– Dona Maria!... Dona Maria!... Sem mais paciência, Ana abre a porta e se depara com um olhar reprovador, fazendo sinal de silêncio para ela.
Sussurrando Maria pergunta o porquê não entrou direto, já que comete tal ação sem nenhum pudor há tempos. Com um discreto sorriso no rosto, Ana se aproxima e pergunta se gostaria de tomar o seu café no quarto ou se desejaria no salão.
– Vou aproveitar que elas dormiram com a minha história e dar uma volta. Uma pessoa da minha idade se não andar, acaba se tornando parte do mobiliário da casa. – Ei!... Você vai sair andando assim sem me dar nenhum auxílio?
– Dona Maria a senhora tem as pernas fortes, já me provou isso. Mas tá bom! Vou ficar aqui ao lado da senhora caso aconteça algo inesperado.
– Falei que quero me movimentar, mas não quero deixar as crianças sozinhas por muito tempo, será que podemos ir de elevador?
– Tá bom, desde que a senhora não aperte todos os botões de novo.
– Que afronta. – Diz espantada – desde quando uma mulher da minha categoria cometeria um ato tão imaturo como este? Já lhe disse e repito, foram as minhas netas, não essa pessoa que vos fala. E elas já foram advertidas sobre o que elas fizeram e quase posso confirmar que não mais o farão.
Tomando a direção contrária à escada, pegam um longo corredor branco. Maria olha com certa admiração todo aquele glamour, quadros espalhados por toda parede, pisos em madeira que espelhava as luzes que vinham dos lustres no teto.
– Adoro passar aqui! Sempre que eu olho pra esse quadro. – Para em frente à pintura. – me lembro do primeiro e único homem que tive na vida, que me deu um filho lindo. Mas ele, infelizmente as cinzas da vida levou, me deixou uma marca profunda e eterna sua partida.
– Mas agora a senhora está melhor? – Pergunta Ana preocupada, com a nítida mudança em seu semblante.
– Inteira de novo a gente nunca fica, mas a vida teve que seguir e do mais, meu filho precisava de mim. Então não tive muito tempo para choros. Por mim e por ele.
– Venha dona Maria, o elevador já chegou.
Com um triste aceno de cabeça, olha para aquela pintura na parede, ela se vira e vai lentamente em direção à porta do elevador. Sem muitas memórias, mas com várias sensações, que deixa seu coração indeciso, sobre o que sentir.
– Sabia que umas das melhores experiências sexuais que tive, foi dentro dessa caixa de metal?
– Dona Maria, não preciso saber desses detalhes. – Diz ela um pouco espantada, por ter tido aquela informação dada repentinamente.
– Calma minha filha. Não quis te encabular, só digo, caso você queira quebrar a rotina com meu filho, fica aí uma boa dica. Como eu estou sempre na cama mesmo, não vou atrapalhar em nada. – Diz ela com uma piscadela de olho.
Ao se abrir a porta do elevador, Maria de depara com mais um corredor similar a aquele que viu no andar de cima, porém, este dá em um salão, com mesas e cadeiras simples, cheio de pessoas com a mesma roupa, falando alto e comendo com vontade a comida que serviam em bandejas.
– Você me trouxe pra comer com os empregados? – Pergunta ela curiosa.
– Normal! Ou não?
– Se meu pai fazia, porque eu não posso? – você tá certa, vou sentar com eles, vai ser bom, pois faz tempo que não como com tantas pessoas. – e outra, quero comer nessa bandeja, assim como eles.
Ana puxa a cadeira para que ela se sente junto a mais três senhoras. Ana coloca sua comida à sua frente e se afasta. E como sempre, avisa que se precisar, era só chamar pelo seu nome, que ela chegaria correndo. Maria acena com a cabeça e antes de começar a aventura de saborear aquela comida, naquele recipiente rústico, observa as senhoras que a acompanha naquela empreitada.
