53 - Uma Chance

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Tive dificuldade em me concentrar no meu trabalho e a reunião pareceu demorar uma eternidade.

Quando finalmente a reunião acabou fiquei olhando pro computador fingindo que estava concentrada em algo

Quando Christopher passou por mim. Fingi não nota-lo mas ele parou em frente a minha mesa me encarando

- Quem diria heim – ele deu um sorrisinho – Depois de tantos anos nos encontramos

- Pois é – tentei parecer calma – Como você está?

- Bem e como você está? E o seu filho?

- Estamos ótimos – o telefone tocou e era meu chefe me chamando na sua sala para o meu alívio – Se me der licença tenho que ir

- Você não me escapa Dulce – ele disse calmamente e depois indo embora

O dia transcorreu normalmente e já estava no estacionamento quando o vi encostado em um carro

- O que está fazendo aqui? – perguntei

- Te esperando

- Esse tempo todo? – perguntei chocada – O que você quer comigo?

- Acho que você sabe muito bem a resposta – ele se aproximou e eu recuei – Calma Dul, antes você não era tão desconfiada

- Antes eu te conhecia....

- Mas você me conhece – ele tocou meu cabelo – A essência das pessoas não muda pequena

- As pessoas mudam... – disse amarga – Eu mudei e me desculpe mas tenho que ir

- Eu também mudei Dulce – ele me disse baixinho – Mudei ao ponto de reconhecer que cometi vários erros com você, mas não vou te deixar escapar

- Você já me disse isso antes – o olhei – E repetiu os erros

- Não posso negar que é verdade – por um momento vi ele perder a atitude calma e demonstrar algum sentimento – O que faço pra provar que mudei?

- Você não precisa me provar nada – dei um meio sorriso – Nada do que você possa fazer vai apagar o passado e eu já não posso arriscar por amor, eu tenho responsabilidades agora – me virei e fui embora o deixando sozinho no estacionamento

Segui todo o caminho de volta pensativa mas ao mesmo tempo orgulhosa de mim mesma, não iria voltar aquela montanha-russa emocional que era sua vida com Christopher

Assim que cheguei em casa levei Lipe pra ir ao parque e me distrai um pouco. Quando já estávamos voltando dei de cara com Christopher mais uma vez

- Você está me seguindo?

- Não, eu fui na sua casa e me avisaram que você estava aqui

- Sei... e o que você quer comigo?

- Só queria te entregar isso – ele me deu um buque de rosas vermelhas – E te convidar pra jantar

- Quem é ele, mamãe? – Lipe puxou minha blusa e olhava pra ele de cara feia

- Filho esse é o Christopher, um conhecido da mamãe

- Mais que um conhecido – ele me olhou sério – Oi Felipe, tudo bem? – ele balançou a cabeça – Eu vi você quando era um bebezinho e tinha acabado de nascer, você cresceu muito

- mamãe quero ir pra casa – Felipe ignorava Christopher

- Já vamos filho – olhei pra Christopher – se não se importa tenho que ir e quanto ao jantar.... sinto muito mas não posso aceitar

- Vamos mamãe... – Lipe me puxava mas Christopher me segurou

- Eu só quero conversar ok? Por favor... preciso falar com você

- Não acho uma boa ideia

- De qualquer forma eu vou te esperar nesse endereço às 22h – ele pegou um papel, anotou e entregou a ela – Por favor me dê essa chance – ele olhou pra Felipe – Tchau garoto!

Eu não falei nada e fui embora, Lipe me encheu de perguntas o caminho inteiro, claramente enciumado

Mesmo depois de todos aqueles anos Dulce mexia com ele e muito, já não era mais o garoto de antes e agora via o mundo de uma forma diferente, tinha crescido e amadurecido nesses anos e aprendido com os próprios erros, as vezes precisamos perder as pessoas para verem o quanto elas são valiosas, Dulce tinha mudado e parecia não precisar nem querer ele por perto, mas ele queria ela por perto e ia lutar por ela, lutar de verdade dessa vez...

Já estava no restaurante há algum tempo, tempo que parecia uma eternidade inclusive. Nada dela chegar

Aquele estava sendo um claro não da parte dela e demonstrava quanta magoa ela tinha dele.

- Mamãe? – Lipe me olhou enquanto eu o colocava pra dormir

- Oi? – Interrompi a historinha que estava lendo pra ele

- Posso fazer uma pergunta? Você não vai ficar brava?

- Pode filho claro – estranhei o tom dele

- É que todo mundo na escolinha tem pai menos eu... por que eu não tenho pai?

- Filho – aquilo era de cortar o coração – Você tem pai sim e ele te ama muito só que ele mora muito longe e não pode vir te ver

- Mas eu não posso ir ver ele? – ele me olhou triste

- Não Lipe não pode mas pensa só, você tem a mamãe com você, o vovô e a vovó e nós te amamos tanto

- Eu sei mas eu queria ter um pai como todo mundo – ele fez bico

- Você tem ele só não pode estar com você agora

- Mamãe... você nunca vai embora como meu pai não é – ele me olhava com medo

- Não, eu vou sempre estar com você, sempre sempre

- Promete?

- Prometo - acariciei o cabelo dele – agora vamos dormir garotinho

- Mamãe eu não sou um garotinho

- A não?

- Não. Vovô disse que sou o homem da casa e tenho que cuidar de você – ele disse orgulhoso

- Então tá homenzinho, está na hora de dormir

- Você fica comigo até eu dormir mamãe?

- Só dessa vez ta?

- Certo. Boa noite mamãe

- Boa Noite – o cobri e acariciei seu cabelo até ele dormir

Ele era a pessoa mais importante da sua vida.

Já era 21h e eu ainda não tinha decidido se ia ou não....

Dulce María Drogada e Prostituída (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora