Capítulo 16

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  Chegamos à piscina e nos deparamos com algo totalmente diferente da rotina sombria daquela casa. O espaço era uma mistura de casamento, boate, restaurante e aniversário. Ela desta vez havia se superado. Me lembro muito pouco dessa versão festeira da minha tia, mas estava tudo lindo, ela realmente queria se dar aquele presente, ela havia caprichado.
  - Voi lá! Gritava ela de dentro da piscina, deitada num colchão inflável, sempre acompanhada da sua taça.
  Como tinha dito, ela construiu um ambiente totalmente psicodélico, balões de ar, faziam um arco no chuveiro em que a gente se banhava antes de entrar na piscina, nos corrimãos que cercava ela, arranjos de flores se enfileiravam com suas fitas rosa balançando com o vento, no canto mais espaçoso ela improvisou um bar, com várias garrafas de diferentes bebidas, até garrafas que piscavam tinha. No canto oposto desse bar uma mesa de frios e bem coladinho a ela, outra mesa com muita comida.
  Olhávamos para aquilo tudo atônitos, enquanto não tínhamos ainda encontrado resposta, para a sua pergunta.
  - Ei! ... Gostaram? - gritou ela.
  - Adorei! - gritou meu primo, pegando uma garrafa de cerveja de dentro de um freezer abarrotado. E se jogou na piscina.
  Pablo contido do meu lado, nem parecia aquele moleque tarado, doido para pegar minha tia. Mal sabia ele que tinha se tornado a caça muito antes de tentar ser o caçador. Minha tinha notando sua inibição gritou para ele ficar a vontade, comer e beber o que quisesse e que não deixasse de usar a piscina.
  - Esqueceu o nosso trato Pablo? Ou se intimidou? - Falei em seu ouvido, com receio que ele desse pra trás.
  - Como você deve saber meu amigo que não fala muito, homens quando tem seu orgulho ferido se transformam. E com ele não foi diferente. - Pablo empinou o peito como um galo de briga, ajeitou a apertada sunga de praia, colocou uma azeitona preta recheada na boca e mergulhou.
  Sentei numa cadeira, peguei uma água, um pastel e fiquei observando a disputa entre minha tia e meu primo pela atenção do meu namorado. Chegava a ser patético. Juro que se eu gostasse dele para além do meu propósito, te juro que acabava com aquela palhaçada, bem rápido, mas como o plano estava correndo quase nos eixos, não teria porque me meter.
  Minha tia fingindo cair da boia em que estava se atirou aos braços dele, que a amparou e a colocou de pé com seu corpo colado ao dele.
  - Tão leve... Tão firme. - disse Pablo ao pegá-la nos braços.
  Minha tia fingindo certa timidez soltou de seus braços, se encolheu, enquanto se afastava agradecendo pelo elogio. Foi para borda da piscina e pediu para que ele a ajudasse a subir. Sendo segurada mais uma vez pelos braços que ela gostaria de explorar das mais diversas formas.
  Eu olhava tudo enquanto bebia minha água, mas uma situação que me chamou a atenção, foi o fato do meu primo ter se tornado uma máquina de esvaziar garrafas de cerveja. Uma depois da outra e não deu uma hora e já estava tomado pela bebedeira. Alterado, gritou algumas coisas sem nexo e caiu sentado na borda. Corri na mesa para pegar açúcar para pôr na água para que ele pudesse beber, suando muito e com o corpo gelado, vomitou todo o chão no canto em que eu o tinha levado. Minha tia estava tão fissurada em Pablo que ignorou por completo o fato de seu filho estar colocando os "órgãos" para fora. Achei horrível, por um lado, uma mãe ignorar por completo um filho nitidamente debilitado, que precisava de ajuda, só por excitação. Mas por outro, adorava ver meu plano de vingança chegando perto de algo concreto.
  Juro que naquele momento me senti muito mal, por pensar que era benéfico meu primo ficar doente, mas logo tratei de focar, cuidava dele enquanto via minha tia se aproximando de Pablo sorrateiramente, como se fosse uma cobra se preparando para dar o bote certeiro.
  Mergulhou, foi numa borda da piscina, voltou nadando e parou bem a sua frente, passou a mão em seu queixo, soltou um leve sorriso e falou algo que não consegui ouvir, porque estavam longe e a música nas alturas abafava toda a conversa. Não passou muito tempo, minha tia saiu da piscina, para não falar que não nos deu atenção, passou por nós olhando para Felipe com um olhar de reprovação e saiu da área da piscina, se insinuando ainda mais, para quem quisesse ver.
  Assim que saiu de nosso campo de visão, Pablo se aproximou, sem falar nada confirmou que algo iria rolar e seria naquele momento. Acenei para que fosse, ele apontou para o pulso como se tivesse que esperar um tempo antes de sair. Encostei a cabeça de Felipe no chão, e o chamei mais para perto da mesa para saber dos detalhes naquele tempo que faltava.
  - Nada demais. - ele disse e continuou. - depois que ela deu aquele mergulho e se aproximou de mim, elogiou meus lábios, falando que eram carnudos e bonitos e assim que passou a mão no meu queixo, falou que queria me beijar. Foi quando olhei de relance pra você, quando ela percebeu, propôs que eu fosse encontrá-la na cozinha, com a desculpa que precisava ir ao banheiro e se perguntassem por ela, era pra dizer que tinha ido ao seu quarto buscar o protetor solar ou algo assim.
  - Escute! - Cochichei... - Faça tudo, mas não entre no depósito, pois não dará para ver ou filmar nada, não vou conseguir às provas que eu quero. Leve-a para a sala dos funcionários, lá tem uma mesa grande e se deixar a porta entreaberta, vou conseguir ver algo.
  Pablo seguiu ao encontro dela, depois de passado os minutos de espera, olhou algumas vezes para trás até sumir para dentro da casa. Eu esperei por dois minutos, pois minha ansiedade me consumia. Deixei meu primo seguro, o mais distante da piscina o possível, para que não rolasse e se afogasse, foi aí que lembrei que meu celular tinha ficado em meu quarto, dentro da minha bolsa. Na pressa de colocar tudo para funcionar, acabei esquecendo o principal. Tentei ser rápida e cuidadosa ao mesmo tempo, para que nenhum barulho desviasse a atenção deles. Seria a última coisa que queria naquela altura do campeonato. No meu quarto, percebi que Pablo era um bagunceiro de marca maior, as poucas roupas que ele havia levado, estavam todas espalhadas. Tive que tirar peça por peça até encontrar o bendito telefone, entre uma cueca e uma camiseta surrada.
  Peguei o bendito, coloquei na câmera e na medida do possível, corri para pegar o auge da minha vingança. Desci as escadas, nas pontas dos pés, segurando o corrimão, para não rolar escada abaixo. Cheguei na sala às pressas já preparada para correr até a cozinha, mas para minha decepção me deparei com minha tia voltando, retocando o batom e o biquíni toda sorridente. Me escondi atrás das cortinas da sala até ela passar e esperei ainda atrás dela, Pablo passar para saber o que aconteceu. Segundos depois ele veio andando muito irritado, saí de trás da cortina e perguntei o que ele havia feito pra que ela tivesse sido tão rápido. - Você falhou? - Perguntei.
  Depois de negar de forma viril e irritada a minha pergunta, ele me explicou que por culpa minha não rolou nada naquela hora. Me perguntei se teria feito algum barulho, nessa minha busca pelo celular, mas logo disse que minha tia estava com medo que eu aparecesse e pegasse os dois se beijando.
  - Você deveria estar dormindo, ou fingindo, para que rolasse. - Disse ele. - Pra rolar você vai ter que dormir, entende?
  Claro que tinha entendido, ela só iria fazer algo se não tivesse o risco de ser pega. Ela tinha planejado tudo friamente calculado para aquele final de semana, sem erros. Mas ela não contava que Pablo estava comigo nessa. Ou contava? Naquele momento a neurose começava a soprar em meus ouvidos e as notícias não eram nada boas. Naquela hora passava pela minha cabeça que ela tinha se antecipado e de alguma forma descoberto meu plano, estava manipulando tudo para que desse tudo errado e no final me mostraria o quanto eu era previsível. Mas logo Pablo me trouxe de volta para a realidade e reavivou minha esperança, dizendo que se caso ela se sentisse segura com o risco de interrupção, hoje a noite rolaria, mas somente na madrugada.
