O Renascido

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Uma semana se passara desde que Lua regressam ao castelo. A rotina voltara: acordar cedo, tomar banho, descer para o pequeno-almoço, ir às aulas, almoçar, ter aula de equitação, botânica ou trabalhos manuais, lanchar, brincar, jantar e ir para a cama. Era isso que acontecia todos os dias, sem exceção.

A Princesa odiou a nova professora, que veio substituir Guidion. Era velha, antipática e chata. Nunca a deixava fazer desenhos e Lua não conseguia perceber nada da matéria. Quando explicou tudo isso a Rossana, a empregada prontificou-se a ajudá-la, dando-lhe aulas em segredo. Assim, Lua aprendia a ler, a escrever e a fazer contas, sem ter. que prestar atenção às aulas horríveis a que assistia pela manhã.

— Se o teu pai descobrir, com certeza que me despede! — afirmou Rossana certa vez, não se mostrando, no entanto, muito preocupada com o facto. Sabia que Rafael não a despediria por estar a ensinar Lua a praticar a leitura e a escrita, mas não fora contratada para isso.

— Não despede nada! Não estás a fazer nada de mal, pois não?

Lua já fazia grandes ditados, quase sem erros. Isso deixava-a extremamente feliz, pois queria, em breve, mandar uma carta a Guidion. Tencionava escrevê-la, e depois pedir a Rossana que a fosse lá entregar. A empregada tinha algum receio de ser descoberta, mas na altura arranjaria uma boa desculpa.

— Rossana? — A princesa parou de escrever, com o olhar carregado de curiosidade. Estavam no seu quarto, ambas sentadas em cima da cama, com o sol de fim de tarde a iluminar o cenário,

— Sim? — Pela expressão de Lua, sabia que vinha uma pergunta complicada a caminho. Endireitou as costas, disposta a responder o que quer que fosse.

— Quem é o rapaz que se esconde no quarto ao funda do corredor?

Rossana abriu muito os olhos e depois franziu a testa e parecendo surpreendida com aquela pergunta.

— Qual rapaz?

— Eu vi-o. Um dia antes de eu fugir. Espreitei pela fechadura e sei que está lá um rapaz. Sabes quem é?

A criada abanou a cabeça negativamente.

— Não sei do que falas. Nunca ouvi falar de tal coisa. Tens a certeza do que dizes? Por que razão se esconderia um rapaz aqui, no castelo?

— Não sei. — Parecia desiludida. Tinha esperança de que Rossana lhe desvendasse aquele mistério. — E havia mais alguém com ele. Mas não consegui ver quem era, nem se era homem ou mulher.

A empregada esticou as pernas e voltou a dobrá-las, com um ar pensativo.

— Não sei. Talvez o teu pai saiba responder a essa pergunta. — Lua suspirou, desalentada. Ambas sabiam que a menina não teria coragem de perguntar algo dessa natureza a Rafael.

A tenção entres os dois era mais pacífica, mas, apesar dos esforços do Príncipe para se aproximar da falha, Lua continuava muito zangada com ele, comportando-se de uma maneira fria e esquiva. Mesmo com os avós se comportava dessa maneira. Queria faze-los ver que não concordava, de maneira nenhuma, com o despedimento do professor Guidion. Certa tarde, após uma aula de equitação em que o professor lhe permitia dar uns passitos montada no Vampiro, Lua pediu autorização a Rossana para dar um passeio pelo jardim do castelo. Estava extremamente feliz por finalmente ter experimentado o seu cavalo preferido, e queria passear, correr, divertir-se.

— Por favor! Prometo que não me perco, nem fujo. Tu sabes que eu odeio estar sempre fechada no castelo. Está um dia tão bonito e apetece-me passear. Por favor! — Os seus olhinhos quase sorriam. Tinha o cabelo revolteado e as faces coradas, e Rossana tinha a certeza de que Lua seria uma linda mulher.

The Princess Of The Golden ForestOnde histórias criam vida. Descubra agora