A primeira senhora da esquerda, com os cabelos brancos como os dela, amarrados, tão puxados para trás, que parecia deixar ser rosto um pouco mais jovem de tão esticado, com uma verruga grande na ponta do nariz que em conjunto com a falta de alguns dentes a dava características daquelas bruxas tradicionais, como aquelas dos filmes e teatros que assistia em suas viagens pela Europa, como sempre relata. A senhora a sua direita dona de cabelos esvoaçantes, que parecia estar em chamas, na mistura de vermelho e amarelo que ele apresenta. Com o rosto tão fino que seria difícil de ver, se seus cabelos não apontassem sempre para o alto. Parecia um fantasma de tão branca que era e seus olhos fundos numa noite de pouca luz causaria tremor até ao mais corajoso. A senhora a sua frente é a quem têm o rosto mais bonito delas todas, carrega um belo sorriso e uma simpatia que destoa naquela mesa de esquisitas, só não a isentou, pois sua cabeça, que carrega um grande cabelo liso, que mescla o preto e o branco, é muito desproporcional ao corpo, que carrega braços muito pequenos e musculosos, que mal conseguia chegar ao centro da mesa. Intercalava seus sorrisos, com as garfadas de comida a boca. Come tão rápido e com mais apetite que todas as outras juntas.
Maria solta uma alta gargalhada, tão alta que chamou a atenção de todos ao seu redor, deixa Ana e as outras em alerta, porém não faz nada, além disso. – Estou entre monstros. – pensa ela enquanto leva o cabelo para trás das orelhas e leva a primeira porção de comida a boca, com uma liberdade que há muito não sentia. Tenta puxar conversa com uma delas, porém parece que ela não é ouvida ou entendida, tenta com outra, novamente é ignorada, só depois da terceira tentativa que percebe que elas não falavam umas com as outras e sim com elas mesmas. Maria não liga e como elas começa a falar consigo. E naquele caos desejável, onde todas falavam e ninguém respondia decide começar a apreciar de fato o seu almoço.
Alguma coisa na senhora a sua frente prende sua atenção, talvez fosse à simpatia, o sorriso espontâneo ou o vigor que comia aquela refeição, fazia com que os olhos de Maria não deixassem de seguir seus movimentos, nem por um momento. Logo uma avalanche de lembranças toma conta de todos os seus sentindos, a joga para um momento no passado no qual tinha esquecido havia tempo.
Sentado a mesa, comendo vorazmente e com um sorriso largo, estava seu prêmio na disputa de amor com seu primo. Pablo tinha o porte de seu primo, com a cor avermelhada, de ascendência indígena com asiático. Essa mistura aos olhos de Maria o deixava mais lindo quando sorria. Sem blusa e de peitos lisos, dava garfadas profundas na macarronada que ela tinha feito especialmente para ele, num jantar romântico às escondidas, que havia preparado, mas que agora servia para recuperar as energias perdidas há poucos minutos.
– Divina frustação! – Exclama Maria. – Lembrava que havia planejado tudo minuciosamente, para que não houvesse erros, mas o destino provou mais uma vez que nada era como ela queria ou planejava.
Depois de quatro meses de namoro, teve coragem de declarar seus sentimentos, com certo empurrão de seu primo, o levou para apresentar oficialmente a família. Sua tia pediu para que preparasse um banquete, para aquela ocasião. Por mais que Maria achasse desnecessário, não a contrariou, pois já sabia que ela gostava de festas e de muita animação em sua casa.
A campainha tocou por duas vezes seguidas e antes que o mordomo atendesse a porta, Maria do alto da escada gritava para que deixasse que ela mesma atenderia. Usava um vestido preto, largo, que ia até os joelhos e a deixava bem confortável, com um salto vermelho fosco, que combinava com a única maquiagem que usava, um batom que cobria todos seus grossos lábios, no qual Pablo tanto admirava. Ao abrir a porta, Maria quase não o reconheceu, não por sua aparência, mas pelo seu estado. Apesar de estar muito bem vestido, com uma blusa num tom de rosa bem fraco, uma calça de linho branca e um mocassim da mesma cor da calça, exalava tensão. Aquele garoto cheio de si, com o ego aflorado, naquele momento não existia mais.
– São pra você!