  Ele falava com certo orgulho e desejo, que mesmo não gostando dele me senti um pouco desrespeitada com aquele tom, mas ignorei, pois tinha minhas prioridades. Pedi para que ele retornasse a piscina, que eu iria enrolar um pouco em meu quarto. - Se ela perguntar diga que vai ver se estou bem, vem no meu quarto e depois volta pra ver se ela tenta mais alguma coisa.
  Porém, naquele dia nada mais entre eles aconteceu, meia hora depois que cheguei à piscina, vi meu primo bem melhor, tomando um refrigerante debaixo da sobrinha, ainda grogue pela bebedeira, minha tia do lado dele me viu chegando, mas logo voltou os olhos para a piscina e Pablo um pouco distante dos dois, deitado na borda, com uma das pernas para dentro d'água. Sim toda aquela agitação do começo amornou. Peguei uma cerveja, abri e fui em direção ao meu primo para perguntar como ele estava se sentindo.
  - Coma alguma coisa se for exagerar como ele, pra não passar a mesma vergonha. - Disse minha tia, antes de mergulhar e buscar mais uma taça de prosecco. Como se ela fosse uma ótima referência de sobriedade. Enfim, quando o sol caiu, já tinha bebido umas cinco garrafas dessas long neck e começava acender um fogo dentro de mim, tanto que não parava de olhar para aquele corpo atlético, dentro daquela roupa de praia. Meu desejo começava a me consumir, vendo cada gota de água escorrer pelo seu corpo vagarosamente. Foi então que pela primeira vez no dia fui buscar meu namorado, para sublimar meu desejo carnal reprimido por anos. Nunca tinha sentido tanto desejo por ele como naquele dia. Dei um beijo no rosto, pedi para que se cuidasse, me despedi da minha tia, com a desculpa que estávamos cansados, peguei Pablo pela mão e o levei para o meu quarto. - Vou guardar os detalhes sórdidos pra mim, já que não é necessário ficar falando das minhas intimidades para você.
  - É você quem sabe Maria, estou aqui só pra ouvir... Tô doida pra saber aonde essa sua história de vingança vai levar.   - Mas você gosta de uma história.
  - Não vou negar.
  - Pois bem. No dia seguinte, por volta de onze da manhã, acordei com o som nas alturas. Vi Pablo tombado nu ao meu lado, levantei, depois de ir ao banheiro, coloquei meu biquíni e uma canga na cintura e desci para ver o que a maluca da minha tia já estava aprontando. Mas para minha surpresa, encontrei Felipe dançando distraído com um copo de tequila e uma vassoura nas mãos. Tentei lhe dar um susto, mas ele me viu antes que pudesse. Dei um abraço nele, perguntei o que ele estava bebendo várias vezes, mas com o som as alturas, não dava pra ele sequer ouvir uma palavra. Deixei pra lá e fiquei tranquila, por ver que ele estava alerta, limpando e reorganizando a bagunça que deixamos na piscina. Mais que depressa fui ao depósito, peguei outra vassoura e me dispus a limpar com ele.
  - Você amava seu primo?
  - Sério que você me pergunta isso nessa altura do campeonato? Eu já dei a entender que sim para o senhor doutor, nas várias histórias que contei.
  - Já tinha presumido Maria, só queria a confirmação, mas já a tenho. Pode continuar se quiser.
  - Foi então que eu tive uma ideia não muito ortodoxa. Pensando bem, não teve nada de ortodoxa. Pra mim já tinha caído a ficha de que aquilo que Felipe apresentava era uma caricatura de quem ele realmente gostaria de ser, com isso em mente, pensei em deixá-lo feliz lhe dando um presente que ele gostaria muito de ganhar.
  Deixei a vassoura de lado, fui ao som, desliguei e caminhei em sua direção com um sorriso convidativo, tentando quebrar a seriedade dele para comigo, por ter desligado o som.
