quando eu cheguei de miami, fui zapear o bumble no rio. achei ótimo porque tem muita gente gringa, que entende um pouco dessa minha realidade de imigrante. tem muita gente também na mesma pegada que eu. vindo a casa pro carnaval.
e foi assim que eu encontrei o ro. que também é do rio - de cabo frio pra ser mais específica - e mora em (!) miami. e mesmo com um infinito de chances da gente se conhecer por lá, fomos nos encontrar porque estávamos ainda mais perto entre o leme e botafogo do que entre edgewater e miami beach.
o ro é mais velho que eu. ele já vai fazer 40 anos daqui a 2 semanas. ele tem um corpo de homem, adulto. um sorriso de homem, barba de homem. não parece um garoto - e eu sempre estou buscando os garotos - mas ele tem um jeito de garoto, um sorriso de garoto, e um jeito de se apaixonar e de se envolver de garoto.
começamos a nos falar no domingo, e não paramos de bater papo o dia inteiro. na segunda a gente tinha planos bem diferentes. eu, solar, tava cheia de blocos, e ele, que é da noite e da farra, queria ir pra uma festa na barra. ele queria estar em todos os lugares. ele era a única pessoa que entendia a minha necessidade de carnaval no rio. de muito. e tanto.
na terça eu acordei bem cedo pro balança o meu coreto. depois, meu irmão e minha cunhada me chamaram pra ir na cachoeira do horto.
quando eu já estava a caminho, o ro apareceu falando que tava saindo da festa. aquela hora. chamei ele pra me encontrar, achando que a chance era zero. ele tava virado e isso já era quase meio dia. só que ele inventou de ir mesmo assim. eu achei ótimo. já tava louca pra conhecê-lo. então ele passou em casa, tomou uma ducha e saiu pra me encontrar.
fiquei ao pé do morro esperando por ele e acabei me desencontrando do meu irmão. quando ele chegou achei ele ainda mais lindo que na foto. achei tudo nele lindo. o sorriso, o cabelo ficando grisalho, a roupinha. subimos até a cachoeira. fazia calor, estava vazio, éramos só eu e ele e a água fria.
menos fria do que o normal de uma cachoeira. mas ainda assim fria o bastante para mim. fria o suficiente para eu não ter coragem de entrar naquelas águas literais e metafóricas: desde que eu contei pra dudu tudo, ainda não tinha ficado com mais ninguém.
mas ele me pegou na mão, me colocou no colo, me abraçou, quente, doce, e me ajudou a tomar coragem. entramos na água e ali, naquele lugar lindo e absolutamente delicioso, todo só pra gente, demos o nosso primeiro beijo. todo o frio se esvaiu. todo o medo se transformou em prazer. o corpo dele perto do meu, pulsando, me aquecendo, me esquentando.
eu não conseguia era entender como ele ainda estava vivo. vai ver era a água fria. vai ver era o md. aceitei de bom grado o carinho e o tempo e o tesão.
mas fiquei muito preocupada dele pifar - agora eu olho pra trás e vejo que ele ainda estava absolutamente bem naquele momento. longe de bater pino...
da cachoeira, e dos beijos deliciosos, quentes e doces, andamos até o la carioca.
nesse momento eu me senti fazendo algo errado. estava dividindo com ele o meu restaurante favorito com dudu.tudo bem, eu já dividi esse restaurante com milhares de amigos. eu amo esse lugar e levo qualquer pessoa lá. mas intimamente é o meu lugar de conforto com dudu. é o lugar que a gente sempre foi pra celebrar as conquistas e alinhar os sonhos. são os pratos que a gente gosta de comer dividindo, roubando um pouquinho um do outro. é o lugar no qual, por várias vezes, a gente se embebedou de sangria e de amor. tão bêbados que voltávamos andando a jardim botânico inteira ao beijos, no meio da madrugada. só parávamos pra ouvir um pouquinho da bíblia quando encontrávamos o pastor - aquela figura que não pode ter mais a cara do JB.
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diários de adultério, um romance de luisa acosta
Romancetrair nunca foi um problema para ela. até o marido descobrir... diários de adultério traz um relato íntimo das aventuras sexuais de uma mulher livre e cheia de desejos, que na ânsia de vivê-los, torna-se refém de seu próprio tesão. quando seu marido...