Capítulo 16 - Sentir-se Um Intruso

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Não era a primeira vez que Juca tinha dessas crises de sofrimentos platônicos, por sentimentos por terceiros desconhecidos. Mas, sempre que acontecia, ele se sentia culpado. Era uma culpa misturada de vergonha. Ele sabia que tudo aquilo era loucura, que culpa nenhuma a outra pessoa tinha, mas que as coisas tinham que serem mudadas a partir dele. Mas como mudar, ou melhor, ele não sabia. Juca estava em uma prisão e briga interna com ele mesmo.

Essa briga o fazia sofrer nesses momentos, mas quando as coisas se acalmavam, ele vivia intensamente das sensações que seus sentimentos ofereciam. Não podia se livrar disso também. O que ele sentia pelas outras pessoas o alimentava, o fazia se sentir bem, feliz. Tinha uma necessidade de querer cada vez mais sentir isso por mais gente, queria gostar de quantas pessoas fosse possível, pois ele gostava.

Sentia que a vida era muito breve para não aproveitar que não sentisse sentimentos por outros. Queria poder gostar de todo mundo e sabia a diferença de todos os gostar, não podemos subestimar Juca Aomi, tão pouco chamá—lo de inocente, porque ele está longe de tais rótulos. Ele sabia muito bem o que queria e o que queria sentir por cada pessoa, isso era um fato incontestável.

Mas eram poucas as vezes que ele se culpava. Às vezes, para sentir—se tranqüilo consigo mesmo, ele pensava que era quase que uma dádiva poder gostar tanto das pessoas. Por que as pessoas não podem gostar do maior número de pessoas possíveis? Não é pecado nenhum, gostar de alguém é quase que sagrado, nunca profano.

Mas Juca não sabia como conviver com tais amores, com tantos amores, por tanta gente. Alias, ele sabia que as pessoas não poderiam conviver com isso, o mundo não está preparado para se gostar tanto, pensava.

Juca, logo esqueceria a vendedora de doces, mas não por insensibilidade ou porque seus sentimentos eram momentos, passageiros e artificiais, mas era porque ele se forçava a esquecer. Não podia ficar a sofrer tanto por alguém que não se pode ter, havia pouco tempo e isso teria que ser dedicado com quem merecia seus sentimentos apaixonados.

Cada desilusão, ela tinha um auto-controle de poder, aos poucos, ir deixando de lado as más memórias, mas sem perder as boas da mente. Ele fazia do passado um memorial de boas lembranças. Não posso ficar sofrendo pelo que me fez sentir cosias boas. Se não tenho agora, é porque já senti o que era pra viver.

Juca, logo superou as frésias. Se por elas passava ou vendia, era poucos segundos de lembranças. Foi concentrar-se em fazer novos arranjos.


Todas as Paixões de Juca AomiOnde histórias criam vida. Descubra agora