Todas as Paixões de Juca Aomi

Capítulo 38 - A Proza Com o Dono da Floricultura

Almoçar na casa da senhora Mércia sempre era algo mágico para Ana. Ela saía de lá satisfeita e feliz. Não foi diferente com a receita de abóbora que a senhora Mércia fez naquele dia.

Assim que estava de saída da casa da senhora Mércia, Ana virou para encará-la, estavam na porta de entrada. Ana falou:

— Senhora Mércia, obrigado pelo delicioso almoço e obrigado pelas palavras. Foram muito reconfortantes. Se puder não... sabe?

— Não contar a ninguém? – a senhora Mércia perguntou rindo. – Ora, filha, apenas o Zé ouviu. Não se preocupe. Sei que não quis falar mais a fundo do que tanto mexe nesse seu coraçãozinho aí, mas entendo e quero manter sua privacidade. Mas se precisar de alguma coisa e eu puder ajudar, me procure sempre.

— Fico tão agradecida – Ana falou com os olhos levemente úmidos.

A senhora Mércia limpou os olhos dela e sorriu amavelmente. O cachorro Zé chegou na porta e deu um latido alto.

— Ele está a falar para que venha mais vezes – a senhora Mércia disse.

Ana ainda trabalhou um pouco quando chegou em casa, mas, de novo, não estava conseguindo se concentrar. As coisas em sua cabeça se misturavam e gritavam para ela. Ela precisava resolver logo tudo aquilo ou poderia enlouquecer.

Foi até a janela da sala e olhou para a casa à frente. Como sempre, a casa da família Aomi estava silenciosa. Será que a avó Aomi está lá, sozinha como sempre?

Ela não falou com Juca desde a noite anterior quando ele foi embora bem irritado com ela. Então ela tinha em mente tentar conversar com ele para que tudo fosse esclarecido. Mas tinha vergonha em olhar para a cara de Juca depois de tudo que houve e ainda agora com tudo o que ela quer fazer. Ela está terminantemente decidida que vão tentar descobrir o que houve com a mãe de Juca e a sua família.

Foi até seu armário e pegou uma garrafa de vodka, serviu-se de uma grande dose e virou em um só gole. Pronto! Estou pronta pra agir.

Caminhou até a casa da família Aomi. Ali, bateu na porta cinco vezes... esperou com uma respiração ofegante. A dose da vodka estava fazendo com que ficasse com calor e logo o efeito iria agir em seu corpo. Bateu mais cinco vezes na porta... não ouvia nenhum barulho. Afastou-se e olhou as janelas: todas estavam fechadas. Ela colocou o ouvindo na porta, a fim de ouvir alguma coisa, mas toda a casa parecia estar em um profundo silêncio.

— Que estranho – ela falou alto. – Era para a avó Aomi está em casa.

Ana ainda tentou mais umas cinco batidas na porta. Mas ninguém veio abrir. Ela deu meia volta e voltou para sua casa. Sentou-se na bancada da cozinha e serviu-se de mais uma dose de vodka.

— Eu tenho certeza que ela estava em casa. – Ana falou consigo mesmo. – A avó Aomi estava lá sim, tenho certeza. Mas por que será que ela não quis me atender?

Ana ficou a pensar se Juca tinha falado alguma coisa para a avó Aomi, mal ela sabia que Juca não trocava uma palavra sequer com a família. A família Aomi não tinha histórico de brigas, mas era raro às vezes em que tinha momentos familiares amáveis. Quase não se falavam, a avó Aomi não soltava uma palavra, o mesmo acontecia com o pai Aomi, e principalmente Juca, este fazia o possível para nada falar quando todos estavam juntos. Mas, nada daquilo Ana sabia, nem suspeitava. Então ficava a matutar sobre o por que a avó Aomi não a ter atendido naquele dia. Tantas coisas passavam em sua mente, como vinha acontecendo com freqüência, desde que se mudara para a cidade Teles Silva.

— Quem diria que uma cidadezinha ia me fazer tantas surpresas e me deixar assim em tão pouco tempo?

Mas, se a avó Aomi não atendeu Ana, ela tentaria de outra maneira: com o senhor Aomi. Ela simplesmente poderia ir atrás de Juca, pedir desculpa pelo ocorrido e tentar conversar com ele, mas sabia que poderia ser perda de tempo e que ele poderia não querer falar com ela. Sim, Ana sentia que devia um pedido de desculpa de sua parte, faria isso em breve, mas antes tinha que descobrir mais coisas.