  - Pode tirar essa cara de irritação!... Tenho um presente pra te dar.
  Felipe olhou para as minhas mãos e disse que era pra eu deixá-lo se divertir sozinho, já que eu não estava mais afim. Segurei seus ombros, puxei seu corpo na direção do meu, e na ponta do pé, fiquei cara a cara com ele, uma vontade de beija-lo me veio, mas sabia que seria rechaçada, então disse que o presente que estava oferecendo, estava no meu quarto, totalmente nu. Foi à única coisa que me veio à mente que realmente o deixaria um pouco mais feliz. - Sei que sua paixão por ele é real, então vou deixar você tentar a sorte com ele.
  No início ele pensou que fosse uma brincadeira de mau gosto, mas depois de tanto insistir, ele pagou pra ver. Encostou a vassoura na parede e subiu às escadas correndo em direção ao meu quarto. Não sabia se me sentia triste ou feliz, mas acho que esse ato, de alguma forma foi bom pra ele. Pois ao voltar, junto com Pablo, já emanava uma felicidade e confiança em si, que há muito tempo não via.
  - Mana!...
  - Me poupe dos detalhes sórdidos! Gritei.
  - Vamos beber que hoje o dia promete! Mas, o que aconteceu ficará no seu imaginário.
  Fomos para a área da piscina embalados ao som de Hip Hop. Enquanto andávamos, pensava se Pablo seria bissexual ou se fez aquilo para me agradar. O puxei pelo braço e o lembrei do nosso propósito.
  - Estou fazendo tudo o que você quer. - disse ele e continuou com um tom irônico, diferente da sua forma submissa. - Pelo visto, se continuar nesse ritmo, vou transar com a família toda. - Dei uma tapa nas costas de brincadeira e o chamei de abusado enquanto ele pegava uns salgadinhos na mesa e eu as cervejas no freezer. Quando vi Felipe correndo em nossa direção e me deixando surpresa com a proposta dele.
  - Me deixe ver se entendi direito. - disse Pablo boquiaberto. - você está sugerindo isso mesmo?... Pronto virei brinquedo sexual.
  - Para de se fazer bofe. - disse meu primo rindo. - sinto cheiro de excitação de longe, tanto o seu quanto o dela. Nesse momento pensei se ele sentiria esse cheiro exalando de mim quando estava ao seu lado, mas tive que voltar para a realidade e intervir na conversa. Coloquei as cartas na mesa, mas organizada da minha forma. Contei a ele que minha tia já tinha beijado Pablo na cozinha, mas que ficou com medo do que a gente iria pensar dela.
  - Desculpe Jesus, mas minha mãe é infeliz com aquele marido de merda que ela tem. Se eu pego, iria bater palmas e ainda pedir pra participar.
  - Vocês são loucos! - Exclamou Pablo gargalhando.
  - Então, temos que dar um jeito de deixar minha mamis sozinha com o Pablitinho aqui. O que sugerem?
  - O que acha da gente fingir que estamos bêbados...
  - Não!
  - Mas nem se vocês apagarem de tão bêbados?
  - Mona e bofe, minha mãe dorme a base de remédio e prosecco, vocês acham mesmo que ela não vai perceber que estamos fingindo?
  - O que vamos fazer então? - perguntei.
  Ele parou por alguns minutos, olhando para todas as direções, começou a andar e olhar as coisas, até que parou.
  - O que tem de pouco aqui, que teremos que sair pra comprar?
  O fato de ter de sair, me deixou tensa, pois não teria como registrar os dois, meu plano iria por água abaixo, então propus que fizéssemos isso, mas ficássemos escondidos em casa.
  - Mona, acho que você não entendeu minha mãe só vai transar com o gostoso aqui, se vir a gente saindo pela porta da frente. Só depois disso que ela fará alguma coisa. Conheço meu gado, vai por mim.
  - Você se lembra meu príncipe, que você até pensou que eu estivesse com ciúmes, porque tinha ficado com a cara amarrada?
  - Me deixa adivinhar. Você não tomou seu remédio! Acertei?
