mamãe sempre falava que eu precisava chamar beta pra sair. e aí esse dia ela resolveu ir.
embora eu sempre tenha adorado beta, sempre fomos também muito diferentes em estilo, e eu não sabia muito como agir.
tava dançando com ela na pista e conheci um cara que fiquei afim - um modelo ruivo e gato pra cacete. deixei a coitada da menina sozinha e fui dar uns beijos. quando cansei, não achava mais ela de jeito nenhum.já tinha rodado aquela boate 600 vezes até que eu ouvi um "tá se achando maneirona com esse shortinho".
OI?! ah vá né.
olhei pra trás pra ver quem era o babaca que dizia isso e perguntei logo: "que?! que que você disse?"
mas sei lá. alguma coisa nele me fez sentir que ele não era um babaca. vai ver era a carinha bem bonitinha, sorrindo como quem aprontou. vai ver - e pensando bem pode ser bem isso mesmo - foi porque algo em mim lembrou dele na infância e toda aquela candura se traduziu no presente.
ele se fez de sonso e mandou um "prazer, eduardo"
não resisti né. respondi logo "prazer, luisa".ele disse que já tinha me visto passar por ali mil vezes. perguntou o que eu tinha perdido.
a beta.mas o sentimento de perda era tudo que não existia naquele momento.
sentia que eu estava ganhando alguma coisa. não sabia bem o quê. mas sabia.
espertamente ele me disse pra sentar e esperar porque provavelmente ela também estava me procurando.começamos a conversar, e automaticamente viramos dois imensos tagarelas.
falamos da vida, das profissões, da casa da matriz, da camisa dele de tabela periódica, do paul, do show do paul que ele ia no domingo e eu na segunda, e trocamos bbm.
não ficamos.
ele não tentou também. ou, se tentou, foi daquele jeito dele tão sutil que eu nem senti.
e eu já tinha ficado com o tal ruivo modelo. sem contar que já tinha passado a tarde num churrasco com diego, meu ex.então por mais que o fogo no rabo seja infinito, eu não tava com essa disposição toda.
no dia seguinte eu tava na casa da minha tia e ele me escreveu. contou que estava se arrumando pra ir ao show, falou das expectativas, e combinamos de almoçar no dia seguinte no leblon.
fui trabalhar ansiosa e passei a manhã de papo com ele - falando sobre o show do paul.
na hora de sair, desci da empresa e dei de cara com ele do outro lado da rua, me esperando.aquela camisa rosa e branca quadriculadinha. as mangas dobradas, a bermuda, o all-starzinho e o relógio.
tudo nele era lindinho.
o sorriso doce então, era uma das coisas mais fofinhas.andamos até o via 7 e sentamos pra almoçar. eu tinha uma hora de almoço, mas eu tava tão encantada que pela primeira vez na vida eu liguei um tremendo foda-se e fiquei no almoço por 3 horas.
ele me contou que era ator quando criança, que depois tentou ser músico, mas que agora era cineasta. me contou que escrevia filmes, séries pra tv e que estava fazendo o roteiro de um filme de comédia com toda a nova galera do humor no brasil. me contou que é apaixonado pelo fluminense e que gosta mais de sorvete do que da mãe dele. sendo que ele disse também que gosta muito mesmo da mãe dele. eu contei pra ele que tinha crescido em itaperuna, uma cidade no interior do rio em que os preconceitos, as fofocas e as pequenezas imperam. e ele confundiu itaperuna com itaboraí. ele falou que o pai dele era músico, e a mãe figurinista. ah, e contou também que a vó dele já foi miss brasil.
era uma família e tanto. sem falar nos mil irmãos. ele me contou da empresa que estava fechando, contou que tinha terminado o último namoro há mais de um ano e que andava numa fase muito criativa musicalmente.
a conversa foi deliciosa, o almoço também. mas eu fiquei esperando ansiosamente a hora que ele ia me puxar e me dar um beijo, ou a hora que ele ia tentar me achar num canto só pra gente e me beijar de uma vez por todas.
ele só me acompanhou até o trabalho.
e quando chegamos na porta, ao invés de um beijo na bochecha, ele me deu um estalinho.
sério. que menino mais fofo do mundo. um estalinho! por essa eu não esperava... um pouco lerdo? com certeza. eu saquei isso de cara. mas eu sentia que ele sentia prazer em desfrutar das coisas, sem pressa.de alguma maneira aquilo me intrigou e me atraiu muito.
meu total oposto.
meu contrário.
tinha alguma coisa nele que fazia com o que o tempo passasse mais devagar...quando eu voltei pra produtora, eu não sabia onde esconder minha cara. luana me olhou num misto de cumplicidade e raiva e perguntou onde eu tinha ido e porque eu tinha demorado tanto.
"tava almoçando com meu futuro marido. um dia te chamo pra ser madrinha."
eu lembro daquele dia e daquela sensação como se fosse hoje. foi totalmente na brincadeira, mas quando eu falei me fez sentir um "eita" que eu não esqueci mais.
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diários de adultério, um romance de luisa acosta
Romancetrair nunca foi um problema para ela. até o marido descobrir... diários de adultério traz um relato íntimo das aventuras sexuais de uma mulher livre e cheia de desejos, que na ânsia de vivê-los, torna-se refém de seu próprio tesão. quando seu marido...