Como pais e filhos

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A cidade continuava chuvosa, fria e muito nebulosa. Barba ia levando prontamente Olivia a um hospital mais próximo para descobrir os mistérios das dores ao pé de sua barriga que sentia com muita intensidade. Estamos falando de gravidez, automaticamente cremos que sua bolsa deva ter se rompido e deixado rastros no chão da cozinha - Gracie e Oliver estariam prontos para vir ao mundo. Se formos comentar e avaliar o fiel amigo da tenente ao volante seria um completo transtorno, devido sua direção estar desgovernada e acelerada. Era drástica a situação de Olivia no banco de trás, era quase arremessada de um canto ao outro do carro a cada virada em atalhos de ruas estreitas que Barba dava. Dá para pensar positivo sobre ela chegar inteira ao local. Annelyn acordava de seu longo cochilo um pouco atordoada sob os efeitos fortes dos remédios em que toma. Vai até a sala, cambaleando, se apoiando ao móveis e vê que a porta do apartamento estava totalmente aberta e a cozinha meio bagunçada. Com todo esse alvoroço e sozinha, sente que algo esta errado, o primeiro da lista do seu celular a ser discado e consultado sobre o que se sucedeu ali era mesmo o Barba.

— Alô... Alô? - atende a ligação e bem nervoso, Barba, com uma mão tentando segurar o celular e outra pressionando sem parar a buzina. O trânsito neste momento estava infernal.

— Rafa, sou eu Annelyn. Filho, acabei de levantar da cama aqui... tudo está revirado, não estou entendendo nada. Aonde está a Olivia? - o indaga temerosa e assustada, olhando para as bagunças ao seu redor.

— Annelyn, quero que fique calma, tá bom? Estou com ela aqui dentro do meu carro à caminho do New York Memorial... - tenta tranquilizá-la.

— Meus netos irão nascer?! Rafael eu tenho que estar perto para vê-los! Você deveria ter me dito... - altera a voz e fica insatisfeita pela atitude dele.

— Mas... queria lhe poupar! Olhe, quero que fique calma e não se altere, é a segunda vez em que peço isso a você. Preciso desligar, estou perto do hospital e ela está aqui desmaiada... - fala um pouco mais calmo, põe o celular no viva voz e o joga no banco do carona para poder dirigir melhor. Olha para trás rapidamente e vê que Olivia ainda está do mesmo jeito.

— Rafa, eu vou para o hospital rapidamente. Não vou deixar a Olivia só nessa situação! Até daqui a pouco! - diz com certa angustia em sua voz.

— Não... fique calma ai! Eu... Annelyn! Annelyn! - grita dentro do carro em total desespero, mas vê que a ligação já havia sido finalizada por ela.

A tensão só iria aumentando. Barba finalmente chega a porta do hospital, estaciona na parte reservada à emergência e grita por socorro logo dali. Ele pega Olivia em seu colo com bastante cuidado do banco de trás do carro, quando ameaça entrar no local, avista vindo em sua direção um médico socorrista e mais dos enfermeiros com a cama móvel de emergência. Pelos corredores, indo até a sala emergencial, Olivia iria sendo levada com bastante rapidez, o doutor checava sua respiração e os batimentos cardíacos dos bebês em sua barriga para ver se estava tudo bem. Barba continua acompanhando eles a levando até o trajeto final, antes disso, e aos prantos, não consegue dizer nada e se despede ao dar um beijo rápido na teste de Olivia ao acariciar seus cabelos - as gotas de suas lagrimas pingam no rosto dela que ainda está desacordada. Levam-na para dentro, a porta se fecha e Barba fica ao chão. 
Períodos depois, uma enfermeira do centro cirúrgico vem rapidamente procurar por ele a mando do médico que socorreu Olivia, na primeira porta da emergência que ligava ao corredor central. Sem querer, ela abre por completo uma parte da porta justamente onde ele estava e acaba o atingindo - olha para baixo e se depara com ele totalmente inconsolável.

— Ei, você é o pai dos bebês que irão nascer? - pergunta, ela.

Ele confirma ao balançar a cabeça, com as mãos ao rosto secando suas lágrimas. Ela se comove ao olhá-lo tão cabisbaixo.

E Se Eu Ficar?Onde histórias criam vida. Descubra agora