Assim que esticou o nervoso braço direito para ofertar as flores que havia trazido, três toques seguidos de buzina foram ouvidos. O terceiro mais longo chamou a atenção dos dois, que voltaram os olhos para sua origem. Dentro de um Porsche SUV cor de cobre, com os vidros escurecidos, um senhor de poucos sorrisos, de postura ereta, usando uma blusa branca, complementada com uma gravata da cor do carro, acenou para os dois, antes de levantar o vidro e seguir seu caminho.
– Gente estranha!
– É meu pai. Pensei que ele já tivesse ido embora.
– Porque não convidou ele pra vir, aí já juntava todo mundo e mat...
– Ele é muito ocupado o trabalho dele toma muito seu tempo.
– Então era por isso que estava nervoso?
– Não! Já estou acostumado com as esquisitices do meu pai. – Dando uma breve pausa, continuou – Posso ser franco? – Maria acenou que sim com sua cabeça. – espero que me entenda. Não ligo se eles irão me aceitar ou não. Só não vejo a necessidade de ter que conhecê-los, já que você mesma diz que sua relação com ambos é péssima.
– Eu sei o que eu disse e é verdade, minha relação com eles é ruim demais, mas pra você passar a frequentar a casa, pela regra, só depois de ser apresentado oficialmente. Olha... Eu sei que não vai ser legal, mas pensa pelo lado bom, você vai poder dormir aqui, sempre que quiser nadar comigo, vai poder. – Dizia ela jogando um convincente charme.
– Essa sua apelação, já é mais que suficiente pra eu concordar. Vamos enfrentar essa batalha. – Diz ele a pegando pela cintura enquanto aproximava seus lábios dos dela. Ela sem resistir, laçou seu pescoço com os braços e lhe deu um beijo tão quente que levou o pensamento dos dois para um patamar que não condizia com o local que estavam.
Se afastando, reorganizavam suas roupas, enquanto os olhos denunciavam a vontade de arrancá-las de uma vez só. Maria ali viu o rapaz da escola, novamente tomar as rédeas. Pegou em suas mãos e o puxou sala adentro. Pablo parou para admirar a organização e a limpeza impecável daquela sala.
– Venha! Já estão nos aguardando. – Exclamou Maria.
Ele voltou suas atenções para ela, enquanto tentava parear seu caminhar com o dela.
– Ah! Me esqueci de um detalhe. Meu primo vai estar bem diferente do que ele é, fora daqui. Então não estranhe e nem comente nada sobre.
Entraram na sala de jantar e encontraram Felipe sentado no mesmo lugar de sempre, naquela mesa enorme, brincando com o que seria a entrada do jantar, pelo fato do tédio tê-lo consumido. Quando percebeu que estavam ali, deu um grito de susto e depois saiu correndo pra abraçá-los de alegria por ter espantado aquele marasmo.
– Cadê eles?
– O de sempre, né amore! Meu pai demorou a descer e mamis, com o desejo britânico por horário, foi atrás dele. Passaram cinco minutos até o primeiro grito, mais cinco até ouvir alguma coisa quebrando e nessa brincadeira estou aqui sentadinha, de castigo, há quarenta e cinco minutos.
– Não seria melhor, se a gente pudesse marcar pra outro dia, já que o clima não...
– Relaxa bebê! Meu pai gosta de dar o show dele. Não é por sua causa. Ele que gosta de ser o centro das atenções. Esse tipo de reunião acontecia mais vezes, até que os convites para almoços ou jantares, começaram a serem recusados com mais frequência... e?... Aqui estamos.
– Se acalme Pablo, meu primo tem razão, mas ele não morde. – Diz ela tentando deixar o ambiente menos tenso.
– Não morde os de fora. – Complementa o primo.
– E você Felipe, pare de dar pinta, porque a qualquer momento ele pode entrar, aí já viu né! A emenda vai sair pior que o soneto.
– Calma amore tô bem atenta na porta. Qualquer sombra que aparecer na porta, teu bebê aí vai conhecer minha versão homenzinho do papai.
O sorriso deu lugar à tensão, graças à forma engraçada de Felipe, que cruzava as pernas imitando a personagem da atriz Sheron Stone, no filme Instinto Selvagem. As gargalhadas ficavam mais altas na medida em que o tempo passava. O abdômen de Pablo doía de tanto gargalhar, enquanto o ar teimava de fugir dos pulmões de Maria pelo mesmo motivo.
