La vie en rose (Jikook)

Étoiles

Eu apenas quero voltar para casa
Pois estou muito longe de onde você está
(Trecho adaptado por mim de Michael Bublé_Home)

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Mais uma vez eu estava bem longe de casa, dentro de uma carruagem há um dia inteiro. Já era noite quando nos preparávamos para uma parada em uma cidade para trocar os cavalos e seguir viagem. Restava apenas um dia antes do baile real e eu não podia estar mais enfadado. Encarava por horas a fio a carta em minhas mãos, vez ou outra deixando escapar um sorriso ao analisar mais uma vez aquele desenho de tinta feito por Park Jimin. Minha mente ainda estava em balbúrdia tentando entender o que aquilo significava, que tipo de resposta seria aquela. Dobrei novamente com muito cuidado o papel grunge, guardando a carta no bolso interno do meu fraque.

Encarei o céu estrelado coberto pelo negrume da noite. Aquelas estrelas faziam me lembrar, além de uns olhos amendoados que brilhavam muito mais do que a própria lua que iluminava a noite, de um momento inesquecível com meu pai. Suspirei cansado. O chacoalhar da carruagem juntamente ao estrépito das patas dos cavalos em constante atrito com o chão me causavam uma sensação nostálgica. Por um tempo incalculável me perdi em memórias.

Eu devia ter em média oito anos quando meu pai me levou consigo pela a primeira vez à uma de suas viagens demoradas. Eu odiava os dias em que meu pai ficava longe e após muito insistir que me levasse junto, usando como argumento que eu já havia crescido o suficiente para aprender seu ofício e que não era mais um bebê que necessitava da proteção do omma, ele decidiu ceder. Meu omma fora um pouco mais difícil de convencer mas após uma conversa em particular com meu pai, a qual eu inutilmente tentei escutar através da porta, ele enfim concordou em me deixar partir com meu pai.
Estávamos já na carruagem, era noite assim como agora, eu encarava o céu estrelado admirando a beleza de seus brilhos e tentando imaginar os possíveis seres que ali viviam. Eu gostava de pensar que eles estavam olhando para meu planeta tão pequeno em seus céus imaginando as vidas que aqui vivem e até duvidando delas assim como duvidamos de suas existências. Certamente esse tipo de pensamento seria complexo e confuso para qualquer criança de oito anos mas não para mim.

-É bonito não é? -Diz meu pai olhando para onde eu olhava. Deixei de observar o céu voltando minha atenção ao alfa mais velho. -Há muitos mitos e teorias a respeito das estrelas que olhamos em nosso céu. Muitos tentam atestar o que são e sobre o que são compostas. Eu acredito que a natureza está além da razão humana, mesmo que se confirme sobre o que são ou do que são feitas, haverá sempre algo cabalístico que ciência nenhuma será capaz de deslindar. Assim como todas as coisas que compõem a vida, para compreendê-las é preciso de um pouco mais do que temos. Entendes filho? -Por mais que eu não tenha entendido exatamente suas palavras, balancei a cabeça positivamente mirando em seus olhos. -O que quero vos dizer, é que ninguém pode ratificar ou negar nada nesse mundo. Por isso nunca deixes tu que outros desmantelem vossas percepções quanto ao mundo Jungkook. Não designes tu jamais do que acreditas por mais disparatado que possa parecer as tuas crenças. -Ele suspirou voltando a olhar pela janelinha da carruagem parecendo perdido em memórias distantes. -O mundo não é cruel como dizem, as pessoas é quem são.

As falas de meu pai me marcaram para sempre. A medida em que fui crescendo, fui me tornando capaz de compreender melhor o significado de suas palavras e absorver suas lições para minha vida. Por vezes eu tive ideias loucas que poderiam pôr em risco grande parte de minhas posses, muitos condenaram minhas decisões alegando ser insânia, mas eu nunca deixei de acreditar pois lá no fundo de meu âmago eu podia sentir que daria certo. A maioria das vezes realmente deram certo e as vezes que não deram não me fizeram desistir, muito pelo contrário, fizeram me empenhar mais.