito que suas intenções não eram apenas de amigo, eu preferia assim. Estava confusa quanto a isso e não queria ter que me preocupar com isso.
No decorrer dos dias minha rotina foi ir ao grupo, ficar em casa com May e sair com Hardin.
Mas com o tempo, May já não tinha muita disposição já que seu bebê chegaria em qualquer instante. E mesmo que ela fazia um enorme esforço, eu não queria abusar.
Mas nesse dia eu estava péssima.
Minha auto estima estava abaixo do solo e nada poderia melhorar aquilo.Eu estava enorme, cheia de estrias, pesada, sempre cansada, enjoada e minha pele tinha manchas horríveis de olheiras porque dormir estava se tornando uma tarefa muito difícil com aquela barriga gigante.
Me encarava no espelho depois de vomitar duas vezes em menos de uma hora. Minha aparência estava horrível e meus pés pareciam tambores.
- o que foi?
- minha mãe apareceu na porta.
- eu estou horrível.- me virei.- meu deus, eu estou horrível.
- claro que não meu amor.
- olha esse cabelo mãe. Olha meus pés, minha barriga enorme, minha pele. Olha meu rosto.
Lágrimas quentes tão presentes em alguns meses atrás voltaram a cair. Eu já não chorava tanto quanto antes, mas agora as coisas estavam ficando mais difíceis mais para o lado físico e não apenas emocional.
Eu não sabia o que Hardin via em mim desse jeito.
- eu estou inchada!- falei.
- meu amor, isso é normal. Você terá que se acostumar.
- eu sempre tenho que fazer alguma coisa. Eu ouvi durante todos esses sete meses que eu teria que me acostumar, que teria que ser forte e tudo mais, mas ninguém me disse que era normal fraquejar.
- claro que é. Você não tem que ser forte o tempo todo, filha. Todos nós temos esse direito. Eu fraquejo! Ou você pensa que ser mãe é facil?
- mas você é a melhor mãe!
- eu faço tudo o que está ao meu alcance, Lia. Eu não sou a melhor mãe mas sou a melhor que eu posso ser. E assim vai ser com você. - sorriu.- isso vai passar filha. Você vai ver o rostinho do seu filho e vai pensar que aquela perfeição saiu de você e que você não poderia estar mais feliz. Essa fase vai passar.
- mas e se não passar? Mãe eu não consigo amar essa criança! Eu não consigo dizer que ele é meu filho. Nem sei se ele é um ela ou não.
- não se preocupe agora. Deixe as coisas fluírem.- beijou minha testa e sorriu.- May está aqui para você.
- mãe, você a chamou?!
- claro que chamou.- entrou com uma bolsinha rosa.- hoje vamos ter um dia de beleza.- sorriu.- apenas estava esperando o momento para entrar e triunfar.
•••
Meu dia melhorava sempre em sua companhia. Aquela menina era a luz que eu precisava. Com ela tudo melhorava e eu dava sempre graças por tê-la comigo.
Eu e May havíamos tomado banho juntas. Minha mãe ajudou com a primeira fase do nosso dia de beleza: a aplicação do creme depilatório e depois lavamos nossos cabelos.
Depiladas, nós saímos limpas e lisas do box e o próximo passo foi aplicar máscaras de detox no rosto, já que o meu não via uma limpeza há muito tempo muito menos uma hidratação.- ajuda nas manchas também.- ela falou aplicando a máscara em mim.
May fez uma careta de dor se contraindo e arregalei os olhos.
- tudo bem?
- sim, apenas contrações normais. Você não sente?
- as vezes sinto umas dores sim.
- é.- sorriu.- está pronto.
- agora eu.- peguei o produto para espalhar em seu rosto.
- o próximo passo será o cabelo.
- estou pensando em cortar um pouco.- disse.
- tudo bem. Sua sorte é que eu sou ótima em dias de beleza.
May cortou meu cabelo e o hidratou depois eu apliquei a máscara hidratante no seu já que era a única coisa que ela queria fazer.
Ela fez trancinhas em mim no final, tiramos as máscaras do rosto e eu realmente notei que minha pele estava melhor.
Mas minha amiga não estava.- May?
- está doendo.
Arregalei os olhos quando ela se sentou começando uma respiração regular e caretas de dor.
- mãe!
- o que foi?- ela apareceu rápida no banheiro com meu grito e encarou May no chão.- ah meu deus, vai nascer?
- não, não, agora não.- ela começou a chorar.- eu não estou preparada para agora. E nosso dia de beleza?!
- não se preocupe com isso, eu já estou melhor.
- não.- deu um gritinho.- eu tinha.. eu convidei Hardin para vir aqui. Eu iria te arrumar e vocês teriam uma noite maravilhosa.- outro gemido de dor.- meu deus, agora não.
Ver o desespero de May só me fez entrar também em desespero. Eu praticamente deixei minha mãe sozinha com aquilo e fiquei em choque com a cena.
- Liara! A ambulância!
Encarei minha mãe e não pude dar resposta.
- lia...- May chamou minha atenção.- chama a ambulância para mim por favor? E minha avó e Mike.
Assenti lentamente e só depois despertei correndo até o telefone e fazendo o que elas mandaram.
•••
Os gemidos de May se tornaram gritos e em algum tempo ela não dizia coisa com coisa. Quando Mike chegou ela se acalmou um pouco e eu percebi que não teria aquilo para mim também.
Talvez eu estava sendo egoísta, mas aquilo estava realmente me assustando.No hospital era tudo uma correria quando entramos. Eu queria ficar com ela, mas não foi permitido até que minha médica apareceu para acalmar os nervos.
- como ela está? Eu não posso entrar?
- ela está bem, apenas estamos esperando a dilatação.
- o que? Não vai nascer ainda?
- são as primeiras contrações, Lia, ela terá que esperar a dilatação certa para poder começar o parto.
- e ela vai continuar assim? Com dor?
- ela já está melhor. As contrações não são continuas, tem um tempo para cada uma. Ela sabe contar.
Eu fui autorizada a entrar por pedido dela. May estava um pouco mais calma mas de tempo em tempo ela gemia de dor me deixando apavorada.
Ela era a forte, eu não.N/A: votem por favor e comentem o que estão achando.

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Inesperado
ChickLitAtenção: esse é um livro sobre ( ou pelo menos tento): • maternidade real • aborto • e outras coisas. Eu vou apresentar minha opinião, se você não estiver disposto a saber, não leia. Se você estiver lendo essa história em qualquer outra plataforma...