  - Amor, a Miriam foi embora mais cedo hoje e eu não quero ficar sozinha nessa gaiola que eles chamam de quarto. Me ouve só um pouquinho?... Então... - Depois te ter aceitado o seu plano, fui disfarçadamente na direção do Pablo para arquitetar um novo plano, sem que você percebesse.
  Pedi para que ele levasse minha tia para o seu quarto, alegando que no meu e no dela seria uma falta de respeito ainda maior com seus pares e na parte de baixo não teria muito tempo para reagir caso chegasse alguém. Assim que estava tudo combinado com Pablo, deixei vocês dois lá na piscina e fui esconder o celular filmando atrás de alguma coisa, mas vi que não seria uma boa ideia. Imagina receber alguma ligação ou mensagem? Estragaria tudo. Foi então que recorri à velha e querida webcam.
  Liguei o PC do Felipe e deixei gravando, com a tela do computador apagada e voltei para a piscina. No caminho encontrei com minha tia vindo da cozinha, estranhei quando vi sua ousadia coberta por uma saída de praia estampada, ocultando as curvas mais ousadas do seu corpo, acompanhada da sempre presente taça de prosecco, que parecia estar colada em sua mão. Mas na piscina percebi que tudo não passava de uma encenação para chamar mais atenção. Ao tirar a saída de praia um biquíni diferente do anterior, mas com uma intenção ainda maior se mostrava.
  - Transparente. - comentou Pablo consigo, de uma forma audível e tão discreta quanto o biquíni da minha tia.
  - Mamis tá poderosa! Arrasou! - Comemorava meu primo, indo à loucura com o visual mais que ousado.
  E eu já sabia no que iria dar tudo àquilo ou pra quem ela daria tudo aquilo, sorri, assoviei e bati palmas junto do meu primo.
  Às horas se passaram embaladas por vários ritmos e regadas por vários tipos de bebidas, tudo estava indo maravilhosamente bem, todos relaxados se divertindo, menos eu que por dentro estava tensa querendo que tudo acontecesse mais depressa. Até que meu primo gritou do outro lado da piscina.
  - Cadê as empadinhas que estavam aqui, aí! Não acredito que comeram tudo! - Mamis você comprou?... Eu juro que ontem eu tinha visto, tinha até comido algumas.
  Minha tia respondeu não saber do que ele estava falando, ele então, com toda sua encenação disse que estava com desejo e poderia estar esperando um filho, enquanto olhava para Pablo. Que rindo falou que não assumiria a paternidade. Eu me intrometi dei a ideia de pedir pelo telefone. Se saíssem raios dos olhos do meu primo, naquele instante eu estaria morta.
  - Que Mané telefone mona, vai demorar mais e ainda vai vir cheia de ranço, eles colocam as mais velhas e requentadas pra ser entregue, lá a gente vai poder escolher. Vem comigo sua cachorra!
  - Espera, eu também vou. - gritou Pablo de dentro da piscina.
  Virando os olhos de raiva meu primo falava que não era necessário, pois ele era nosso convidado e que estava ali para curtir.
  - Deixe eles, desde pequenos são assim, um não desgruda do outro.
  - Faz companhia pra minha mãe. Mas cuidado que ela pode querer te dar prosecco.
  Rindo Felipe sai correndo enquanto minha tia fazia menção de tacar a bebida nele. - Abusado. - gritou ela. - A minha empada de queijo brie, não se esqueçam.
  Saímos da casa, atravessamos o jardim e ao abrir o portão para a rua, olhei para trás e vi que meu primo tinha razão. Se via somente a cabeça loura dela, por detrás de uma das cortinas da sala.
  - Eu te disse. Te falei que conhecia a fera... Agora vamos ter que esperar pelo menos uns quinze minutos, pra poder vê-los em ação. Tô toda molhada só de pensar nisso.
  Mas uma vez meu primo me surpreendeu. Me explicou que tinha pedido tudo com antecedência depois do combinado e que só não falou porque não queria estragar a surpresa.
