Uma Noticia Inesperada

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Nesse dia, Lua acordou antes que Rossana aparecesse. Sentia-se inquieta, devido à fantástica tarde que por certo se aproximava. Esperava que o avô fizesse o chocolate quente de que tanto gostava. Até podia ser que os Reis quisessem lanchar com eles. Com certeza, seria uma tarde divertida.

Também se sentia um pouco perturbada com o sonho que tivera. Não fazia qualquer sentido, e, no entanto, não lhe saía da cabeça. Era ela quem estava no meio de todo aquele fogo, quem segurava a espada, quem esperava pelo homem montado no estranho cavalo com asas. Mas não era o seu corpo!

No entanto, não foi preciso muito tempo para esquecer aquele sonho arrepiante.

Levantou-se da cama, puxou as cortinas para o lado e saiu para a varanda. O sol começava a brilhar, anunciando mais um dia quente e bonito. '

Sabia-lhe tão bem, o sol da manhã a iluminar a sua face 6 o vento fraco a revoltear-lhe os cabelos. Tinha ainda na mão o seu peluche favorito. Dormia toda a noite agarrada a ele, nunca o largava. Pertencem à mãe e fora o avô quem lho dera. Era um urso castanho, sem uma orelha e com o pêlo já gasto. Tinha um olhar triste, mas Lua adorava-o.

Admirou a paisagem. O seu quarto estava voltado para um dos jardins laterais. Havia árvores de fruto onde cresciam laranjas, maçãs, limões e também árvores decorativas, de todas as cores, feitios e tamanhos, cada uma mais alta que a outra. Uma delas era até mais alta que a varanda do quarto de Lua.

Lá em baixo, podiam-se ver alguns canteiros de flores de muitas cores. Não era naquele lado do castelo que o rio Passava, mas Lua podia ouvi-lo se ficasse em silêncio e fechasse os olhos. Tinha por companhia uma bela melodia: o rio que corria sem parar, as árvores que balouçavam ao sabor do vento, os pássaros que cantavam no parapeito.

Ao longe podia ver também os campos verdejantes onde no dia anterior cavalgara no seu cavalo.

Voltou para dentro exactamente no momento em que Rossana batia à porta e entrava, para acordar a menina e certificar-se que esta tomava o banho matinal. Não foi preciso dizer nada, pois Lua correu para o quarto de banho, depois de ter largado o peluche em cima da cama.

A empregada esperou que a menina saísse. Ficou uma vez mais a olhar o retrato que estava ao lado da cama. Quem quer que estivesse naquela moldura parecia-se demasiado com Lua. Tinha um ligeiro palpite de que se tratava de Safira. Nunca chegara a conhecê-la, pois trabalhava no castelo há apenas sete anos. No castelo não havia retratos de Safira, além do que estava na mesa-de-cabeceira do quarto de Rafael. Rossana pouco sabia sobre a mãe de Lua. Apenas que morrera durante o parto e que tinha um feitio extremamente parecido com o da filha, no que respeita à independência e simplicidade. Safira era assunto tabu no castelo e a empregada não queria fazer perguntas, com medo de que Rafael se irritasse.

Puxou os lençóis da cama para trás, para que assim pudesse arejar. Uma ou duas horas depois, uma outra empregada da arrumaria o quarto.

Nessa manhã, Lua estava incrivelmente rápida. Apareceu com uma toalha enrolada na cabeça, cobrindo-lhe os cabelos, e com o já habitual perfume a rosas. Apressou-se a vestir a roupa desse dia: um vestido azul-celeste, com roda. A menina parecia uma verdadeira princesa dos contos de fadas que os nossos pais nos contavam quando éramos crianças.

Deixou que Rossana lhe penteasse os cabelos e os secasse. Calçou os sapatos de verniz pretos, e colocou uma fita no cabelo, da mesma cor do vestido. Lua estava linda, com o seu cabelo muito liso, preto como a noite, os seus olhos verdes enormes, o seu corpo franzino no vestido de Princesa. A menina queria estar bonita para Visitar o avô. Além de que era um dia muito importante: pela primeira vez desde que nascera, andaria de coche. Nunca, em nove anos de Vida, Lua alguma vez saíra com o pai ou os avós. Sabia qual o caminho para a casa do avô, pois todas as semanas um empregado levava uma caixa com alguns dos frutos que eram colhidos nos pomares do castelo ao velho lenhador, e um dia a menina insistira em ir com ele. E desde esse dia escapava-se no mínimo duas vezes por semana para Visitar o avô, já que o velho lenhador raramente aparecia no castelo.

The Princess Of The Golden ForestOnde histórias criam vida. Descubra agora