A História De Rossana

1 1 0
                                    

Rossana andava de um lado para o outro no hall da entrada, corada e com o cabelo um pouco desalinhado. A noite caíra mais cedo e Lua ainda não aparecera. Rafael não sabia que a filha não estava no castelo e a hora do jantar aproximava-se perigosamente. Seria despedida, tinha a certeza disso. E isso não seria o pior. Lua não estava sozinha. Renato estava com ela, pois não o encontrara no quarto. Quantas vezes lhe pedira que não deixasse o castelo? E agora estavam os dois juntos, algures no meio da Floresta. Provavelmente, estavam na Aldeia da Magia. Que desespero! Não podia sair para os procurar, não fosse dar-se o caso de se desencontrarem. E ficar ali deixava-a de nervos em franja. Felizmente ninguém se apercebera do seu estado, ou teria levantado suspeitas.

Estava quase a arrancar os próprios cabelos quando ouviu alguém bater na porta principal com suavidade. Correu para lá e quase desfaleceu de alívio quando a abriu e deu de caras com Lua.

— Queres matar-me do coração? Ou arriscar o meu emprego? — Falava num tom sussurrado, mas irritado. — Se o teu pai descobre, temos o caldo entornado.

Lua tirou a capa molhada, sorrindo de forma matreira. Tal como acontecia sempre que fazia algo proibido, tinha as bochechas coradas e os olhos brilhantes.

— Não tens com que te preocupar. Estou aqui e estou bem — atirou os cabelos negros para trás e acenou na direção da sala de jantar. — Os meus avós e o meu pai já lá estão?

Rossana pôs as mãos na cinta, ainda de coração acelerado.

— Não, ainda não está lá ninguém. E posso saber onde estiveste? — Parecia uma mãe que repreendia a filha por desobediência.

— Não. É segredo. — E não disse mais nada. Foi lavar as mãos e depois sentou-se à mesa, esperando que a família chegasse e o jantar fosse servido.

A empregada não insistiu. Apesar da relação estreita que criara recentemente com Lua, não se achava no direito de exigir uma explicação, além de que sabia que não era a menina 'quem lhe daria respostas. Mais tarde, perguntaria ao filho qual a razão de tanta demora. Desconfiava que Renato e a Princesa andavam a encontrar-se às escondidas. E tantas vezes ela pedira ao filho que não travasse conhecimento com Lua! Que perigos poderiam advir dessa amizade? Lua era apenas uma criança, nada lhe garantia que ela saberia guardar um segredo.

Andava na cozinha de um lado para o outro, roendo nervosamente as unhas. Alguns criados jantavam, enquanto outros davam os últimos preparativos para o jantar dessa noite.

— Ai rapariga, que aflição me metes! Porque não te sentas? — Foi a cozinheira gorda quem falou, com a tampa da panela numa mão e a colher de pau na outra. Toda a sua face era rosa, devido ao constante calor que Vinha do fogão.

Rossana parou e encolheu os ombros, recomeçando a andar logo depois. Tinha de falar com Rafael. Ele saberia o que fazer. Se é que havia alguma coisa a fazer. Decidiu então que falaria com o Príncipe logo após o jantar e sentou-se à mesa, mordendo uma carcaça distraidamente.

Na sala, a refeição decorria com normalidade. Ninguém parecia ter reparado que Lua se encontrara ausente durante toda a tarde. Além de perguntas triviais, ninguém abriu a boca para falar.

Assim que o jantar terminou, Rossana acompanhou Lua ao quarto, enquanto os Reis e Rafael voltavam aos seus respetivos escritórios. Como ainda era um pouco cedo para se deitar, a empregada deixou a menina a brincar um pouco no seu quarto de brinquedos, e dirigiu-se ao local onde pensava encontrar o Príncipe. Mas Rafael não estava no escritório, o que muito a espantou, pois podia jurar tê-lo visto entrar lá. Subiu então de novo os degraus até ao andar de cima, em direção ao quarto do patrão. Talvez ele tivesse subido enquanto ela levava a menina ao quarto.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 01, 2020 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

The Princess Of The Golden ForestOnde histórias criam vida. Descubra agora