Capítulo 13. O Acampamento

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A viagem durou cerca de duas horas. A floresta emergia solene e abundante bem em frente ao monte. Um verdadeiro mar verde. Ao encontro dos alunos, um guarda florestal simbolizava onde deveria estacionar o ônibus. Os alunos desceram com velocidade. Estavam todos trajados do uniforme escola: uma blusa longa e calça até o calcanhar. Os calçados portados por todos era um modelo único de bota, unissex, muito usada para trilhas em lugares íngremes, como a que realizariam neste momento. O guarda florestal tomava a palavra.

- Bem-vindos ao Parque Estadual da Serra do Mar**. – saudou o guarda. – Meu nome é Otávio e eu serei seu guia durante essa visita.

- Gente, ele é um gatinho. – disse Beatriz, em tom baixo, ao lado da Esther.

- Beatriz, se comporta! Ele é mais velho que você. – orientou Esther.

De fato, o guarda florestal possuía um corpo estrutural e bem definido. Seus cabelos eram loiros cacheados, um abdômen e braços fortes e pernas com uma musculatura bem definida. Um sorriso branco e quente como daqueles atores de novelas mexicanas e a voz grave. Chamava a atenção sempre que falava.

- Então, vamos lá. Peço que levem suas mochilas e todo o lixo que vocês fizerem no caminho seja guardado na bolsa. – orientou o guarda.

Após mais algumas orientações, ambos seguiram o caminho que desciam em encontro ao mar verde. Era uma descida íngreme. A atenção deveria ser redobrada. A umidade junto com a descida íngreme são fatores que levariam qualquer um ali, a uma queda no meio da folhagem.

Não demorou muito para a natureza presenteá-los: um rio limpo e transparente descia o alto do morro em direção a onde estavam. As pedras douradas do fundo do rio eram visíveis. Esther mostrava uma delas a Léo.

- Estamos ricos, é ouro!! – brincou Esther, segurando uma pedra entre as mãos e mostrando a Léo. Ele riu.

- Podemos comprar uma casa maior que a sua com tudo isso. – falou Léo em tom de brincadeira. Sabia que, apesar de bonitas e parecidas com ouro, não valiam nada.

- São piritas. – explicou Otávio. – Conhecidas como ouro do tolo. Elas vêm de uma caverna que origina esse rio.

Ambos seguiram o percurso guiado pelo guarda-florestal. Uma abundância de árvores foi vista no caminho. Aroeiras, canelas, jequitibás e jatobás enormes eram vistos no local. Um grande caule de uma árvore cebolão estava no caminho. O caule era imerso, e apesar de grande, seu peso era pequeno, característica típica da espécie. Mais a frente, no caminho, um preguiça-de-coleira foi encontrado. Estava subindo, devagar e com paciência, umas das árvores.

- Este é um animal endêmico aqui do Brasil. E pode apenas ser encontrado aqui na mata atlântica. Infelizmente ele corre risco de extinção. Com a destruição das matas, e sobrando apenas pequenas "ilhas" de floresta, o bicho tem que se deslocar e, como diz o próprio nome "preguiça", seu deslocamento é lento, ficando vulnerável aos humanos e predadores. – explicou o guarda.

- Ah, tadinho. – reagiu Victor. Era um amante dos animais. – Posso passar a mão nele? – pediu.

- Pode, claro. Mas com cuidado. – disse o Guarda-florestal.

Mais alguns da turma fizeram o mesmo que Victor, passando a mão no pequeno animal, que, assustado, aumentou o passo e se distanciou da turma de alunos.

A viagem seguiu até o horário do almoço. Pararam em frente a Cachoeira da Pedra Lisa que possuir cerca de trinta metros de altura. Beatriz olhava, maravilhada.

- É muito grande. – disse Beatriz, possivelmente olhando a cachoeira maior do que ela era de verdade, em consequência do efeito das drogas.

- Vamos pular. – gritou Douglas, já retirando a roupa e indo em direção a cachoeira. O almoço ficaria para depois.

Maneiras de Viver Depois de Morrer (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora