62 - Santos

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- Ninguém vai nos ver Dul – ele disse ao meu ouvido antes de beijar meu pescoço e por um momento me deixei levar. Suas mãos passeavam pelo meu corpo, Christopher logo começou a subir meu vestido mas uma musica que eu conhecia bem me trouxe de volta.

- Christopher meu celular – tentei sair do colo dele mas ele me segurou

- Deixa tocar amor – tentou me convencer

- Pode ser importante – ouvi ele bufar mas ignorei pois estava mais concentrada em achar o celular na bolsa – Alô

- Dulce até que enfim! – Alma falou um pouco aflita – Você vai demorar? O Lipe acordou e só chora. Ele teve um pesadelo e você sabe que ele só se acalma com você por perto

- Já to na porta mãe – me arrumei o mais rápido que pude – Desculpa Chris mas o lipe acordou e teve um pesadelo, ele precisa de mim

- Tudo bem fazer o que – ele tentou esconder o desapontamento – Não dá pra competir com ele

- São amores diferentes não tem essa de competir – o repreendi

- Eu sei eu sei... só uma forma de falar – ele me disse na defensiva

- Certo... bom já vou – fui abrindo a porta e ele segurou meu braço

- Não ganho nenhum beijo?

- Desculpa – me aproximei para dar um beijo rápido mas ele logo segurou minha nuca aprofundando o beijo – Christopher!

- Desculpe desculpe – ele levantou as mãos – Prometo que não faço mais isso mas a culpa é sua

- Minha?

- Sim... fica com esses vestidinhos ai e depois reclama – ele fingiu que estava com ciúmes

- Bobo, agora já vou – sai do carro quase correndo e entrei em casa, subindo logo para o quarto de Lipe que do corredor já dava para ouvir seu choro

- Eu quero a mamãe – eu o ouvi dizer entre os soluços

- Ela já tá chegando – Alma já estava exausta

- Cheguei já – coloquei a cabeça pra dentro do quarto e lipe correu assim que me viu, abraçando as minhas pernas

- Mamãe você chegou – ele me olhou com os olhinhos cheios de lágrimas – você disse que sempre estaria aqui quando eu tivesse pesadelos e não estava

- Desculpa filho – senti meu coração partido – Mas eu to aqui agora e vou ficar com você até você dormir

- E não vai mais embora? – me olhou magoado

- Não eu prometo – o peguei no colo e levei pra cama, ele estava tão cansado que não demorou pra dormir

- Você demorou Dulce – Alma me repreendeu assim que sai do quarto – Já viu que é complicado deixar o Lipe com a gente né?

- Sim eu vi, obrigada por ficar com ele hoje

- Tudo bem – ela deu um beijo na minha testa – queria perguntar como foi e etc mas to com muito sono pra isso portanto boa noite

- Boa noite – dei uma risada, não tinha como não rir do jeito de Alma

Liguei pra Christopher assim que entrei no meu quarto

- Já chegou?

- Acabei de chegar e ai como o Lipe tá?

- Já dormiu, mas me cortou o coração vê-lo triste daquele jeito – desabafei

- Tenho que começar a me educar e ver que você tem filho agora, um dia só com você é muito difícil

- Eu diria impossível

- Poxa Dul.... eu estava tentando me consolar ok? Você não me motiva muito assim – ele disse manhoso

- Desculpe – segurei o riso – tenho que controlar minha sinceridade. Amor eu to super cansada, nos vemos amanha?

- Claro, posso arrumar um espaço na minha agenda pra você

- Devo me sentir honrada?

- Obvio, eu sou muito concorrido

- Devo ficar com ciúmes? – me fingi de brava

- Não não –  riu – Até amanha Dul

- Boa noite

- Te amo – eu desliguei sem responder... mais uma vez

Assim que sai do trabalho fui correndo buscar o Lipe, já estava atrasada pois cheguei no serviço de última hora e não consegui sair na hora de sempre. Cheguei o mais rápido que pude e entrei na escolinha praticamente voando porque sabia que Lipe ficava chateado quando me atrasava. Procurei ele no pátio e havia poucas crianças lá mas nenhuma delas era ele. A escolinha era grande e o procurei pelos corredores e nada. Meu coração começou a apertar, eu não tinha um bom pressentimento sobre isso.

Comecei a procurar a professora, corria pelos corredores por que sentia que tinha algo acontecendo

Assim que avistei a professora corri até ela, com o coração acelerado

- Professora cadê meu filho?

- Ele saiu há algum tempo com o pai dele – ela me olhou confusa

- O pai dele? – senti um pânico me invadir, meu deus ele não podia ter levado meu filho – Como ele era? – ela me olhou preocupada, o descrevendo e a cada palavra que ela dizia só confirmava o que eu temia, era Santos – Faz muito tempo que eles saíram? Você viu pra onde e em que carro foram?

- Não... eu não vi – ela ficou tão assustada quanto eu.

Sai da escola as pressas mas não sabia pra onde ir

Não fazia a mínima ideia de onde procurar meu filho e as lágrimas de desespero começaram a surgir. Logo ouvi meu próprio soluço, o que eu mais temia estava acontecendo, ele cumpriu a ameaça. Ele estava tentando me atingir e estava conseguindo

Respirei fundo e peguei o celular para ligar pra Christopher

- Oi amor – ele atendeu tranquilo e eu tentava controlar meus soluços – Dulce?

- Chris – consegui falar apesar da voz embargada – levaram ele – comecei a chorar de novo – Santos levou o lipe

- Dulce fica calma me diz quando foi isso?

- Agora.... faz um tempo, não sei – falei nervosa – Eu fui buscar o Lipe na creche e quando cheguei ele não tava lá. A professora disse que tinham levado ele, ela me descreveu ele e era Santos Christopher! – falei tudo atropelado, nervosa demais pra dizer algo totalmente coerente

- Onde você está?

- Tô em frente a creche, no carro – olhei pra rua na esperança de ver Lipe em algum lugar, mesmo no fundo sabendo que isso não iria acontecer

- Não sai dai! Ele pode aparecer e também você não tá em condições de dirigir – ele falava sério e um pouco autoritário – Eu vou fazer o que eu puder, te encontro assim que possível okay?

- Tá – não consegui dizer mais nada e desliguei. Encostei a cabeça no volante e chorei, só conseguia pensar que ele tinha conseguido roubar o que eu mais amava

Dulce María Drogada e Prostituída (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora