Insomnies

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Em negrume a noite visita minha alma, trajando uma dúvida melancólica. Nem mesmo o mais belo astro resplandecente, quando beija suavemente minha tez, pode atermar esse martírio que queima e cresce em meu peito. Eu lhe suplico "Insomnies", deixe-me para sempre, pois "Insomnies" tomam minhas fantasias e lançam-me no vazio da realidade.
(Autoral)

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Respirei fundo aquele ar nostálgico. Cada fragmento de minha infância, cada fragrância doce de minhas memórias, espalhados por aqueles cômodos. Já era manhã, o sol emergiu para incendiar as tristezas, aquecer o frio e elidir as sombras que perturbam cada alma. Os criados já estavam de pé, acredito que desde antes do cantar do galo. O palacete estava movimentado, empregados deambulavam de um lado para o outro envolvidos em suas atividades, eu sorria e dizia bom dia a todos que cruzavam meu caminho.

Direcionei me à sala principal onde encontrei meu primo Hoseok, que sorriu para mim desejando um bom dia que prontamente fora correspondido por mim com reciprocidade. Subsequentemente, Hoseok e eu nos direcionamos ao salão de jantar onde tomamos nosso café da manhã. Mais tarde naquela manhã, decidi caminhar pela casa, no dia anterior Hoseok reputou que seria melhor eu descansar da viagem antes de rever o palacete e explorar as áreas que costumavam ser meu abrigo quando menino. Cada cômodo me trazia uma lembrança e todas eram felizes, pois as tristes eu não permitia invadir minha mente e muito menos atingir meu coração.

Após muito deambular por inúmeros cômodos e corredores, cheio de quadros meus e da minha família em geral, encontrei-me no lugar que por muito tempo foi meu refúgio, a enorme biblioteca de meu pai, que agora não o pertencia mais. Ao contrário do que pensei, ela não estava empoeirada e abandonada, estava como sempre esteve, deslumbrante e aconchegante. Adentrei-a observando ao meu redor, era tão encantador quanto era em minha infância. Percorri os dedos da mão direita pelos livros de capa grossa de diferentes cores na prateleira de baixo, próximo a uma poltrona vermelha que combinava com o ambiente decorado com as cores branco, dourado e vermelho.

Peguei um livro que me chamou a atenção, tinha a capa dura de cor verde sálvia e o título bem no centro em cor dourada. Este exemplar esteve presente em minha juventude, lembro-me que devido a este miraculoso livro, aos meus doze anos pus em mente a mirabolante ideia de me tornar um pirata e encontrar o tesouro que se perdeu após a morte do capitão de um navio espanhol. Desisti da ideia alguns meses depois quando recebemos a notícia de que o navio de meus tios havia naufragado. Fora uma época sombria para os meus pais. Pus o livro de volta em seu lugar logo me apossando de outro, sentei me na poltrona ali iniciando minha leitura, era melhor eu aproveitar o pouco tempo livre que tenho para o lazer antes de os deveres como Duque reiniciem.

Passei horas lendo, foram tantas horas que só percebi que já estava tarde quando me avisaram que o almoço estava pronto. Mais tarde naquele dia tive que visitar alguns barões e nobres para resolver assuntos relacionados a negócios e quando eu pensei que poderia enfim descansar, Seokjin surge abruptamente junto a Namjoon me obrigando a tirar medidas e escolher tecidos para a roupa que usarei na festa. O ômega também me contou que o baile será de máscaras para que Taehyung possa ir sem ser incomodado o tempo inteiro por ser o príncipe, assim ninguém o reconhecerá. Jin também disse que todos os convites foram entregues e lá está avisado que é um baile de máscaras.

Após escolher os tecidos e tirar as medidas, eu realmente acreditei que me deixariam em paz, mas Jin ainda me fez escolher cores para a decoração, comes e bebes, flores e tudo que envolve uma ornamentação, se eu soubesse que elaborar uma festa suscita tanta azáfama eu nunca teria pactuado com isso. Quando a noite cobriu o céu semeando-o com estrelas e o vento frio soprava as árvores, eu cheguei em casa dirigindo me diretamente para um banho quente na tina que estava a minha espera. Meu corpo estava inerte na água enquanto minha alma estava inerte em pensamentos. A verdade, a grande verdade é que eu estava com medo, medo de nunca mais conseguir dormir, eu sei que aparento bem, tranquilo e até feliz a maior parte do tempo, mas a verdade é que não consigo mais dormir bem desde a morte de meus pais, desde que o peso de ser o Duque caiu sobre minhas costas, desde que o peso de ser o único Jeon vivo caiu sobre meu coração. Hoseok é meu primo e minha família, mas ele não é um Jeon. Quando sua mãe se casou com um Jung, ela passou a ser considerada de outra família, sendo assim, Hoseok nasceu com sangue Jung, é complicado explicar, ele é um Jeon mas ainda assim não é considerado um.

La vie en rose (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora