Capítulo 14

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Janeiro de 2001

Jeon Sihyuk e sua esposa estavam muito felizes e realizados como casal, pois haviam se casado há alguns anos e sonhavam em construir uma bela família juntos; eis que o sonho começava a se tornar realidade quando Jeongyeon descobriu estar grávida de um mês e meio. Mal havia se formado no ventre da mãe, mas já era muito amado por todos; incluindo os pais, familiares e amigos próximos.

O primeiro obstáculo veio quando, após alguns exames de praxe, Jeongyeon descobriu ser portadora de Mucoviscidose — popularmente conhecida por Fibrose Cística — apesar da doença não ter se manifestado em seu organismo em todos esses anos. Doença essa que era considerada raríssima para a raça asiática. O médico que cuidava de sua gestação, os
alertou sobre as estatísticas e mesmo que fossem de um em cada noventa mil nascimentos, o bebê poderia nascer doente, pois a FC também era uma doença hereditária.

A gravidez da bela jovem fora considerada de risco pelos especialistas, fazendo com que Jeongyeon seguisse à risca as recomendações médicas, pois infelizmente tinha a possibilidade da mesma não ser concluída com sucesso; isso se dava ao fato de que os portadores da doença eram muito frágeis, e se tratando de um bebê os riscos só aumentavam.

Oito meses tinham se passado e Jeongguk, que fora carinhosamente apelidado por sua avó, vinha ao mundo com pouco mais de dois quilos. Inicialmente o parto de cesariana fora uma opção, porém a Jeon levou sua gestação tão bem nos últimos meses, que o menino resolveu nascer naturalmente completadas as trinta e oito semanas. O bebê precisaria se manter no hospital por alguns dias depois que sua mãe teve a alta, pois era necessário que fizesse alguns exames para que fosse descoberto se realmente seria portador da tão temida doença que afetaria seus sistemas respiratório e digestório. E para a surpresa
— não tão grande assim — de todos, os resultados eram positivos.

Jeon Jeongguk era apenas um recém-nascido com o peso de uma doença gravíssima em suas costas.

Os riscos eram enormes; a criança não poderia se expor muito ao frio, nem ao calor, esforço físico? De jeito nenhum. Todas essas pequenas coisas fariam com que o pequeno Jeon só tendesse a piorar — praticamente viveria internado no hospital em seus primeiros anos de vida .

Tudo era muito constante na infância do moreno; tosses, pneumonias, diarréias, falta de apetite entre muitas outras coisas que só contribuíam para o agravamento da doença.

Os pais da criança sabiam que a expectativa de vida desses pacientes era muito pequena, alguns deles sequer chegavam na adolescência pois era realmente grave. Mesmo com todas as dificuldades, resolveram seguir o tratamento recomendado para que seu filho sobrevivesse o máximo e o mais estável possível. O que acabou não acontecendo pois, como alertados, o estado do garoto passou a regredir conforme foi chegando a pré-adolescência; o que ocasionou uma mudança inesperada e às pressas para a capital Seul — tendo que deixar casa, emprego e família para trás — pois, na
época, Busan não tinha todos os recursos necessários para o tratamento do recém adolescente; incluindo a medicação, que em sua maioria saía um pouco pesado para o bolso dos Jeon — mesmo que fossem bens de vida.

A sorte era que o patriarca da família era amigo do dono de uma rede de cafés que tinha suas sedes distribuídas por toda a Coreia, assim virando o encarregado de um deles em Seul, pois a mulher desistiu de trabalhar desde a gravidez, para que dedicasse sua vida à cuidar do filho — no fundo sentia-se um pouco culpada por ter sido a responsável pela doença do garoto.

Chegando na capital, foram informados que grau da doença já estava suficientemente avançado para que Jeongguk tivesse que se submeter a um transplante de pulmão — caso contrário, ele acabaria piorando cada vez mais —, e desde então, deu entrada na fila de espera; que por sinal era extensa. Enquanto ainda era um sonho distante, foi recomendado
que usasse um cilindro de oxigênio para onde fosse.

Salty KissOnde histórias criam vida. Descubra agora