Há vezes em que a morte nos rouba a vida mas, ainda assim, o destino não falha. A morte não é o fim, é apenas outro caminho para uma nova vida e o destino, ele sempre nos acompanha. Não existe ponto final em uma história. Elas, as histórias, irão sempre existir e fluir eternamente como um rio. O rio nasce na fonte, percorre um extenso caminho, sacia animais, plantas, molha a terra, mata a sede, banha corpos e então deságua no mar. Isso não significa que o rio não existe mais, ele apenas se transformou. A história como rio pode ter acabado, mas continua como mar. Assim como a história de Yoo Youngjae não acabou com a morte, já que aqueles que são lembrados pelos corações, jamais partem. Eles eternamente vivem em uma parte de nós e nós eternamente viveremos em uma parte de alguém. Por isso a importância de cativar pessoas, para que não sejamos esquecidos e elas eternamente vivam em nós.
Durante o baile de Jimin, enquanto todos dançavam e se divertiam, o Conde Park Hyunjin seguia um espectro pelos corredores sombrios e gélidos do casarão. Era como se a realidade se distorcesse e eles estivessem adentrando um outro plano. O Conde sentia as paredes se dobrando e o chão sumindo sob seus pés, mas continuava em frente, continuava a seguir o espectro, afinal não era um espectro qualquer, era seu amado. Aquele que um dia já amou e que, para seu pesar, ainda ama. Anos haviam se passado, a mágoa não havia sido esquecida, o coração ainda ardia, incendiava de dor, mas a alma ainda amava, e não há amor que nos conecte mais do que o amor ligado na alma, é um amor maior do que o que sentimos no coração.
O chão, as paredes, os candelabros, os vasos de plantas, tudo se transformou em um borrão para então começar a se tornar pixels brancos, como se a realidade estivesse se descascando. Tudo agora não passava de um ambiente alabastrino, mas o Conde continuava a seguir o espectro que parecia cada vez mais vivo, com sua pele rosada nas dobras por seu corpo, nas pontas dos dedos, do nariz, nas bochechas anafadas, nos lábios carnudos. Os fios rosados do ômega começaram a balançar com o vento e tão de repente quanto um devaneio, eles estavam descalços sob uma areia fina e quentinha. O Conde Park pode ouvir o barulho do mar e tão certo quanto um sonho, as ondas se balançaram à sua frente. Ele fechou os olhos e respirou fundo sentindo a brisa lhe soprar o rosto. Era estranho se sentir mais vivo na morte do que na própria vida.
Quando o Conde abriu os olhos, o pôr do sol beijou o mar e irradiou o rosto do seu amado que o olhava com o cenho franzido, os lábios trêmulos e os olhos de amêndoa brilhando de dúvida. Um passo de cada vez, o Conde Park se aproximou do ômega. Duvidando do que seus olhos viam, sua mão tocou hesitante o rosto de Yoo Youngjae. Carente das carícias do alfa, o ômega fechou os olhos sentindo, após longos anos de espera, a quentura de seu amado. Palavras não eram necessárias, mas ainda assim o ômega, com uma lágrima fujona escorrendo de um de seus olhos, quis externar.
-Eu te amo.
O Conde não tinha resposta, ele também amava Yoo Youngjae, mas ele não entendia como alguém que ama, abandona.
-Se tu me amavas, por que me deixaste? -Inquiriu.
O ômega apertou os olhos, desvinculou-se do alfa e ambos encararam o mar que, com suas ondas, trouxe um balaio de cipó. O objeto parou diante dos pés de ambos os lobos e dentro dele havia um bebezinho, enrolado entre lençóis brancos. Um bebezinho que sequer chegou a nascer. Um bebezinho cuja a morte lhe roubou a vida antes mesmo de encarnar. O ômega apanhou o filhote no balaio, o ajeitou no colo e acariciou seu rostinho macio. O Conde apenas observou intrigado. O nenenzinho era gordinho, com um narizinho pequenino, mãozinhas gordinhas, bochechas anafadas, lábios finos, olhos cor castanho escuro e madeixas cor salmão.
-Eu estava grávido. -Disse sem muita cerimônia enquanto o Conde revezava o olhar abismado entre o ômega e o bebê em seus braços. -Vede, é nosso filhote. Ele se tornaria um lindo beta seme. -Yoo Youngjae não pode conter as lágrimas que se acumularam em seus olhos e depois escorreram copiosamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
La vie en rose (Jikook)
FanfictionJimin é o filho mais novo da família Park. Um ômega lúpus totalmente fora dos padrões, inapropriado aos olhos da sociedade, sem nenhuma habilidade característica de um ômega e completamente sem travas na língua. Entretanto, é um ômega bastante talen...