O Regresso

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Quando o coche parou bem em frente às grandes portas do castelo, Lua sentiu-se mais triste que nunca. O seu avô morrera, Guidion não estava consigo, e voltava à vida rígida de sempre. Sentia-se sozinha e deprimida.

Os guardas abriram as portas de madeira, fazendo uma pequena vénia. Voltaram a fechá-las assim que os Reis, Lua e Paco entraram. Os quatro atravessaram o hall de entrada, com a Princesa à frente, desejosa de se deitar na sua cama.

A sala de receção estava às escuras. Era uma grande sala, em que os poucos acessórios eram em ouro. Havia um bengaleiro logo na entrada, uma pequena mesa no centro, coberta por uma toalha de linho, onde era colocado o correio que todas as manhãs chegava. A um canto estavam três sofás de pele, com base em madeira e acabamentos em ouro.

Era nesta sala que davam, em tempos, as festas, por ser uma das maiores e por ficar próxima da entrada. Além de que era escassa em mobília. As suas paredes eram brancas e quando o sol passava pelos vitrais coloridos fazia um bonito efeito, dando mais cor e alegria ao castelo.

Numa das paredes dessa sala, havia um grande quadro com o retrato a óleo dos Reis, quando eram bastante mais novos. Quando os avós de Lua deixassem de reinar, o quadro saía da sala e ia para uma das torres, onde já estavam os quadros dos pais dos Reis, dos avós e todos os antecessores, desde os fundadores do castelo da Floresta Dourada. Um dia, seria O quadro de Rafael que estaria em exposição na sala de receção.

E só depois viria o de Lua, quando ela tivesse idade para reinar e o seu pai não tivesse mais condições de o fazer.

Subiram a grande escadaria dourada que dava acesso aos andares de cima. Paco não subiu, tendo seguido logo para os seus aposentos, na camarata destinada a todos os emprega. dos do castelo. Desejou uma boa noite aos Reis e a Lua, e desapareceu na escuridão.

— Lua, o teu pai já deve estar a dormir, mas acho que deves ir ao quarto dele, dizer-lhe que voltaste. Ele ficou muito preocupado contigo — informou a avó, enquanto subia as escadas lentamente.

Lua torceu o nariz. A última coisa que queria naquela noite era ver o pai.

— Tenho mesmo de ir? Eu estou muito cansada, avó! Posso vê-lo amanhã — afirmou, arrastando os pés pelos degraus, visivelmente contrariada.

— Ela tem razão, querida — apoiou o avô. — É tarde, o Rafael já deve estar a dormir, e não lhe fará diferença se vir a filha apenas amanhã. Acho que todos temos de descansar, porque amanhã será um dia complicado. — Lua sabia que ele se referia ao professor Guidion. Virou-se para a neta, assim que chegaram ao quarto da menina: — Dorme bem, Princesinha. É bom ter-te de volta. E deu-lhe um beijo na face.

Lua não respondeu, dando de seguida um beijo à avó. Os Reis fizeram-lhe um último aceno com a mão, e depois seguiram pelo corredor escuto até ao seu quarto.

Abriu a porta e entrou. Acendeu algumas velas, para poder vestir o pijama. Tudo lhe parecia estranho. Sentia que aquele já não era o seu quarto, como se tivesse passado muitos anos longe daquele lugar.

Tirou o vestido, que pousou em cima do baú, e vestiu o pijama quentinho, com os olhos muito pesados. Era muito tarde. Passou o rosto por água e deitou-se, depois de ter apagado as Velas. Não tardou a adormecer, com o professor Guidion no pensamento. 

The Princess Of The Golden ForestOnde histórias criam vida. Descubra agora