Capítulo 4 - Sentindo-se observada

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- Foi realmente maravilhoso o café, senhora Mércia – falou Ana na porta verde da casa da senhora.

- Volte quando quiser, minha filha. Se quiser voltar para o almoço, hoje faço uma abobora recheada maravilhosa. E se precisar de ajuda na mudança, não se acanhe em me procurar.

Ana agradeceu novamente a hospitalidade, os convites e a ajuda na mudança. A cafeína no organismo lhe fez bem, foi mais revigorada para casa.

Assim que chegou na rua 5, pode constatar que, de fato, a rua era muito quieta e silenciosa. Desde ontem não vira nenhum vizinho, exceto o que lhe espiava pela janela na casa a frente.

Ela parou em frente ao degrau da porta da sua casa. Ali, virou-se e olhou para a casa da frente. Assim como de manhã, estava com a porta e as janelas fechadas, tão silenciosa quanto o restante das casas da rua. Será que não tem ninguém hoje? Alias, será que não mora ninguém aí e eu estava vendo coisas ontem por causa do cansaço?

Ana precisava parar de ter esses pensamentos. Não fazia nem dois dias que se mudara e já estava paranóica. Aquilo era só uma pequena cidade. Devia estar com estresse da mudança, sem dúvidas. Tentou relaxar o mais que pode para não ficar com esses tipos de pensamento.

Entrou apressada e desengonçada em casa, quase caiu. Logo tirou o sapato e sentiu o frio do piso de taco em seus pés. Se jogou no chão. Não tinha nada, absolutamente nada pra fazer em casa, afinal, sua casa não estava montada ainda, nem internet ela tinha. por que a vovó não era uma velhinha tecnológica e jogava Free Fire? Assim não precisava me preocupar em pedir internet.

Ali no chão, Ana deu um longo cochilo. Não estava acostumada a acordar cedo. Fazia seus trabalhos quase sempre no período noturno, mas naquele dia acordou cedo, estava sem móveis ainda e se mudar é algo que requer adaptação. Sentia-se exausta já e nem era horário do almoço ainda. Seu corpo conseguira dormir mesmo no chão, sem conforto algum. Quem ali entrasse, pensaria que aquilo era uma cena de um crime, com o corpo de Ana jogado e estirado no chão de taco, com os braços aberto. Mas seu ronco denunciaria que ela apenas estava dormindo.

Acordou com um sobressalto.

O caminhão da mudança estava buzinando na frente da porta.

- Droga! Por que fui cochilar. Nada a ver isso.

Sai destrambelhada pela porta de casa. O motorista e seu ajudante já estavam para fora do caminhão.

- Senhora, Ana? – Perguntou o motorista.

- Isso, eu mesma. Desculpa a demora.

- Vamos começar?

A mudança foi, como previsto pro Ana, uma mega dor de cabeça. Os entregadores não eram nada delicados com seus móveis e caixas onde diziam que havia matéria frágil ali. Porém, o que mais deu trabalho foi conseguir colocar para dentro de casa móveis grandes, como sofás, fogão, geladeiras, afinal, as portas das casas daquela cidade era mais estreitas que o normal de outras casas, passar por elas foi o maior sufoco, não teve como não arranhar alguma coisa.

- Cuidado, esse fogão é novinho – falava Ana preocupada.

- Não vai entrar, moça. A porta é muito estreita e esse fogão é muito largo, tem 6 bocas.

- Temos que pensar em alguma saída – falou Ana com a mão na cintura e suando muito.

- Não tem uma entrada melhor pelos fundos da casa? – perguntou um dos entregadores.

- Não, os quintais das casas aqui na tem acesso se não por dentro da casa.

- Vamos tentar virar de lado.

Todas as Paixões de Juca AomiOnde histórias criam vida. Descubra agora