Novamente Takako conduziu a cerimônia, a expressão séria tão parecida com a de Megumi-sama, que Mikoto imaginou que a jovem com certeza seria como ela quando chegasse à sua idade.
Primeiro, para purificar o ambiente maculado, ela executou uma longa oração, tocando o suzu e cantando com toda a vontade. Mikoto e Sayuri sentiram o efeito do encantamento, a sensação de uma corrente de água morna passando por dentro de seus corpos.
Mal terminara e Takako recomeçou a dançar, a mesma que executara no Santuário Vermelho. Uma barreira amarela cristalina se formou ao redor da montanha e Mikoto espalhou ofuda com o kami de proteção no torii.
Ao terminar, Takako caiu de joelhos, pálida como um fantasma, o rosto coberto de suor e todos os músculos tremendo, como se ela estivesse com frio. Sayuri pôs o braço direito da prima sobre seus ombros, e Mikoto fez o mesmo com o esquerdo.
Lenta e um pouco desajeitadamente, as três desceram as escadas, e ao passar pelo torii, Kurono e Yukio assumiram a tarefa de apoiar Takako no caminho de volta.
-- Fizemos o que podíamos, o resto é com os sacerdotes deste santuário. Agora sim, vai precisar de uma reforma – Sayuri comentou.
No Genbu, a mais velha foi deixada para descansar em sua cama, e Sayuri olhou no computador que o imperador enviara uma mensagem em resposta ao e-mail de Takako.
-- Ele pediu que a gente vá para Kuroi. Quer discutir pessoalmente sobre Yasha e Ao.
-- Então é para lá que iremos – Takako decidiu, ainda deitada.
Quando foi informado sobre a partida das miko, Shin acabou por concordar em viajar com elas, afinal não havia muitas opções de para onde ele ir.
A cidade imperial, capital de Kuroi e de todo Yamato, era muito ao norte, a viagem levaria quase uma semana no Genbu, e como a situação demandava urgência, o capitão e as miko decidiram que elas iriam pegar um trem com uma equipe de sete seguranças, e o navio os encontraria no norte.
A estação ferroviária estava lotada no final da tarde, com centenas de pessoas se espremendo para voltar para casa do trabalho ou da escola, e os olhares de todas essas pessoas se voltavam para Mikoto ao passarem por ela. Mikoto detestava ser baixa para a idade, mas naquele momento ela desejou ser menor ainda, encolher até não ser mais visível.
-- O que foi? Nunca viram uma lutadora profissional de naginata antes? – Sayuri falou para um grupinho de colegiais que começou a cochichar – Vão procurar o que fazer.
-- Agora eu queria ter aceitado aquelas roupas emprestadas – Mikoto murmurou cabisbaixa. Yukio tentou consolá-la.
-- Calma, senhorita, logo estaremos fora daqui.
O trem chegou e uma onda de pessoas avançou nas portas abertas. Ao embarcar, espremida entre um homem de terno e uma estudante universitária, Mikoto pediu:
-- Yukio, por favor, pare de me chamar de senhorita. Você é mais velho do que eu, é estranho.
-- Esse é o tratamento para as duas sacerdotisas principais, mas se isso a deixar mais à vontade, posso chama-la Mikoto-chan.
A jovem cobriu a boca com a mão para sufocar o riso. Não era chamada de Mikoto-chan desde criança, e nunca por alguém mais velho.
-- Só Mikoto está bom.
Não havia metrô na ilha Iruka, então era a primeira vez que a menina andaria num trem. Era mais rápido e menos barulhento, mas tão cheio quanto sempre aparecia na televisão e nos mangás. Foi uma sorte conseguirem lugar para sentar.
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O Conto da Donzela do Santuário
FantasyMikoto é uma miko, uma sacerdotisa de uma pequena ilha, ou era, até um estranho sonho levá-la a de repente fugir de casa, e ir para o lar do maior clã do sacerdócio de todo o continente Yamato. Aparecendo como uma intrusa no meio de uma cerimônia, e...