Epílogo

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Foi difícil.
Foi muito difícil, mas eu consegui e conseguiria a cada dia.
Por ele.

Noah Benson.

Ele era meu filho.
Ele era parte de mim.
Ele era o amor da minha vida.

Foi muito difícil os nove meses e depois disso complicou.
Maternidade não era aquilo que se via e dizia.
Ninguém contava as incertezas, inseguranças e medos. Ninguém contava as falhas e a dor. Ninguém contava dos momentos de exaustão em que dava vontade de desistir.
Maternidade era apresentado como uma coisa maravilhosa, mas era a coisa mais difícil que eu já havia feito.
Ser suficiente para ele. Suprir suas necessidades.
É responsabilizar, cuidar, se importar, chorar.. é amar até a exaustão.

E eu descobri tudo com ele nesses três meses e eu sabia que ainda havia mais. Eu ainda não havia visto nada, porém estava melhorando.

- o que é meu amor? Cólica?

Eram quatro da manhã e era a terceira vez que Noah acordava chorando porém só agora descobri que era cólica.

Foi e estava sendo muito difícil saber descodificar seu choro como uma forma de manifestar, mas minha mãe estava me ajudando muito e ainda tinha May e Hardin comigo.

Eu estava extremamente estressada naquele dia e precisava muito dormir. De manhã, Zach o iria ver pela primeira vez desde que o venho impedindo disso. Mas é seu direito conhecer o filho, por mais babaca que tenha sido todo esse tempo. Sem contar que eu não queria que meu filho não conhecesse o pai, que crescesse triste e sentindo que sua familia era algo desiquilibrado. Nem que quando eu contar a história da minha gravidez, que ele se sentisse um nada. Isso seria difícil.
Mas hoje era o que mais contava e hoje, depois de tudo, eu amava o meu filho e o via como meu coração fora do peito.
Foi difícil amar uma pessoa que não havia conhecido no início, e foi difícil encará-lo todas as noites tão dependente de mim.

Eu nunca estive preparada para nenhuma dessas coisas da vida, e naquela manhã quando Zach encontrou Hardin segurando Noah, eu sabia que não estava preparada para ver aquilo.

Seus olhos caíram no pequeno pacotinho que meu namorado segurava com tanto cuidado e eu pude ver a raiva neles. Eu não sabia porque ele reagia assim se ele não o quiz e fugiu.

Hardin passou meu bebê para Zach e o ensinou como o segurar e todo aquele tempo eu fiquei calada e com medo do que Zach poderia fazer.
Me aproximei.

- segura a cabeçinha assim.- falei e sorri para meu bebê.

- Noah, não é?

- sim. - continuei sem o encarar.- o papai, meu amor.

Eu tinha noção como aquilo era desconfortável para mim e também poderia estar sendo para Hardin já que ele não suportava Zach.

- eu trouxe um presente para ele.- falou.

- está no carro. É um carrinho para o transportar melhor. E você consegue o desmontar e adaptar para viagens no carro.

- obrigada.- o encarei pela primeira vez.

- eu quero estar presente, Lia.

- Liara.- corrigi.

- eu quero que ele tenha meu nome.

- o que te fez mudar agora, Zach? Depois de tudo?

- o sentir em meus braços é incrível. Ele é meu também.

Engoli em seco. Eu não queria que fosse tão difícil assim. Eu queria poder perdoar Zach porque eu também rejeitei Noah todo esse tempo e eu estava me redimindo então ele também merecia.

- podemos dar um tempo e depois resolvemos isso?

- porque?- ele se afastou e encarei meu bebê se mexendo em seus braços.- eu tenho o direito!

- Zach - tentei me acalmar.- você se lembrou disso antes? Foi você quem não o quiz.

- mas agora quero.

- mas ele não é uma boneca.- falei.- me dá.

- não.

Então eu o dirigi o maior olhar mortal que poderia dar. Eu era capaz de qualquer coisa para ter meu filho comigo, eu era uma leoa defendendo minha cria.

- Zach..- escutei a voz de Hardin.- devolve o bebê.

- eu nem sei que merda você está fazendo aqui, porra. Essa família é minha, não sua. Você pode tentar, mas nunca os terá.

- você não mudou nada.- falei e me aproximei.- vem meu amor.- segurei Noah e o apertei com cuidado contra mim.- você nunca esteve presente, Zach e eu realmente quiz te ajudar. Eu não quero o afastar de você porque vossa relação nunca irá mudar. Você infelizmente vai continuar sendo o pai do meu filho. Mas tudo terá que ser a minha maneira, porque eu sou a mãe e eu estive sozinha todo esse tempo quando você não nos quis. E ele esteve aqui.- apontei para Hardin.- e ele tem tanto ou mais direito que você.

- o quê?!

- Hardin não vai te substituir, Zach. Eu não quero isso. Mas você terá que nos respeitar.

- você está me excluído.

- você se excluiu!

- e se eu o tirar de você?

Fiquei quieta tentando controlar tudo o que acontecia dentro de mim.

- então terá que lidar com uma guerra forte, porque a lei está do meu lado.- falei.- eu sou a mãe e eu não o abandonei.

- ah, Liara, até ele nascer você o quis abortar!

- eu o fiz?!

- porque não tinha por onde correr.

Engoli em seco e uma lágrima caiu.

- você sempre estraga tudo.- falei.- eu estava disposta a fazer um acordo, mas você sempre estraga tudo, Zach!

- eu?!

- olha para esse bebê e vê como ele vai estar entre esse fogo cruzado. Consegue pensar um pouco nos outros em vez de apenas você?! Para de ser egoísta e vê se cresce.- encarei Noah que começava a protestar em meus braços.- não tente nada para abalar nossa relação mais que ela já está. Não tente tirar meu filho de mim, porque eu posso ser a pior versão de mim que vai ver depois de aquilo.- falei e abri a porta para ele.- sabe onde nos encontrar e se vier aqui com boas intenções, a porta estará sempre aberta para ver o seu filho.

•••

Hardin estava encarando Noah na cama quando saí do banho. Eles juntos eram muito fofos e faziam o meu pensamento mais interno desejar que Hardin fosse o pai de Noah. Tudo seria melhor e menos difícil.

- o quê foi?

- nada.- sorri.- aliás, eu preciso dormir.

- fica aqui comigo.- ele levantou e pegou Noah com cuidado o colocando no berço.

- vai me deixar dormir?- ele riu da minha cara e me puxou para si.

- posso te deixar cansada o suficiente para dormir logo, olha só. Acelero o processo.

Eu não sabia o que iria acontecer em minha vida.
Não sabia o dia de amanhã, mas hoje eu tinha o melhor homem ao meu lado e um bebê incrível.
Eu havia passado por um período nada agradável na qual eu não desejo a ninguém, porém depois disso eu me ergui como uma fênix disposta a lutar.
Porque meu filho foi algo inesperado, mas se tornou rapidamente o motivo para tentar ser melhor a cada dia, para ser feliz e forte.
E eu finalmente estava.

InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora