Capítulo 3 - A Senhora e o Cachorro Zé

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Era ainda muito cedo quando Ana acordou. Era impossível dormir com tanta luz natural a entrar na casa. Com as janelas sem cortinhas, a luz do sol da manhã que acabara de nascer invadiu a casa fazendo com que ela despertasse.

Ela não era de acordar cedo. Se isso acontecia era até desperdício de tempo, uma vez que só começava a trabalhar depois do almoço. Ana se sentia melhor lendo os textos e fazendo suas traduções na parte da tarde e noite, nunca de manhã. Segundo ela, as manhãs não despertam os sentidos criativos.

Ela não iria mais conseguir dormir, teria que pensar em algo para fazer na manhã, mesmo que não envolvesse os sentidos criativos.

Quando foi ao banheiro, se olhou no espelho e não gostou nada da imagem que viu: aqueles olhos inchados e cabelos despenteados não era muito o que sua imagem estava acostumada a ser. Vamos, Ana, nós acabamos de nos mudar. Foi só nossa primeira noite. Tomou um banho. Ótimo, temos água quente aqui também.

Agora mais descansada, Ana pode contemplar melhor a rua 5, sua nova residência. Lar coce lar! A rua, de fato, tinha poucas casas, além de ser bem pequena. As outras duas ruas que cruzavam essa também era feitas de paralelepípedos. As casas da rua 5 eram todas de dois ou três andares, de blocos, com janelas altas e grandes e portas de madeiras. Todas as casas cativavam flores e muitas plantas e toda volta.

- Agora entendi porque vovó gostava tanto de plantas. Pelo jeito terei que cultivar também.

Ana pensou em procurar alguma coisa para tomar seu café da manha sem usar o carro, assim conheceria melhor a cidade. Acho que vou arranjar uma bicicleta. Cruzou a rua ao lado, a rua 4 e encontrou uma senhora que passeava com seu cachorrinho.

- Olá, bom dia! – Ana a abordou com educação e um sorriso.

- Bom dia, filha – respondeu a senhora sorrindo.

- Eu sou moradora nova aqui. Me mudei ontem. Estou na rua 5. Queria saber se a senhora poderia-me falar onde tem algum café ou padaria para eu poder tomar meu café da manhã.

- Oh minha filha, você pode tomar um cafezinho lá em casa – falou a senhora docemente.

Ana ergueu uma sobrancelha. Aqueles tipos de cordialidades não era muito comuns em cidades grandes onde ela estava acostumada. Sem falar das neuras que se passava na mente, do tipo: e se essa doce e indefesa senhorinha for uma assassina cruel querendo me pregar uma armadilha, me levar para sua casa e esquartejar meu corpo e eu ficar eternamente na ficha de desaparecida da policia?

Céus, eu preciso parar de ser neurótica.

- Não – Ana falou, tentando ser tão doce quanto podia. – Não precisa ter esse trabalho. Só me mostrar uma padaria mais próximo que vou.

- Imagina, filha, eu adoro fazer cafés. E você é nova aqui, preciso te dar as boas vindas. Vamos! Moro logo ali na rua 3.

Ana achou tudo aqui confuso e rápido demais. Seriam as pessoas dessa cidade emocionadas demais ou eu que ando sem noção por causa da cidade grande? Ela sentiu seu estomago roncando. Logo mais teria um dia de mudanças, muito cansativo tudo.

- Seria ótimo tomar um café com a senhora – ela falou. – Alias, me chamo Ana.

- Ana, que nome bonito. Eu sou a Mércia, e esse aqui é o Zé – a senhora disse apontando para o cachorrinho na coleira. – Vamos, é por aqui.

Ana e a senhora Mércia não precisaram andar muito, logo chegaram na rua 3. Ali, parecia que havia mais casas do que a rua 5, umas do lado das outras, sempre de dois ou três andares, algumas muito estreitas, com portas longas e finas, o que Ana pode notar que aquilo devia ser uma característica da cidade. A casa da senhora Mércia era de tijolos pintados de cor creme, a porta fina e longa da entrada era verde musgo, ao lado, havia uma pequena janela quadrada com um canteiro e flores nela. Em volta da porta também havia um canteiro onde estava repleto de plantas.

Todas as Paixões de Juca AomiOnde histórias criam vida. Descubra agora