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Só o olhar selvagem de Akumi era o bastante para fazer qualquer um recuar, mas sua expressão dizia claramente que ela faria muito mais do que isso.

Antes que ela se movesse, no entanto, Yasha a atacou por trás, armada com um punhal. Akumi se transformou em raposa e pulou para longe antes que a mulher a esfaqueasse. Com o movimento de uma cauda, Akumi derrubou Yasha e voltou-se zangada para ela, os dentes afiados à mostra.

-- Você sempre foi um estorvo para nós – ela sibilou – Logo que percebi o que você era, soube que só nos traria problemas. Devia ter me livrado de você no começo, e quando Mikoto nascesse, tudo teria corrido como planejado.

Ainda no chão, Yasha sacou uma pistola e atirou. Akumi ganiu de dor, pega de raspão no ombro, o ferimento já sangrando e tingindo seu pelo alaranjado de vermelho. Yasha sorriu triunfante.

-- O que achou disso, Akumi? Tecnologia humana, que nem a sua magia de raposa consegue igualar. Eu guardei as balas só para você.

Ela destravou a arma e atirou de novo, mas dessa vez Akumi revidou, lançando uma bola de fogo laranja antes de Yasha puxar o gatilho. A mulher precisou se abaixar e acabou disparando contra o teto, e a raposa avançou ferozmente contra ela.

Akumi mordeu o braço que segurava a pistola e cravou os dentes com toda a força. Yasha reprimiu o grito de dor e socou a nogitsune com a mão livre, mas seu punho foi contido por uma das caudas.

Não era apenas a mordida. Yasha sentiu o cansaço dominá-la à medida que sua força desaparecia. Não, sua força não estava desaparecendo, mas sendo drenada por Akumi! Ela podia sentir sua energia escoar da ferida em seu braço para a boca da raposa. Sua cabeça ficava mais leve e a visão embaçava.

-- Chega! – a voz de Mikoto soou distante, e Akumi de repente largou Yasha, desviando de um raio, e a menina investiu com a naginata contra ela.

A raposa abriu a boca e uma parede de fogo laranja cercou o grupo. Novamente o laboratório estava em chamas, mas dessa vez ela não se importava.

Yasha se levantou enquanto ela estava distraída e correu para fora do laboratório. Sayuri não conteve a irritação ao vê-la fugir:

-- Que gratidão por salvarmos sua vida!

Akumi só lançou um breve e impaciente olhar para a covarde, e voltou a concentrar-se nos intrusos.

Mikoto se posicionou para lutar quando sua cabeça voltou a doer como se garras afiadas o comprimissem. Ela largou a naginata e caiu de joelhos, as mãos na cabeça, lutando para manter a consciência.

-- O que foi? Você está bem? – Yukio, Takako e Sayuri vieram em seu socorro, porém, foram contidos antes de chegar a ela.

Três das caudas de Akumi os agarraram como tentáculos, e imediatamente sentiram a força faltar. Takako lutou para se soltar antes que a nogitsune drenasse toda a sua energia, mas só acabou por exauri-la mais rápido. Mikoto só pôde assistir à cena por trás de uma cortina de lágrimas e imobilizada pela dor.

Ao redor, o incêndio novamente se apagou, e Akumi se dirigiu calmamente a Haku e Ame.

-- Ponham Mikoto na câmara de êxtase. Começarei imediatamente o processo de reescrever sua memória. E livrem-se dos corpos desses humanos assim que eu terminar com eles – como nenhum dos dois reagiu, ela engrossou a voz – O que estão fazendo parados? Andem logo!

Haku foi o primeiro a agir, pegou uma das pistolas que Yukio deixara cair e atirou em Akumi. Ele não era bom atirador, e errou o disparo, mas Akumi, que não esperava por isso, largou os três reféns com um sobressalto. Takako, Sayuri e Yukio desabaram assim que foram soltos, pálidos como papel e trêmulos demais para se levantar.

O Conto da Donzela do SantuárioOnde histórias criam vida. Descubra agora