Capítulo 2

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Algumas horas depois do ocorrido com seu terapeuta, Jeongguk se encontrava em seu quarto — em frente ao computador — checando suas redes sociais para se distrair, depois de mais uma vez — escondido da sua mãe, pois ela o proibira — ter feito pesquisas sobre pessoas que infelizmente foram vencidas pela FC, a maldita doença que o atormentava há tantos anos, o privava de viver como um adolescente normal. A mãe o proibira pois sabia que aquilo deixava o seu pequeno Guk para baixo, e ainda menos otimista sobre a própria vida.

Foi quando resolvera entrar em um dos seus blogs favoritos, o "Universo Nerd", se arrependeu de ter ficado tantas horas afogado nas suas mágoas acerca de sua doença. Tinha perdido o lançamento da nova edição do seu HQ favorito — Homem de Ferro — e como era muito popular, teria sorte se ainda encontrasse em alguma loja naquele dia.

Já com o dinheiro no bolso, saiu correndo de seu quarto em uma velocidade rápida, preocupando sua mãe — que assistia a um drama qualquer na sala.

— Jeon Jeongguk! – o repreendeu. — 'Tá afim de morrer e me matar junto, garoto? Posso saber o porquê dessa pressa? — se levantou do sofá, ficando de frente para o filho — que se encontrava ofegante pela corrida, respirando feito um cachorro e com as mãos sobre os joelhos.

— Mãe... — respirou fundo mais algumas vezes antes de continuar. — Me desculpe. Eu preciso sair. Ir na lojinha de sempre. Por favor? — juntou as mãos e a olhou pidão, tão fofo quanto o gatinho — estava mais para coelhinho — do Shrek.

— Se é tão urgente assim, pode ir. Mas não demore, sabe que sair à noite lhe faz mal.  — Jeongyeon falou com seu típico cuidado, abraçando o filho e deixando um beijo em seus cabelos macios e negros como a mais escura das noites — amava mimar seu filho único.

— Preciso comprar uma coisa, prometo que não demoro. Pode ficar tranquila que vou voltar nem tão são, porém salvo, sra. Jeon. — debochou de si próprio. Apesar de ser pessimista e dramático demais para que pudessem o aguentar, tinha lá seu senso de humor.

Assim que Jeongguk saiu de casa sentiu o vento quentinho e aconchegante da primavera lhe abraçando, fazendo com que o garoto sorrisse. Ele adorava a primavera — mesmo durante a noite — as flores desabrochando, o clima agradável e ameno, até as pessoas em volta de si pareciam sorrir mais nessa estação do ano.

Foi em direção a loja de HQ’s, que não ficava longe, saltitante. Nada poderia estragar aquele dia, nem mesmo se chovesse granito ou um apocalipse zumbi começasse naquele instante, ele não desistiria de comprar aquilo que tanto ansiava.

Mais uma esquina dobrada, e já podia ver a fachada do lugar — colorida com alguns pôsteres de Super-heróis personagens de jogos e filmes.

Atravessou a rua e passou pela porta de vidro com certa animação, mal sabia ele o que o estava esperando — ou não.

Ignorou o rapaz por trás do balcão — logo na entrada — indo direto para as prateleiras, onde seu tão precioso HQ deveria estar. Porém, para a sua surpresa, não estava.

Jeongguk voltou, em direção ao balcão e ao rapaz de antes, com o intuito de perguntar sobre o sumiço da revista.

— Boa Tarde, err... sr. Lee — leu o primeiro nome no crachá do atendente.
— Poderia me dizer se a nova edição do Homem de Ferro já chegou na loja? — perguntou com o pouco de expectativa que ainda lhe restava.

 — O senhor está no céu. E eu tenho apenas 26 anos. — parecia simpático — Sobre a revista, sinto muito, mas está esgotada.

E foi nesse momento em que o Jeon entrou em desespero. Aquilo não podia estar acontecendo, só tinham se passado um dia desde o lançamento, não seria possível terem se esgotado em poucas horas. Ou seria?

-X-

Depois de sair da festa em que nem queria ter ido, Taehyung não queria voltar para casa — não queria ter de encarar o pai — então resolveu dar mais uma volta pela cidade e depois passar em algum café, pois não havia comido nada desde o almoço. Seu estômago já fazia sons peculiares, e como odiava aqueles sons.

Antes mesmo de entrar no café mais próximo, avistou a loja de HQ's — a mesma em que comprara sua edição do Homem de Ferro pela manhã — e resolveu entrar, queria comprar alguns mangás que vira mais cedo, mas não teve a oportunidade.

Passando pela porta, pensou em cumprimentar Minhyuk — o atendente — mas este conversava com um garoto, este que aparentava sua própria idade, que de repente começara a gritar sozinho fazendo com que as pessoas ali o olhassem estranho. Resolveu chegar mais perto para ouvir melhor, estava achando tudo aquilo cômico demais. Com certeza, em sua visão peculiar, bem melhor que a festa da Jisoo.

— Não... NÃO... NÃO! COMO ISSO PODE TER ACONTECIDO? Se passaram poucas horas, eu... eu... DROGA. Como pude ser tão lerdo? E agora? Não posso simplesmente pular uma parte da história e-

— Eu te empresto a minha quando acabar de ler. – encostou no ombro do desconhecido, não se importava com espaço pessoal, nem se tratando de estranhos.

— O... O que? — o gesto fez o outro virar em surpresa olhando diretamente para sua mão, em seguida para seu rosto.

 — A revista, eu comprei de manhã. Se você quiser, é claro. — ofereceu novamente — não se sabe se por sentir vergonha alheia ou por algum motivo ter achado o garoto adorável — recolhendo a mão, notando o desconforto do outro.

Taehyung agora olhando diretamente para o garoto pouco mais baixo que si, vira que o mesmo tinha tubinhos ligados no nariz e na pequena mochila as suas costas. Mas deixou isso de lado e continuou o encarando com um singelo sorriso no rosto esperando uma resposta.

O moreno nem hesitou:

— SIM! err... quer dizer, sim. Claro, por que não? — sorriu mostrando seus belos dentinhos salientes.

O mais velho aproveitou a deixa — vendo que ninguém mais os dava atenção — e sugeriu que o moreno fofo, como tinha o apelidado mentalmente, fosse com ele até o café em que pensara em ir anteriormente.

 — Sim, eu aceito! — disse com uma animação que tirou outro sorriso de Taehyung. Devolveu-o na mesma intensidade.

Ele era muito bonito, Jeongguk achou impossível não notar seus traços tão delicados quanto marcantes.

 — Fica aqui do lado. Assim podemos conversar melhor. — Taehyung tinha a intenção de ficar sozinho naquele início de noite, mas por algum motivo, sentiu que a presença do garoto o faria bem. Poderia até fazer um novo amigo, por que não?

 — Tudo bem. — lutou para não gaguejar, mas infelizmente não conseguiu evitar que suas bochechas corassem. — droga, por que o desconhecido tinha de ser tão bonito? Aliás, estava muito curioso sobre seu nome.

— Kim Taehyung. — estendeu a mão para o outro, como se lesse seus pensamentos.

— Jeon Jeongguk. — sorriu. Desta vez não estranhando o contato, apertou a mão do — agora não tão estranho assim — Kim.

Salty KissOnde histórias criam vida. Descubra agora