Capítulo 1. A batida

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- Esther, acorda, Esther. Já está na hora - disse Beatriz enquanto balançava Esther na cama.

- Só mais um minutinho - respondeu Esther se revirando na cama.

- O Victor estará aqui em breve. Esther, vamos! - insistiu Beatriz, continuando a balançar a amiga.

- Está bem - concordou Esther, levantando-se repentinamente da cama e indo em direção ao seu guarda-roupa.

As duas garotas se preparavam para mais uma noite agitada. Tinham passado três dias seguidos em baladas, faltando às aulas e aproveitando a liberdade na mansão de Esther, já que seus pais estavam em viagem para Miami.

Esther abriu uma das janelas do seu quarto, uma brisa forte mexeu em seus longos cabelos loiros. Seus olhos verdes brilhavam sob o sol. Ela tinha uma pinta no canto esquerdo do queixo e uma altura esbelta, nem magra como uma modelo, nem tão forte.

Ao olhar para o chão da varanda do seu quarto, viu três pequenos filhotes de pássaros mortos no chão, provavelmente vítimas do choque com a janela.

- Meu Deus, Beatriz, venha aqui - chamou Esther a amiga.

- Nossa, tadinhos. Eles devem ter batido na janela - comentou Beatriz enquanto observava os três pássaros.

- Eu estava lendo umas pesquisas para evitar que pássaros morram por causa de colisões com janelas - explicou Esther.

- Deve ser verdade, parece que outro passarinho está vindo - provocou Beatriz.

Esther olhou apreensiva para o horizonte, mas não viu nenhum pássaro se aproximando.

- Só estava brincando. Hahaha! Adoro te ver apavorada - riu Beatriz.

- Você é tão sem graça - disse Esther, olhando desaprovadoramente para a amiga.

A campainha da casa de Esther tocou, já que não havia empregada em casa, ela mesma desceu para atender a porta.

- Olá, minhas rainhas - falou Victor com alegria.

- Oi Victor - disse Esther.

- Viiitiinhoooo - gritou Beatriz, correndo para se agarrar ao corpo de Victor.

Victor era alto e forte o suficiente para suportar o peso de Beatriz. Tinha cabelos pretos compridos o suficiente para fazer uma franja na testa, olhos castanhos claros e puxados. Vestia uma jaqueta de couro, botas da Caterpillar e calças rasgadas nas coxas e nos joelhos. Victor era homossexual assumido e sempre foi muito amigo das duas meninas.

- Vamos arrasar hoje - disse Victor, referindo-se à próxima balada da semana.

- Eu quero sair de lá arrastada - avisou Beatriz, segurando uma garrafa de vodca nas mãos. De longos cabelos pretos e pele morena, baixa e magra, Beatriz era considerada a rainha da balada.

- Acho que hoje é dia de causar mesmo - concordou Esther, pegando a garrafa de vodca das mãos de Beatriz. Esther, a mais reservada entre os três, poucas vezes aceitava entrar nos momentos dos outros dois amigos.

- É assim que eu gosto, no clima - gritou Victor.

Quando a noite chegou, eles partiram para o carro. O Jaguar da família estava estacionado em frente à mansão. Esther havia pegado as chaves assim que seus pais saíram. Ao entrar no carro, Victor colocou uma música.

No caminho da balada, uma barreira policial bloqueava a estrada, então Victor diminuiu a velocidade do carro e passaram devagar por uma cena que chamou a atenção de todos. Três corpos estavam cobertos por sacos pretos estendidos na pista. Esther tremeu de medo, sendo a mais sensível do grupo. Continuaram em frente, embora chocados com a visão.

Maneiras de Viver Depois de Morrer (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora