Eu acompanhei a retirada da fralda, o banho morno, a aplicação de produtos, o colocar da fralda limpa.
Acompanhei passo a passo de minha amiga que continha nela a maior calma do mundo. A maior paciência, cuidado e amor.
Aquilo era amor.
Era atenção, afeto e dedicação.
May estava sendo e seria uma mãe maravilhosa e quanto a mim não tinha certeza. Eu só sabia reclamar de dor, cançaso, inchaço e mudar de humor mais rápido impossível.
Todas as contrações que sentia me deixavam estressada e sem nenhuma paciência para tudo aquilo.
Eu só queria que ele saísse dali rápido, embora aquilo doeria.- e vocês transaram na praia?
- ignorando todos que pudessem passar.- falei me mexendo desconfortável.- na verdade não sei se fomos vistos mas sei que fomos ouvidos já que meu tesão estava tão grande que eu parecia que iria explodir.
- nossa!! Safada.- riu.
- na verdade esses últimos meses estou assim. Quando não tenho disponibilidade para nada, tenho para sexo. E nisso, ele é perfeito.
May riu e me levantei indo para o banheiro pela milésima vez só naquelas poucas horas que estava com ela. E eu pensando que nada pudesse piorar.
- você precisa relaxar esses pés!- ela falou me encarando voltar.- estão muito inchados.
- eu sei. Outro problema também é o excesso de secreção em minhas calcinhas.
- bem vinda a semana 33.- ela falou.
- cada vez piora.- afirmei.
- no fim vale a pena.
- não tenho tanta a certeza.- ela tirou o peito da boca do bebê e o fez arrotar. Estava se recuperando da cirurgia aos poucos, mas já estava melhor, sempre tentando não fazer muito esforço porque hoje Mike não a ajudaria por não estar aqui.- eu não tenho ideia de um nome, não tenho a noção de como será e nem fiz enxoval ainda.
- o quê? Lia, faltam pouco tempo! - ela controlou sua voz quando Damien protestou.- sua mãe não diz nada?
- eu pedi para ela não comprar. Acho que deve ser eu a fazer isso. Acho que vai ser tipo, uma maneira de me conectar com ele.
- boa. E então?
- eu não quero me conectar.
May deitou o bebê e se sentou séria do meu lado segurando minha mão.
- Lia..
- sim?
- acho que está na hora de procurar ajuda psicológica.- falou.- e começar pensando em adoção já que, você com certeza não o quer.
- não quero. Mas acho que também não o quero dar.
- como assim?
- acho que se eu chegar até aqui eu consigo.- falei mais para me convencer.
Ela abriu o sorriso e eu empurrei minhas dúvidas para longe. Depois resolveria aquilo.
Passei a tarde com May e só saí quando Mike chegou do trabalho e eu fui embora me sentindo cansada.
Hardin não me buscaria, então teria que apanhar um táxi.
Me despedi e saí sentindo pequenas gotas de chuva indicarem que iria chover.
Apertei o passo e corri para atravessar a rua quando vi o sinal verde, mas de repente ele mudou e tudo começou a movimentar novamente.
O barulho me despertou e eu olhei para o lado vendo o carro em minha direção e meu único instinto foi proteger minha barriga e fechar os olhos.

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Inesperado
ChickLitAtenção: esse é um livro sobre ( ou pelo menos tento): • maternidade real • aborto • e outras coisas. Eu vou apresentar minha opinião, se você não estiver disposto a saber, não leia. Se você estiver lendo essa história em qualquer outra plataforma...