Todas as Paixões de Juca Aomi

Capítulo 35 - Meu Deus, Eu Beijei Outro Cara

Ana não saiu na varanda aquela noite. Por um lado, não queria ter a chance de encontrar Juca na janela do seu quarto e encará-lo. Não que ela estivesse fugindo dele, mas uma pequena parte dela sentia-se confusa sobre o ter beijado mais cedo e, em seguida, aceitar um encontro com outro. Se, antes ela estava levemente mais tranquila sobre poder ter uma conversa com Jeff onde a deixara mais tranquila, agora, tudo aquilo a sufocava, era mais um assunto para poder colocar em ordem.

Mas Ana não era de ficar se auto-culpando ou se martirizando com as coisas. Procurava sempre uma saída criativa para os problemas que a atormentavam serem esquecidos. E era o que estava a fazer naquele momento: pensava como ficar mais tranquila com todos os acontecimentos daquele dia, não podia mais ficar num impasse assim.

Primeiro, pensou sobre o beijo em Juca. Não estava arrependida. Ela gostou daquilo, estava envolvida em sentimentos por Juca, ainda mais depois que ele se abriu pra ela, contando todas suas histórias e casos, casos esses que pra ela ainda era tudo ainda confuso, mas iria procurar entender e colocar as idéias em ordens, precisava compreender tudo o que Juca disse, só assim conviveria melhor com ele. No momento em que ouvia, não fez julgamentos, a única coisa que ela sabia era que tudo aquilo era diferente de toda cultura e costumes em que ela faz parte, sabia que era questões sociais, mas não era de nada errado, isso ela podia aceitar, era a forma como ele queria ter em estilo de vida.

Apenas naquele momento o fato dele ter destacado as tulipas roxas na loja assombrava Ana um pouco. Era como um pequeno farto pra ela carregar, ela sabia o que isso significava e preocupou-se com isso. E, agora, com aquele beijo, reforçava o que de fato representava as tulipas na loja: ela era a flor do momento. Por quanto tempo não sabia, tão pouco importava. Se era ela e mais outras, também não incomodava.

E foi pensando nisso que tranqüilizou-se em aceitar o convite de Jeff para um encontro. O conceito que Juca usava para ter relações amorosas com outras pessoas passou a ser a chave de segurança de Ana para, sem culpas pessoais, ter um encontro com Jeff, mesmo tendo beijado Juca mais cedo. Ela usaria desse artifício, não por má fé ou vantagens, mas porque achava que poderia ser seu conceito também tudo isso.

Por que não posso ter várias flores também?

E foi com isso que Ana tranqüilizou-se. Procuraria entender a condição de Juca vivendo como ele. A idéia de poder se interessar por mais de uma pessoa de modo livre pareceu interessante para Ana, iria tentar, iria experimentar. Naquele momento, empolgou-se com a idéia de ter um encontro. Foi um convite para um encontro o que Jeff me fez, não foi? Ana questionou-se. Não tinha muita certeza sobre as falas de Jeff, o calor do momento não a fez raciocinar decentemente, então, naquele momento, ficou em dúvida se recebera mesmo um convite.

Mas as duvidas logo foram quebradas quando viu uma notificação em seu celular: era a solicitação de nova amizade em uma rede social. Era Jeff que havia adicionado ela. Ela aceitou a solicitação imediatamente e, em seguida, recebeu uma mensagem de Jeff:

"Oi, te achei. Então, e nosso café? Vamos? Pode ser outra coisa que você queira fazer também"

Sim, é um convite para um encontro.

"Vamos à Travessa das Flores? Fiquei sabendo que é um dos lugares mais lindos da cidade", Ana respondeu em mensagem. A Travessa das Flores era um conjunto de pequenas e estreitas tuas em um bairro próximo ao centro. Lá, toda a rua e muros eram cercados por flores e plantas. Haviam 5 ruas onde lojas e flores e lembranças da cidade eram destaques, as ruas se encontrava em um centro com um pequeno jardim.

"Excelente escolha. Você vai adorar. Te levo lá", Jeff mandou a mensagem.

Os dois combinaram o dia e o horário. Ana deu um sorrisinho animado, suspirou. Olhou para a cortina fechada na varanda. Será que Juca está em sua janela?