Uma forte pigarreada fez com que todos ficassem inertes, quase que instantaneamente. Viraram seus pescoços tão rápidos, que quase se podia ouvi-los estalarem. Débora, a matriarca da família, se apresentava com um belo vestido prateado, adornado de pedras que reluzia a luz do lustre que mirava o centro da mesa, o salto prateado tão brilhante quanto o vestido, contrastava com o rosto inchado, de tanto dormir ou chorar. Todos naquela mesa mentalmente escolheram a segunda opção, pois seus olhos ainda brilhavam com lágrimas que tentavam fugir por suas laterais.
Todos se levantaram. Felipe ensaiou ir ao encontro de sua mãe, com a intenção de confortá-la, mas se conteve ao notar que segundos depois da chegada de sua mãe, seu pai chegava pomposo, exalando soberba para todos os lados. Parou, enquanto olhava para todos, nitidamente ébrio, aguardando que fosse ovacionado, como em todos os outros eventos.
Um a um, começando pela esposa que o aguardava na entrada da sala de jantar, lhe deu boa tarde. Até chegar a Maria, que desconfortavelmente se levantou, achando aquela cena totalmente desnecessária e muito a contragosto, comunicou que havia trazido um visitante. – como se todos já não soubessem dessa merda. – Pensava ela.
– Então foi esse tal rapaz que você tinha mencionado que estava com intenções com você?
– Não tio, esse é Pablo, o meu namorado.
– Que seja, vamos nos sentar e comer logo, pois estou cheio de fome. – Esnobou o tio.
Pablo, que havia se levantado para ser apresentado formalmente, foi ignorado por completo ao estender à mão e oferecer seu cumprimento. Maria deu-lhe umas tapinhas nas costas, como se dissesse “abstraia, não ligue pra esse escroto”.
O almoço foi bem pior que Maria comentara com Pablo. Altair se sentia o rei da falta de educação. Começou gritando com os empregados, reclamando da falta de agilidade ao trazer um simples copo de uísque. Depois de varias doses, começou a dar tapinhas nas nádegas, das empregadas que traziam os pratos que eram servidos.
Aquelas ações, como de praxe, foram ignoradas pela sua esposa, até ele começar a comparar a firmeza das nádegas que ele apertava, com as da esposa. Com todos na mesa em silêncio e constrangidos, Débora se levantou para se retirar, com os olhos inundados de lágrimas, mas foi impedida por ele com um puxão no braço, que a fez sentar de forma brusca na cadeira.
– Você tá pensando que vai pra onde? Eu sustento sua vidinha de mulher rica, que gosta de esbanjar meu dinheiro em festas e em futilidades, como esse almoço. Então você vai ficar aí, sentada e ouvindo algumas verdades.
Felipe tomou as dores de sua mãe, que olhava para os pés pela vergonha que estava passando, retrucando as grosserias do pai. Que não o deixou terminar de falar e pela primeira e ultima vez direcionou sua palavra para Pablo.
– Me responde menino. Pra você querer namorar minha sobrinha com certeza gosta de meninas. A pergunta é... Todos os homens de onde vocês estudam são como você ou são afeminados como meu filho?
Felipe se recolheu, voltando a se sentar ao banco, sobre olhares ameaçadores de seu pai. Enquanto Pablo indignado pelo que via e ouvia até aquele momento, ignorou os puxões de Maria e se levantou.
– Acho que já estamos devidamente apresentados. – Limpou os lábios com o guardanapo, o jogando na mesa, pedindo licença e se retirando do local.
– Menino arrogante e mal educado, vem à minha casa, come da minha comida e ainda vira as costas pra mim?... Me responda! – grita ele.
Na porta de saída da sala de jantar Pablo exclama. – seu filho é maravilhoso do jeito que é! Espero que um dia o senhor note isso!
– Mais um viado! – Grita com um sorriso debochado de canto de boca.
Maria levantou e correu imediatamente ao encontro de Pablo, o segurando pelo braço, no meio do salão principal e lhe da um abraço.
– Desculpa, prometi a mim mesmo que iria me segurar, mas não pude ficar mais ouvindo tanto desrespeito.
