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-- Levem-na para o laboratório. Começarei o processo de reformulação de memória ainda hoje – Akumi assumiu sua forma original, uma raposa de pelos alaranjados do tamanho de um porco e com oito caudas, ondulando atrás dela como as penas de um pavão.

Depois que a nogitsune desapareceu escada abaixo, um tengu subiu e se dirigiu para Mikoto, mas seu peito foi transpassado por uma lâmina a meio caminho, e ele caiu morto diante de Yasha.

-- Um youkai de nível tão baixo não deve tocar na minha irmã – ela disse com desprezo.

Depois de limpar a tanto na roupa do tengu, Yasha a guardou no quimono e falou para a menina, apesar de saber que ela não podia ouvir.

-- Aquilo foi muito interessante de se escutar. Não esperava aquela reação de você, mas até que gostei, maninha – com todo o cuidado ela segurou Mikoto no colo. Reparou na naginata no chão – Essa arma pode ser útil. Alguém pegue-a para mim.

Prontamente, um tanuki apareceu às suas costas e apanhou a naginata com a boca. Yasha retirou-se da torre, levando a menina inconsciente no colo.

*

Haku deu um pulo de quase um palmo quando o grito de Mikoto cortou o silêncio, e correu para a janela mais próxima.

-- Parecia a voz de Mikoto-sama – o gêmeo também se debruçou na janela.

-- Veio de cima. Sabe onde ela pode estar?

-- Tem a torre principal, é a mais alta do castelo. Acho que pode ter vindo de lá.

-- Vamos para lá, ela pode estar em perigo!

Os dois correram para a torre, mas mesmo com sua velocidade superior à de um humano comum, quando chegaram já não havia sinal de Mikoto.

*

Yasha cruzou os mesmos corredores e salas que a viram crescer, e chegou ao laboratório que era praticamente seu quarto na infância. Ali passara horas seguidas testando seus dons na frente de Akumi e seu parceiro nekomata Ikari.

Aquela nogitsune arrogante podia ser a grande mente por trás da incubadora, mas depois do nascimento de suas criações, o trabalho ficava quase inteiramente a cargo do gato, um trabalho que ele desempenhava sem a delicadeza necessária para lidar com uma frágil vida recém-criada.

-- Tenho certeza que se eu não tivesse nascido com esses poderes youkai, se eu fosse um ser humano comum como as "tentativas e erros" que a Akumi mencionou, não teria sobrevivido a todos os testes e experimentos aos quais Ikari me submetia – Yasha parou na beirada de um fosso no canto do laboratório. Era muito profundo para ver o que repousava no fundo, mas ela já sabia – Eu estaria lá embaixo, com os ossos de nossos irmãos e irmãs. E você também, se não fosse uma menina tão especial.

Felizmente o laboratório estava vazio no momento, Ikari devia estar em reunião com Akumi, ou seja lá o que ele fazia no tempo livre.

Havia incontáveis lamparinas a óleo nas paredes. Mesmo assim o lugar era incomodamente mal iluminado, o fogo era a única fonte de luz naquele prédio, e isso era algo do qual ela não sentira falta no mundo humano. Eletricidade era realmente a melhor invenção humana.

-- Eu esperava uma reação negativa, mas não aquela raiva toda de "eu vou matar quem mexer com a minha casa". Deve ter sido um choque maior ainda para Akumi – ela reprimiu uma risada.

Mais para os fundos do laboratório estava uma cadeira com jeito de trono, na qual Yasha sentara muitas vezes em seus anos de infância e com certeza o guarda-costas também se sentara para colocarem uma "coleira" e o comando básico para ser um cão de guarda.

O Conto da Donzela do SantuárioOnde histórias criam vida. Descubra agora