Capítulo 7 - desabafar

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Ana andava a passos largos e rápidos, sem olhar para trás, passou pelo parque circular e ali andava desnorteada, sentia vertigens. Que a visse andar assim, diria que ela estava perdida e sob efeito de alguma coisa. Mas Ana só estava impactada.

Só depois de dar quase três voltas na praça circular que saiu pela rua das rosas e, por instinto ou seja lá o que foi, conseguiu encontrar o caminho de casa. Chegou à rua 5 em menos de 10 minutos caminhado, o que de fato mostrava que morava perto do centro.

Quando estava chegando em casa, já na rua 5, Ana ouviu uma voz a chamando. Por sorte era uma voz feminina e conhecida.

- Ana, querida – falou a senhora Mércia, que se aproximava dela com o seu cachorrinho na coleira. – Você esta bem, querida?

- Eu... eu – Ana tentou falar, mas só gaguejava, ainda esta confusa e com vertigens.

- Você está pálida, minha filha. Se sente bem? Quer ir pra casa tomar um chá?

- Eu estou bem, dona Mércia – Ana tentou mandar a calma. – Obrigada pelo convite. Eu acabei de jantar, agora preciso só descansar um pouco.

- E como foi sua mudança?

- Cansativa. Por isso preciso descansar.

- Tem certeza que é só isso, minha filha. Estou te vendo tão abatida. Parece que viu um fantasma.

Ana tentou tranqüilizar a senhora Mércia. A preocupação da senhora a acalmou um pouco e sentiu conforto com aquilo. Sabia que, ir para a casa da senhora Mércia e tomar um chá seria reconfortante, mas Ana só queria, naquele momento, se trancar em sua casa.

- Eu preciso entrar agora, senhora Mércia. Obrigada mais uma vez pelo convite. Outro dia passo novamente em sua casa.

- Quando quiser, minha filha. Descanse o quanto precisar. Você está precisando.

Ana cumprimentou a senhora Mércia e entrou em casa. Bateu a porta com presa e deu duas voltas na fechadura.

Deus, será que estou tendo alucinações?

Ana se jogou na sua cama. Não conseguia tirar da mente a imagem do rapaz na floricultura. Sim, era ele, era ele sim, tenho certeza. A respiração de Ana estava ofegante, queria chorar, mas algo a impedia. Era como se, se ela chorasse, se sentira uma fraca. Ela sempre morou sozinha na cidade grande, mas, naquele momento, sentiu que, se chorar, demonstraria que estava sentindo medo de estar sozinha ali. Ana vivia com todos os medos que uma mulher pode viver sozinha em uma grande cidade, mas ali, naquela pequena cidade era diferente até mesmo essas tenções. Não só se sentia sozinha como, se se entregasse ao choro, poderia sentir-se ainda mais observada, mais do que já fora literalmente pelo vizinha da frente. Quem é aquele cara? Preciso fazer alguma coisa.

Mas fazer algo era o que ela não sabia o que fazer. Não conhecia ninguém na cidade, apenas a senhora Mércia. Será que falo disso com ela? Ana ficava apreensiva se a senhora Mércia o entenderia, alias, Ana estava tentando colocar as coisas em ordens na sua cabeça para ver se ela mesmo entendia. Estava confusa com tudo aquilo. Será que estou tão paranóica que estou vendo o cara da casa da frente em todo lugar?

Um vendedor de flores? Ele trabalha na floricultura? Então o que ele faz na casa da frente me observando?

Mas Ana precisava de um refugio. Precisava de um refugio da canseira da mudança, da adaptação da cidade nova, de estar em um lugar onde não conhecia ninguém e, claro, um refugio do desespero que sentia com o observador da casa a frente. Então Ana chorou. E chorou silenciosamente, com as mãos nos olhos, deitada de bruço na cama. Não fez nenhum barulho durante o choro, era um choro tal qual uma válvula de escape, apenas precisava chorar, era necessário, sem escândalos ou sofrimento, se é o que choro em si já não seja um sofrimento.

E ficou a chorar assim durante poucos minutos, depois, ficou em silencio ainda com as mãos nos olhos, não queria voltar a realidade agora, precisava de ficar imerge na escuridão naquele momento, era tudo que precisava. Suspirou fundo, estava se sentindo melhor, mais leve... mais calma. Engoliu a seco e suspirou ainda mais uma vez, um suspiro longo, demorado e então tirou as mãos dos olhos e os abriu. A luz da lâmpada incomodou a sua visão, ainda mais que estava com os olhos sensíveis por causa das lagrimas de há pouco.

Ok, Ana, já fez o que tinha que fazer. Reaja. Ela tentava se encorajar, um modo de defesa para não sentir pena dela mesmo, desde que foi morar sozinha Ana tenta evitar chorar e se colocar em situações de vulnerabilidade, ela sempre tenta mandar a idéia que esta tudo sobre controle, mesmo não estanto em alguns casos, o que, recentemente, eram varias vezes que isso acontecia.

Vamos resolver tudo isso.

Ana se levantou. Tudo que precisava no momento era uma cereja ou uma vodka, mas lembrou que ainda não tinha bebidas em casa. Droga!

Ana estava com uma leve dor de cabeça. Álcool naquele momento poderia ajudá-la. Ela costumava trabalhar a noite sempre tomando algum drink. Naquela noite, não iria nem trabalhar nem tomar um drink.

Ela viu que a janela da varanda do seu quarto estava aberta. Ainda não tinha colocado as cortinhas. A sensação de ser observada voltou novamente.

Mas precisava juntar forças suficinete para encarar seus medos e seus inimigos. Se levantou da cama e caminhou lenta e silecionamente para a varanda. Teria que encarar o problema de frente. Seja o que for, Ana, isso será encarado agora!

Queria ter a certeza que estava sendo observada pelo vizinho da frente e, caso estivesse naquele momento, o encararia também, gritaria, se possível, chamaria sua atenção e perguntaria o que ele queria. Era a hora de encará-lo, tirar as satisfações necessárias.

Ela abriu a porta dupla da varanda. Os sapatos que ainda usava causou um leve barulho com seus passos e, por fim, vizualisou a casa da frente.

Estava tudo apagado, exceto por uma luz que brilhava no primeiro andar, na entrada. A janela do andar superios onde o seu espião a observava estava fechada. Parecia que estava vazia e escura.

Não havia ninguém a vigiando naquele noite. Por equanto. Ela pensou, sabendo que estava livre das espiadas do vizinho da frente apenas aquele momento, pois, mais cedo ou mais tarde, ele voltaria a espioná-la.

voltou para dentro doquarto, tirou os sapatos e a roupa e foi tomar banho. Naquela noite, só dormiuprofundamente por causa do cansaço.

Todas as Paixões de Juca AomiOnde histórias criam vida. Descubra agora