– Eu te entendo, mas independente da forma que você saiu, já foi apresentado. Isso é o que importa.
– Sério? – Pergunta ele cético.
– Sim, ele mais propriamente dizendo, só precisa disso pra dar o aval, pra frequentar a casa. Vai entender! Agora vem aqui, vamos aproveitar que estamos a sós, que vou te apresentar tudo. – Falava Maria com um olhar capcioso.
– Eu tô na bad. Que vergonha gente! Desculpe por aquele monstro. Cada dia que passa ele consegue ser pior. – Diz Felipe se aproximando cabisbaixo.
– Sem problemas, mas com toda sinceridade, não gostaria de ficar cruzando com ele. Seria bom se fôssemos curtir em outro lugar. Quem topa?
– Como eu te disse bebê, não tô com clima mais pra nada. Vou ver como a mamis está. – Felipe deu as costas e se despediu com um desanimado aceno de dedos.
Observando o desânimo do primo, Maria desiste em apresentar sua casa para Pablo e concorda com a sua ida. Pedindo somente para que ele ligasse assim que chegasse em casa. Antes mesmo que ele pudesse se despedir Maria lhe rouba um rápido beijo e corre atrás do primo. Assim que a porta bateu, atrás de ti, ele caminhou até fora da propriedade e pegou o primeiro taxi que passou, sem nem sequer olhar, se era observado por alguém. Porém mal sabia ele, que da janela mais alta da casa, os primos acompanharam seus passos até ele sumir no horizonte.
– Nossa amore será que ele ficou triste?
– Primo, nós dissemos que não seria um almoço fácil.
– Não tô falando disso sua louca. Você largou o bofe na porta e veio atrás de mim. Tá de muita sacanagem né?
– Relaxa primo, ele vai entender e vai esquecer rápido.
– Mas que carinha de sapeca é essa? Vai me dizer que vocês... Pergunta o primo, enquanto fazia gestos obscenos com as mãos.
– Ainda não, mas dessa semana não passa. Não aguento mais ser à virgem de nós dois. – Diz ela sorrindo e provocando o primo, completa. – se bem que você esta aí né.
– Que nojo! Tira essas mãos de mim, sua louca! – Diz ele enquanto fazia menção de se limpar. – você sabe do que eu gosto e gosto muito, mas muito mesmo. E só não pego seu namorado, pela promessa que fizemos. – Dizia ele sorrindo enquanto o sorriso de sua prima era encoberto, por um rosto sisudo.
Antes que ela respondesse sua provocação à altura, seu telefone tocou. Era Pablo, avisando que havia chegado em casa com segurança. Com a fala amansada e num tom carinhoso, começou a colocar seu plano em prática. Aos poucos foi elaborando um encontro em sua casa, na ausência dos seus tios. Junto com seu primo, que correu para pegar a agenda de mãe. Verificava os dias para se certificar que ela não estaria presente naquele momento tão importante pra ela. E foi numa quarta feira que encontraram uma brecha, na ida de sua tia para o salão, para fazer os cabelos e as unhas.
Pablo aceitou prontamente a proposta, já que os desejos de ambos estavam voltados para aquele momento. Naqueles meses vinha resistindo as investidas do namorado. Mas só depois daquela prova de fogo do almoço se viu segura para tal ato. Os dois dias seguintes, seus encontros foram alimentados com toques, abraços e beijos muito mais intensos e repletos de desejos. Deixando o clima entre eles, cada vez mais encaminhado para aquela quarta feira tão esperada.
A quarta feira finalmente havia chegado, Maria passou a manhã inteira com seu primo, tentando fazer com que fosse o mais perfeito encontro de todos. Juntos escolheram o melhor vestido, lingerie, penteado e até o tipo de depilação que ficaria melhor. Nessa parte Felipe apenas deu sua opinião, preferindo ficar somente no imaginário, ao invés de conferir o corte que sua prima teimava em mostrar, só para provocar.
Ficaram na janela mais alta da casa, no quarto de Felipe, aguardando a chegada de Pablo, para que Maria pudesse colocar finalmente o plano de perder a virgindade em ação. Mas o que viram, foi o carro do patriarca retornando muito antes do previsto.