  - Minha mãe gosta de ser diferente. Sempre pede esses queijos exóticos, então pedi todos os sabores que tinha na loja. Foi tudo pra conta do corno.
  Rimos e sentamos na beira da calçada aguardando o tempo passar. Felipe falou que Pablo lhe confidenciou um amor incondicional por mim, mas que tinha um sério problema com sexo. A excitação o deixava cego e tinha sido por esse motivo que os dois tinham transado naquela vez.
  - Isso eu já sabia. Você tinha que ver ele ao ver minha tia ontem.
  - Minha mãe tava causando mesmo, mas ele não ficava pra trás com aquela sunga marcando tudo. Delícia!
  Nossa conversa estava tão gostosa que nem vimos os minutos passarem. Quando dei conta levantei no susto e corri pra frente do portão. Felipe me pediu calma e disse que se perdêssemos algo poderíamos ver depois no vídeo que eu tinha deixado gravando. - Tentei disfarçar, mas foi em vão. - Me disse que só descobriu que a câmera estava ligada, quando ligou para pedir a empada e sua voz começou a ecoar pelo quarto. Eu tinha esquecido o microfone ligado.
  - Vamos entrar pela piscina, pois tenho certeza que é o último lugar que ela transaria com ele. Lá é aberto demais pra quem quer se esconder.
  Entramos pela piscina cuidadosamente. Era incrível ver como meu primo era atento aos detalhes, não era a toa que ele só tirava notas altas na escola. Prévia cada passo que eles dariam.
  - Entramos na sala Miriam, apontei para cima ao ouvir o baixo rangido da cama provavelmente do quarto de Felipe. Pelo chão as poucas peças de roupas espalhadas contrariavam toda discrição da parte externa. Fui advertida por Felipe ao tentar pegar uma das peças da minha tia. Alegando que ela sabia exatamente onde e como deixava suas coisas, eu não acreditei, mas como ele estava acertando tudo naquele dia, resolvi obedecer. Demos mais alguns passos em direção à escada, quando um longo gemido ecoou por toda a sala e em seguida sendo cortado bruscamente. Aquela seria a nossa deixa para sairmos dali e nos prepararmos para voltar da nossa suposta compra.
  Minutos depois voltamos fazendo todo o barulho possível, para notarem nossa presença, Felipe com uma caixa de pizza cheia de empadas, que havia deixado embaixo de um dos bancos do jardim, falava com minha tia que não havia lembrado o sabor que ela tinha pedido, então trouxe todos os sabores de queijos que tinham. Minha tia o chamou de exagerado e abriu um largo e raro sorriso de satisfação ao morder um pedaço da empada.
  - E você Pablito, tomou muito prosecco?
  Pablo sorriu, dizendo que resistiu a tentação e ficou apenas na cerveja. O resto do dia se passou leve e lento, a minha ansiedade e a de Felipe quase explodiam nossos peitos, mas tinha que manter a linha para minha tia não notar nenhum gesto estranho.
  A noite chegou e com ela a notícia maravilhosa de que tudo o que eu queria e precisava tinha sido conseguido, com uma definição constrangedora de enorme. - Vai servir e muito. - pensei. Até acontecer o que eu temia. Rezei para que isso não acontecesse, mas surgiu destruindo tudo. O pedido de Felipe para que aquilo nunca caísse nas mãos do meu tio, foi um balde de água fria nos meus planos.
  Sabe doutor Luiz, eu o amo muito, não pude dizer não, mesmo que a vingança fosse o desejo da minha vida, ele era o motivo maior. - Como voto de confiança, ele mandou uma cópia para meu e-mail, editado só com as cenas de ação, se é que o senhor me entende.
  - Então, o dia seguinte foi curto e intenso. Tudo aconteceu rápido demais, não tinha muita coisa a fazer, por que tudo estava fora do controle. Não sei quem começou toda aquela situação, mas naquele momento do final de semana, fiquei sem saber o que fazer ou pensar.
  Acordei com o som nas alturas, procurei na cama, mas Pablo não estava, levantei meio grogue de sono, esfregando os olhos, abri a porta esfreguei mais uma vez os olhos, não acreditando no que via.

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