48 - Dia 1

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O lugar era enorme e parecia legal mas admito que estava morrendo de medo de ficar sozinha. Lógico que não ia demonstrar isso pros meus pais

- Bom já vamos filha – minha mãe me olhava meio incerta, como se não quisesse ir – Qualquer coisa que precisar pode pedir pra me ligarem tá? Eu venho correndo

- Mãe – revirei os olhos – Eu já to meio grandinha, não acha não?

- Filha – ela me imitou – Você sempre será meu bebe, não acha não?

Deu uma risada e a abracei, minha mãe era minha maior fortaleza e nós ficamos poucos meses juntas depois de tanto tempo... vou sentir muita falta dela

Meu pai não disse nenhuma palavra mas não precisava, ele só me abraçou forte e me deu um beijo na testa. Fiquei ali sozinha esperando eles irem embora e logo uma mulher veio para me mostrar meu quarto, eu teria que dividir com outro garota

- Esse é quarto que você vai ficar – ela me deu espaço para entrar – e essa é sua companheira de quarto, Anahí

- Oi – Anahí não parecia prestar muita atenção, estava concentrada lendo uma revista

- Oi – disse um pouco sem graça, a moça se retirou e nos deixou sozinhas – Meu nome é Dulce

- Hum... – ela levantou a cabeça e arregalou os olhos – Você tá grávida?

- Sim. - dei um sorriso envergonhada

- Nossa garota você parece que é rápida heim

Não respondi... mas não estava gostando nada nada dela

- Mas diz ai – ela se sentou na cama e me olhava curiosa – falta muito pra nascer?

- Não muito – comecei a desarrumar as poucas coisas que tinha trazido – Uns dois meses

- Hum... você só trouxe isso? – olhou com pouco caso pra minha mala

- Não – dei um sorriso falso – Meus pais vão vir trazer o resto das minhas coisas amanhã

- Saquei... internação de emergência pelo visto – ela me olhava – eu sei que não tenho moral para dar conselhos mas você não acha que se queria ser uma drogada ao menos não engravidasse?

- Você não acha que se mete onde não é chamada? – a olhei brava perdendo a paciência

- Calma não fica nervosa – ela deu uma risada – Não te perturbo mais prometo

- ótimo – deitei na cama

O silêncio não durou nem 5 minutos e ela começou denovo

- Você é viciada em que? – ela perguntou enquanto examinava as próprias unhas

- Cocaína e você? 

- Em nada. Não sou viciada, sabe como é né? Você usa de vez em quando e todo mundo acha que você e um viciado – revirou os olhos

- Sei... – disse desconfiada, ela nem assumia que tinha um problema ainda, péssimo sinal!

- Mas eu usava ecstasy as vezes nas festas, era o maior barato! – ela dizia animada

- Você está aqui há muito tempo?

- Um mês só... mas parece uma eternidade – suspirou – não tem nada pra fazer! Sinto falta da minha vida

- Como era a sua vida?

- Eu estudo Relações Públicas sabe? – falou animada – E a faculdade é um máximo, as festas são as melhores, eu ia para todas

- Mas e os seus amigos? – Dulce a analisou, ela parecia tão.... imatura

- Tenho muitos! Conheço bastante gente

- E namorado você tinha? – comecei a prestar atenção na conversa, era bom conversar pra se distrair pelo menos

- Tenho – ela mudou rapidamente de feição – ele foi um dos que colocou na cabeça que eu preciso de ajuda – disse com magoa

- E vocês ainda se veem? - eu senti um pouco de inveja dela

- Ele vem me visitar – Anahí parecia não querer falar muito disso – Mas eu não o perdoei por ter feito isso comigo

- Entendi

- E você tem namorado? – eu também não queria falar sobe aquilo

- Não sei... tenho um relacionamento complicado

- Sei mas ele é o pai do bebe?

- Não – fique um pouco sem graça – Longa historia

- Saquei – ela tentou esconder a surpresa – Bom – ela se levantou da cama – chega de papo furado – ela me puxou – vem comigo que te apresento as outras vitimas desse lugar

Eu dei uma risada e fui com ela. Ainda não tinha decidido se gostava dela ou não. Ela é maluca demais para se chegar a uma conclusão

(Christopher)

Liguei para os pais dela e consegui o endereço do lugar, peguei o que queria e fui pro lugar. No caminho várias coisas me vieram a cabeça, era incrível como quando a Dulce aparecia na sua vida ele sempre deixava a própria vida de lado por causa dela. Estava feliz que Dulce tenha dado esse passo por conta própria, também iria aproveitar esse tempo para reorganizar e voltar a viver, precisava cuidar um pouco de si mesmo.

(Dulce)

Passei o resto do dia conversando e conhecendo as outras meninas. Elas eram legais mas com o passar das horas a realidade de que não estava em casa e teria que passar dias ali parecia me assombrar cada vez mais.

- O que foi Dul? – Any me perguntou

- Nada por que?

- Você ficou calada de repente

- Só estou pensando... no tempo que vou passar aqui

- Eu sei como você se sente, mas garanto que vão te ajudar – deu um sorriso – Faça isso por você e pelo bebe

- Eu estou aqui por ele – a olhei – Se não estivesse grávida acho que não conseguiria.
Mudando um pouco de assunto...Any como são os dias de visita aqui?

- Uma vez por semana só – suspirou – passa super rápido mas são as regras daqui, esse lugar é super restrito e rígido

- E seu namorado vem todo final de semana te ver?

- Sim – deu um sorriso – Não sei se é por culpa por me colocar aqui ou por que gosta de mim

- Claro que é por que gosta de você Any! Se ele se sentisse culpado ele nem viria

- Verdade e será que o seu vai vir te visitar?

- Não sei... – a olhei – na verdade não sei se quero que ele venha, acho que precisamos nos afastar

Uma senhora se aproximou interrompendo a conversa

- Dulce María? – olhei pra ela – Tem um rapaz a sua espera, só permitimos por que é seu primeiro dia e ele disse que veio se despedir e por que seus pais autorizaram mas não haverá próxima vez ok? – ela me olhou severa

- Certo – me levantei e corri... sabia que era Christopher

Dulce María Drogada e Prostituída (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora