Capítulo 41 - Perguntas Não Respondidas

8 5 0
                                    

O senhor Antônio, assim que chegou em casa aquele dia em que Ana foi conversar com ele na loja de manhã, ficou na cozinha com a avó Edileusa. Era raro isso acontecer, quando acontecia, era porque tinha algo importante para falar com a avó. Ela preparava a janta. O senhor Antônio e Juca tinham acabado de chegar da floricultura e Juca subiu para o seu quarto tomar banho.

— A vizinha da frente esteve na loja hoje mais cedo – o senhor Antônio falou, quase em um cochicho, para a avó.

A avó Edileusa, que mexia ingredientes em uma panela, imediatamente parou o que fazia para poder encarar o filho. Com a colher na mão, ela disse:

— Para que? Acredita que ela bateu aqui na porta quando eu estava sozinha?

— Bateu? E o que a senhora fez?

— Não a atendi. Mas não era porque não queria vê-la. Estava cansada e minhas pernas estavam doloridas, você sabe que quando estou com essas dores não gosto de conversar com ninguém.

— Ótimo! – disse aliviado o senhor Antônio.

— Mas por que, criatura? – falou a avó irritada, voltando a mexer na panela. – O que ela queria? Parecia ser urgente então para bater aqui e na loja.

— Ela está saindo com Juca. Sabia?

— Pobre menina – falou a avó com cara preocupada, voltando a encarar o filho. – E quando ela descobrir tudo? Quando souber dessas maluquices de Juca?

— Acho que ela já sabe, mamãe. O modo como ela falou do Juca, é porque já sabe. Tentou ser discreta, como se eu não soubesse que ele gosta de todo mundo. Então suspeito que ela já saiba.

— Se ela já sabe, ela foi uma das poucas para quem Juca falou. Esse menino nunca fala, depois fica com confusões.

— Você também não pode falar assim, mamãe. Não sabemos dos relacionamentos que Juca tem.

— E nem dá pra saber. Ele quer ter todos os relacionamos, ora – a avó falou, dessa vez indo pra pia lavar folhas de alface.

O senhor Antônio balançou a cabeça em desaprovação ao que a avó falava. Ele sabia exatamente o posicionamento que ela tinha em relação ao Juca. Em partes até concordava, mas o senhor Antônio compreendia o filho. Ao menos tentava compreender ao máximo que podia. Sabia que nada de errado Juca fazia. Tentava explicar isso a avó, que se recusava a entender e aceitar, gritando que isso são coisas de jovens de hoje em dia, que tais coisas e vontades não existe.

Mas o senhor Antônio não discutia mais isso com a avó, nem falava disso com Juca. Apenas queria que o filho percebesse que ele o apoiaria, caso precisasse, mesmo sendo muito doloroso para o senhor Antônio tudo aquilo. Até para ele era difícil e confuso entender e aceitar, mas tentava, mesmo sabendo que falhava às vezes.

O senhor Antônio ficou em silêncio, era como se travasse uma luta interna para não entrar em conflito com a mãe.

— E então – disse, por fim, a avó Aomi – o que a mocinha queria?

— Ela perguntou da mãe.

A avó Edileusa deixou cair a faca que tinha na mãe quando ouviu a frase do filho.

— Mamãe, calma – o senhor Antônio se aproximou da mãe, tentando acalmá-la. – Eu soube conversar com a vizinha. Fique tranquila.

— Antônio – falou a mãe sussurrando, como se tivesse medo de alguém ouvir – essas coisas não são para conversar e...

— Eu sei, mãe. Mas como eu disse, fique tranquila. Ana é uma garota esperta, educada, compreensiva. Tudo ficou bem.

— O que ela queria saber?

Todas as Paixões de Juca AomiOnde histórias criam vida. Descubra agora