Capítulo 21 - 1 - A Avó Aomi

9 6 0
                                    

Por algum motivo, que Ana ainda não sabia ao certo, aquela cena em ver toda a floricultura com as vitrines com tulipas roxas a perturbou. O que significa isso? Seria comum se o fato de Juca ter indicado as mesmas flores pra Ana dias antes fossem as mesmas que agora estão em destaque na loja. Calma, Ana, pode ser que a loja recebeu uma grande carga de tulipas roxa e precisa fazer uma venda maior delas agora. Ou pode ser temporada de tulipas roxas. Não esqueça: o mundo não gira em volta de seu umbigo.

Mas vindo de Juca, ela poderia esperar tudo. Não o conhecia direito ainda, mas o pouco que pode constatar dele, notou um rapaz misterioso, bondoso, isso era um fato, mas ainda assim misterioso.

Ela lembrou da fala dele no café da manhã de que, só a observava da janela dele porque a casa de Ana era a única coisa que ele podia ver dali. Mas Será que ele fazia o mesmo com sua avó?

Essas coisas foram tomando conta da mente de Ana na volta pra casa. As sacolas pesavam em suas mãos e ela entrou com dificuldade em casa. Jogou as sacolas no chão e foi beber uma dose de qualquer bebida que encontrou na frente. Precisava distrair a mente.

Vê as tulipas roxas agora espalhadas em sua casa deu um leve aperto em seu coração. Lembrou das vitrines da floricultura e aquilo a deixava inquieta e nervosa. Dava uma sensação de que ela agora morava na loja de flores da família Aomi. Que pensamentos horrorosos. Preciso beber mais.

Bebeu ainda outras duas doces de uma vodka, bebeu pura. Sentiu-se melhor quando sentiu o efeito do álcool, como uma espécie de segurança. O final da tarde ia se aproximando. Ela sabia que logo os Aomi iriam voltar pra casa para o jantar. Mas lembrou que, segundo os relatos da senhora Mércia, ainda havia um membro na casa aquele momento: a avó Aomi.

Por algum motivo que não soube bem, sentiu uma vontade crescente de ir até a casa à frente, alias, sabia um pouco dos motivos; ainda sentia uma curiosidade muito forte pelos vizinhos, disso é que não sabia o motivo.

Tomou outra dose da vodka, se levantou, se equilibrou um pouco. Ops, acho que estou levemente tonta. Porém não estou bêbada, posso fazer tudo em sã consciência ainda.

Ana ficou parada em sua porta de entrada. O dia ainda estava claro, logo escureceria e ela sabia que os Aomi voltariam para casa pro jantar. Olhou para a casa da família a frente: parecia silenciosa. A avó Aomi é muito quietinha.

Uniu toda a coração que conseguiu e foi até a casa vizinha. Subiu o degrau de pedra que havia na porta alta e fina da entrada. Ali, ficou parada uns segundos e suspirou fundo. Então, com outro suspiro, bateu na porta com as juntas dos dedos. Conseguiu, enfim, respirar. Mas a tensão era muito grande, os segundos que se passaram pareciam horas. Bateu de novo na porta e ouviu uma voz distante vinda de La de dentro:

— Já vou, já vou. Eu já te ouvi. Sou uma velha que não consegue andar rápido, caramba.

Ana arregalou os olhos, ficou surpreso pela expressão vinda de uma voz feminina lá de dentro. Essa e a avó Aomi, sem dúvida.

Ela teve que esperar por mais alguns segundos até que ouviu uma fechadura girando e a porta ser aberta. Na sua frente, uma senhoria baixa, usando roupas longas e confortáveis a olhava.

— Pois não? – a senhorinha falou, com uma voz calma e lenta.

— Oi – Ana falou, gaguejando um pouco. – Eu sou a Ana. Sou sua nova vizinha. Moro ali na casa a frente.

— Ah, olá – a senhora Aomi falou. – Você é a netinha da vizinha. Sinto muito pela sua perda.

— Obrigada. Vovó era muito querida. Agora vou morar aqui.

Todas as Paixões de Juca AomiOnde histórias criam vida. Descubra agora