Revelações

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Dois dias depois, quando Rossana entrou no quarto, já Lua estava bem desperta. Combinara encontrar-se com Renato nesse dia, após a aula de equitação, e sentia-se excitada por reencontrar o seu mais recente amigo. Estava fascinada com todo o mistério que o envolvia. Na noite anterior, quando Rossana pensava que a menina já dormia, levantou-se e, silenciosamente, foi até ao quarto do rapaz misterioso. Espreitou, mas tudo estava às escuras e não conseguiu ver nada. Como era possível que o rapaz vivesse no castelo e nunca ninguém o tivesse Visto? Quem era a sua mãe? Como saíra para o jardim sem ser Visto? Havia tantas perguntas sem resposta, e ela esperava encontrá-las nessa tarde.

— Que se passa contigo, pequena? — perguntou a criada, reparando que algo estranho estava a passar-se com a Princesa. Levantara-se em silêncio, fora para o banho sem reclamar e ainda não abrira a boca. Além de que parecia pensativa e distante.

— Não se passa nada. Porque perguntas? — retorquiu ela, ao descerem as escadas em direcção à sala onde era servido o pequeno-almoço.

— Pareces estranha.

Porém, Lua já não teve que responder a esta observação, pois cruzou-se com o pai que também ia tornar o pequenoalmoço.

— Bom dia, filha. — Cumprimentou-a ainda com um ar ensonado. — Dorrniste bem?

— Sim. — Entretanto, já se tinha sentado à mesa, onde os avós os aguardavam, e Rossana retirou-se para a cozinha.

Lua falou pouco, cada vez mais ansiosa pelo encontro dessa tarde. Mesmo na aula da manhã, fez tudo o que a professora mandou, sem reclamar, apesar de continuar a odiar a velha que lhe dava aulas. Fez um esforço para perceber tudo o que ela lhe dizia e o tempo até pareceu passar mais rápido. E à tarde, na aula de equitação, estava mais distraída, o que muito admirou o professor de equitação.

— Mantenha as costas direitas e não perca o controlo do cavalo. Isso! Assim está melhor.

Assim que a aula acabou, Rossana dirigiu-se à menina, preocupada.

— Definitivamente, estás estranha. Passa-se alguma coisa e não queres contar-me o que é.

— já te disse que não se passa nada. Estou cansada.

Rossana não se deixou convencer.

— Cansada? Estás nesse estado desde que acordaste. Não pode ser aIpenas cansaço.

— É a verdade.

— E acordaste cansada? — Estavam a deixar a zona dos estábulos, onde deixaram o Espiga, e dirigiam-se para o castelo.

— Sim.

— Porquê?

— Tive um pesadelo.

— E não me queres contar?

— Não.

A criada não insistiu e Lua ficou mais aliviada. Depois, com um olhar exageradamente inocente, pediu:

— Posso ir dar um passeio? — A testa de Rossana enrugou-se.

— Outra vez?

— Por favor! — Tinha os seus olhinhos muito abertos, cheia de expectativa no rosto pálido.

— Sozinha? Não sei se o teu pai vai achar uma grande ideia. Uma vez, ainda se aceita. Mas uma segunda... não sei.

— Da outra vez cheguei à hora marcada, não foi? Não há qualquer razão para teres medo. E o meu pai deixa, de certeza. — Era impossível dizer que não àquela expressão tão doce.

The Princess Of The Golden ForestOnde histórias criam vida. Descubra agora