Esther estava deitada em uma cama. Aquela noite, para ela, chegou diferente: estava abatida, triste e chorando. Sentia saudades de Léo. Seu coração estava faltando um pedaço e ela sentia isso. Deitada no seu quarto, de sua enorme mansão, sentia-se sozinha e desprendida do mundo. Ela comia alguns chocolates enquanto olhava as fotos do seu ex-namorado que estavam salvas no seu celular. Beatriz batia na porta do quarto.
- Entra. – permitiu Esther para a amiga.
- Victor fez alguns sanduíches para o jantar. Aqui, pegue um para você. – falou Beatriz, enquanto estendia o sanduíche para Esther.
- Obrigada, amiga. Mas não estou com tanta fome assim. – revelou Esther, recusando com a cabeça o sanduíche oferecido por Beatriz.
- Poxa, Esther, vai ficar assim tão pra baixo por causa de homem? – perguntou Beatriz, sentando-se na cama onde Esther estava deitada, de bruços.
- Eu gosto dele, muito mesmo, eu preciso dele e você sabe bem o porque. – disse Esther.
- Eu sei. Sei que precisa dele mais que tudo nessa vida, mas você vai ficar aí sem aproveitar seu resto de vida? – pergunta Beatriz.
- Eu só não acredito em como tudo aconteceu, estou muito triste. – respondeu Esther, enquanto colocava um travesseiro sobre a cabeça. – Eu não o trairia com ninguém, ainda mais com o Guilherme, eu estava dopada amiga, tenho certeza.
- Eu acredito nisso, você foi dopada e eu também, por isso não conseguir ver nada. – comentou Beatriz.
- Eu quero apenas ficar aqui, deitada sozinha. – disse Esther.
- Ah, não, chega desse melodrama patético, LEVANTA!! – ordenou Beatriz, impaciente e se levantando da cama.
- Não, me deixa aqui, em paz. – pediu Esther, cobrindo-se da cabeça aos pés com o cobertor.
- Levanta, Lázaro! Levanta e anda. – gritou Beatriz, novamente, agora citando uma passagem bíblica em tom irônico. Ela puxou o cobertor de Esther, com força.
- Ah, não, Beatriz. Me deixa em paz, por favor. – demandou Esther, agora um tanto inquieta.
Com a insistência de Beatriz, Esther foi obrigada a sair da cama. Eram sete horas de uma noite de quarta-feira. Agora tomava um bom banho. Ao sair, já encontrara Beatriz pronta e arrumada.
- Onde você pretende ir, sua louca? - indagou Esther, enquanto olhava beatriz de cima a baixo. Beatriz estava com os cabelos pretos soltos, uma saia curta preta com uma pequena fenda na coxa esquerda. Uma blusa branca com um decote até onde iniciava a barriga. Um colar com um pingente dourado em forma de borboleta pendia no seu pescoço. Sua pele morena dava luz a um salto branco que vestia.
- Vamos curtir a night, claro! – respondeu Beatriz, enquanto mexia em seus cabelos pretos que vinham até a altura das costas.
- Você é sem limites mesmo, mas eu vou com você. Porém você tem que prometer uma coisa para mim. – disse Esther, que estava enrolada em uma toalha azul.
- Pode falar, hoje é você quem manda.
- Nada de drogas, sem bebidas e nada de forçar a barra com meninos também.
- Sem drogas, sem álcool, sem meninos. – garantiu Beatriz aos pedidos de Esther. – Hoje vai ser a noite das meninas.
Esther agora estava no seu quarto, arrumando-se. Secou os cabelos loiros e passou um lápis preto. Observou fixamente os olhos verdes e a pinta escura que tinha no lado esquerdo do queixo. Retocou a maquiagem que disfarçava a pele pálida. Colocou uma calça preta, lisa, com um laço na altura da cintura. Uma blusa azul marinho com mangas longas, também com um decote vantajoso. Deixou os cabelos soltos e livres, enquanto colocava dois brincos argolas dourados um em cada orelha. Passou um batom rosa. Nos pés, um sapato branco da adidas. Agora estava pronta.