Os corações de ambos quase saltaram pelas suas bocas. Maria sem pensar direito no que iria fazer, ameaçou descer para perguntar ao tio o que ele estava fazendo em casa àquela hora. Mas rapidamente foi advertida pelo primo, que a lembrava de que eles também não deveriam estar ali, mas sim estudando.
– Amore se você for, nós dois entramos pelo cano. – Diz o primo segurando ela pelo braço, já sem contração e gelado.
– Agora que acabou de vez! – Exclamou Maria quase sem mexer os lábios.
Olhando pela janela viram Pablo parado no portão, provavelmente digitando a senha que ela tinha passado através de mensagem que dizia “Entre e vá direto para o meu quarto. Depois de subir a escada é a segunda porta a esquerda. Não tem como errar. Beijos te aguardo”.
Obs.: dê um toque antes, na campainha, para eu terminar de me ajeitar.
Pablo já tinha acessado, fechado o portão a suas costas e começava a atravessar o pátio em direção à porta de entrada. Foi quando Maria, movida pelo impulso, se livrou das mãos de seu primo e correu desesperadamente.
– Ele provavelmente está no meio do pátio. Pensava ela enquanto terminava de descer a grande escada em direção à entrada lateral da casa. – acho que não vai dar tempo. Concluía.
Acelerou mais ainda a corrida, agora que estava em terreno plano, passando pela sala de jantar e a cozinha, batendo de leve no fogão industrial, que teimava ser um obstáculo, naquele momento inoportuno.
Ouviu o primeiro toque quando saia pela porta lateral. – não! Espero que meu tio não atenda.
Um grito, fez com que ele, rapidamente se afastasse da entrada principal. E ao se afastar, pode ver que Maria acenava para ele, com um olhar tão tenso que beirava o desespero. Correu ao seu encontro.
– Você não disse que a casa estava vazia?
– Desculpa, ele voltou do nada e logo assim você apareceu... Enfim... Venha logo antes que ele apareça.
Voltaram pela lateral da casa e entraram na cozinha pisando em ovos, quando estavam alcançando a sala de jantar, ouviram a voz de Altair, fazendo reverberar suas injúrias, aos filhos dos empregados, por estarem brincando com a campainha. Maria empurrou Pablo para dentro de uma pequena dispensa, que ficava quase escondida pelo fogão e se esconderam ali, com a esperança dele não querer nada ali dentro.
Pablo sendo espremido contra a parede pelas costas de Maria, enquanto ela cuidadosamente tomava conta da porta, começou a se excitar, ao sentir as firmes nádegas dela pressionarem sua pélvis, começou a acariciar suas costas, enquanto Maria tensa tentava resistir à tentação por medo de ser pega pelo seu tio.
Um arroto forte indicou que seu tio ainda estava presente e bem perto. No mesmo momento, Pablo deslizava os dedos sobre a fina alça de seu vestido rosa, quase transparente e a baixava vagarosamente, uma após a outra, beijando levemente o seu pescoço. No momento em que seu tio cruzava a porta entreaberta, passando em direção à sala de jantar, ouviu as seguintes palavras saírem de sua boca ébria “meu brinquedo”. Aquelas palavras a deixaram curiosa, para saber do que se tratava. Mas os beijos que ganhava, rapidamente fazia aquela frase solta e aparentemente sem sentido ser deixada de lado.
Seu vestido ia ao chão por completo, revelando um delineado corpo, cheio de curvas, que fariam qualquer um perder a direção. Acariciando seus seios, que pareciam ter sido feitos, para o encaixe perfeito de suas mãos, Pablo já não lembrava mais da existência do tio ou de qualquer outra pessoa, que não fosse eles dois naquele lugar.
Depois que seu tio, sumiu sala à dentro, Maria pegou a chave que estava do lado de fora e fechou por dentro. Agora era ela que mostrava estar tomada pelo desejo.
– Abriu o presente antes dos parabéns, menino abusado? Agora vai ter que brincar muito, mas muito com ele. Mas antes... Tire a roupa.
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Maria
DiversosQuando a promessa é quebrada e as consequências são extremas, tudo se caótico.