O Reencontro

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Lua acordou com alguém a chamar pelo seu nome. Abriu um olho, e viu que Rossana lhe sorria.

— Bom dia, menina travessa! Ainda bem que voltou. Eu ainda corria o risco de ser despedida, sem trabalho para fazer! — Puxou a roupa da cama para trás, incentivando Lua a levantar-se.

— Eu quero dormir! — reclamou Lua, tentando, sem sucesso, voltar a cobrir-se. Ainda não abrira os olhos e sentia-se muito cansada.

— Mas está quase na hora do pequeno-almoço, menina! Tem de se levantar — insistiu a empregada, que logo abriu as cortinas, deixando o sol entrar. Há alguns dias que a chuva não fazia uma visita à Floresta Dourada. — Está um dia lindo lá fora, tem de aproveitar.

Lua acabou por abrir os olhos e por se levantar, mesmo contra a vontade. Foi tomar o banho matinal, muito aborrecida, enquanto Rossana a esperava no quarto.

A criada chorou de alegria quando, nessa manhã, o Rei a informara de que haviam encontrado a menina. já começava a pensar que o pior podia ter acontecido. Mas finalmente o pesadelo acabara, e jurou a si própria nunca perder o rasto da Princesa, não fosse ela escapulir-se novamente. Ainda não sabia onde Lua estivera durante todos aqueles dias, mas isso não era importante. O importante era que tudo acabara bem.

Lua saiu do banho enrolada no roupão. Limpou-se rapidamente, sempre sem dirigir a palavra a Rossana e vestiu a o vestido que esta lhe escolhera.

— Está pronta para tomar o pequeno-almoço, menina? — Perguntou a empregada, assim que Lua acabou de pentear os cabelos compridos.

— Sim — respondeu, mecanicamente. Odiava ter de voltar às refeições chatas do castelo. Era muito mais divertido em casa do professor Guidion. Lembrou-se de que nesse dia se iria decidir o que aconteceria com o professor. Desejava que nada de mal lhe acontecesse. Não queria que ele fosse preso. Ia implorar aos avós que o perdoassem. Afinal, a culpa fora dela, de ninguém mais.

Desceu até à sala onde todos os dias se tornava o pequeno-almoço, com Rossana atrás de si, para se certificar que a menina não fugia novamente. Todos os criados por quem passou soltavam grandes sorrisos e diziam que estavam aliviados por ela ter reaparecido. Mas Lua não falou a nenhum deles. Não queria estar ali, sentia-se muito aborrecida.

Os avós já lá estavam e também lhe sorriram, satisfeitos por terem a Princesa de novo no castelo.

— Born dia, querida! Dormiste bem? — perguntou a avó, sempre com a sua pose elegante e um vestido de veludo preto.

— Sim, avó. Mas acho que dormi pouco, ainda estou cansada — reclamou, enquanto se sentava no seu lugar e Rossana desaparecia por uma das portas laterais.

— Não te preocupes, amanhã já te habituas novamente ao ritmo de cá — respondeu o avô.

Lua começou a preparar o seu copo de chocolate quente quando a avó a informou.

— Eu pedi ao teu pai que viesse tornar o pequeno-almoço connosco, portanto agradecíamos que esperasses um pouco. Ele aindaª não sabe que estás cá. — Outra das regras que Lua detesta, só podia começar a comer quando as pessoas mais velhas estivessem na mesa.

Pousou o copo e a colher com um suspiro, e esperou impaciente que o pai descesse. Ainda não sabia o que lhe dizer, ou como reagir. Odiava o pai, mas não o queria demonstrar em frente aos avós.

Ainda tiveram de esperar alguns minutos até que Rafael descesse. Tinha o ar mais abatido que Lua alguma vez lhe vira, e estava mais magro e pálido. Vinha com a cabeça baixa, e não se apercebeu de imediato que a filha estava também sentada à mesa. Quando a viu, a poucos metros de distância, parou, a sua boca abriu-se de espanto e as lágrimas começaram a cair.

The Princess Of The Golden ForestOnde histórias criam vida. Descubra agora