Victor era o único que ficaria na mansão, ainda com uma relação difícil com Douglas, se distraía com o trabalho que mais gostava: A cozinha. Viu a meninas se arrumando e, curioso, resolveu questioná-las.
- Vão sair em plena quarta-feira? – perguntou Victor, curioso.
- Vamos em uma balada, noite das meninas! – respondeu Beatriz a pergunta de Victor.
- Que chique! Vou ficar cozinhando alguns bolinhos para quando vocês chegarem. – A verdade era que Victor, desde de que se desentendeu com Douglas, conseguia achar na cozinha algo que pudesse distrair sua mente dos pensamentos que sempre se voltavam para o seu amado.
- Obrigada. – agradeceu Esther, enquanto se dirigia a saída da mansão. A Ranger Rover estava estacionada na garagem, a sua espera.
Partiram em direção a uma das baladas da cidade. Naquela noite, a temática seria festas latinas. No carro, o som estava alto e animado, dentro do clima daquela noite. Beatriz cantava uma música, enquanto Esther dirigia com atenção.
Ao chegar à balada, o clima não poderia ser diferente: estavam contagiados e ritmados pelas batidas do Reggaeton, logo, as duas garotas estavam na pista, dançado. Beatriz abraçava Esther com felicidade no rosto e, apesar dos olhares em cada um daqueles rostos masculinos, elas apenas queriam curtir o momento. A pista era delas e ninguém mais se atreveu a atravessar a dança daquelas duas gatinhas.
- Amiga, olha aí, estão todos olhando para nós duas. – observou Beatriz, enquanto dançava.
- Eu sei, mas você prometeu: nada de meninos hoje. – respondeu Esther a observação de Beatriz. Realmente, diversos homens naquela balada olhavam as duas de cima a baixo, contundo era uma noite para curtir.
- Estou tão feliz de você está comigo, não gosto de te ver chorando. – disse Beatriz enquanto jogava os braços em volta do pescoço de Esther, estavam agora cara a cara.
- Você é a melhor amiga do mundo, mas não aguento te ver drogada.
- Hahaha, sabia que você não ia deixar passar. – comentou Beatriz.
- Promete pra mim uma coisa: que você não vai se drogar mais. – pediu Esther.
- Amiga, isso é tão difícil.
- Não é difícil para quem está morta. – contrapôs Esther. – Você não precisa disso para se divertir.
- Eu preciso para esquecer o mundo. - fala Beatriz.
- Por que você quer esquecer o mundo, se o mundo já não se lembra mais da gente? Estamos mortas, recorda? – orientou Esther a Beatriz enquanto dançava.
- Você e sua capacidade de me deixar triste. Eu paro de me drogar, porém você vai ter de contar toda a verdade a Léo, amanhã! – pediu Beatriz.
- De acordo. – finalizou Esther, enquanto as luzes da balada não paravam de tramitar no interior do salão.
Léo, entretanto, em sua casa, abria mais uma vez o seu caderno cinza**, estava escrevendo nele, sentando na cadeira de frente a sua escrivaninha. Ao lado do caderno, um revólver prateado do seu pai repousava sobre a mesa. Ele escrevia, angustiado, palavras sentimentais e torturantes. Era a respeito de Esther e os sentimentos quebrados que possuía aquele momento. A porta do seu quarto estava fechada, sua mãe o chamava constantemente, contudo, apenas o silêncio era ouvido.
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Maneiras de Viver Depois de Morrer (COMPLETO)
Ficção Adolescente🥇 1° Em #ginásio!! Após receberem estranhos sinais premonitórios de suas próprias mortes, um inesperado acidente de carro irá alterar drasticamente o curso das vidas de Esther, Beatriz e Victor. Esses eventos os levarão a refletir profundamente sob...