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Ninguém dormiu bem naquela noite, se é que conseguiram pegar no sono, e a manhã trouxe mais notícias ruins. Durante a invasão de Aka, o rei Ayahito tentou lutar quando soltados vermelhos chegaram ao palácio, e durante a batalha, foi gravemente ferido e entrou em coma.

Ao ouvir isso, o rosto de Shin perdeu toda a cor, e ele precisou sentar para evitar um possível e iminente desmaio. A notícia terminou com um pronunciamento do representante de Aka, que dizia que a invasão não fora um ato de guerra, mas uma resposta ao ataque a Kuroi e uma forma de prevenir que o mesmo acontecesse ao país vermelho. O rei Sujin não desejava governar Ao, e pediu que o príncipe Sjin, onde quer que estivesse, retornasse para que pudessem resolver essa questão diplomaticamente.

Kurono desligou a TV e o recinto caiu num silêncio que pesava nos ouvidos. Takako falou com suavidade para Shin:

-- Se você não quiser, ninguém vai te pressionar...

-- Mas eu preciso ir, não é? Sem o meu pai, eu devo resolver isso.

-- Na verdade você não tem nenhuma obrigação, ainda é menor de idade – Kurono explicou – Mas pode pedir ao imperador que aponte um regente para acompanha-lo e governar até você fazer vinte anos, se quiser mesmo ir.

-- Sim, acho que é o melhor a se fazer.

O imperador, já a par dos últimos acontecimentos, rapidamente providenciou um diplomata para falar por Shin, e um avião para leva-lo a Ao naquele mesmo dia. As três meninas deliberaram com o capitão e os seguranças se deviam dividirem-se novamente para ir ao país mais depressa.

-- O avião só vai levar umas poucas horas, poderemos investigar se Yasha ainda está lá. Economizaríamos muito tempo – Sayuri argumentou.

-- E depois de terminarmos, podemos ir para Shiro de lá mesmo – Takako completou.

-- Encontramos vocês lá então – o capitão concordou.

Shin ficou feliz que as miko o acompanhassem, ainda que estranhasse a presença de Haku. Sayuri conseguira algumas roupas atuais para ele, alegando que só o quimono de MIkoto chamava atenção suficiente, e agora o rapaz trajava um casaco e calças jeans completamente comuns, mas seu comportamento ainda destoava do normal.

-- Por que não viajamos de avião mais vezes? – Sayuri pensou alto ao embarcarem. Não era só um avião, mas um jato particular, com assentos espaçosos e confortáveis, e comissários prontos para atender os passageiros a qualquer momento.

-- Nosso fundo de viagem não cobre passagens de primeira classe. Combustível para navio é mais em conta – Takako sentou ao lado da prima.

É claro que Mikoto nunca estivera num avião, por isso foi uma surpresa seus ouvidos estalarem na decolagem, mas Haku se assustou ainda mais, deu um pulo no assento e a jovem gastou um longo tempo para acalmá-lo.

No tempo de viagem, Takako discutiu com Sayuri a melhor forma de prosseguir com a investigação quando chegassem a Ao, e percebeu que Mikoto estava estranhamente calada, encarando a janela com os olhos fora de foco. Nunca a vira daquele jeito antes, e sentou-se ao lado dela.

-- Está tudo bem?

-- Só pensando.

-- Pensando em quê? – Takako insistiu. Mikoto desviou o olhar, hesitante, e respondeu pausadamente:

-- Acho que só estou com saudade de casa. Da minha avó, minha escola...

Takako não soube o que dizer, pois não esperava por essa resposta, mas fazia sentido, afinal Mikoto já estava com elas há quase um mês, em meio a pessoas e lugares desconhecidos, sem falar nos perigos de enfrentar youkai e a guerra recente.

O Conto da Donzela do SantuárioOnde histórias criam vida. Descubra agora