LIA
Uma semana depois...
☆☆☆☆
- Mãe, eu já disse que a senhora tem que repousar. Não é para ficar atendendo telefone do serviço em casa!
- Lia, eu tenho que trabalhar. Você acha que aquela clínica funciona sem mim? Nunca nesse Brasil.
- Então tá bom, quando a senhora der outra crise de ansiedade e cair durinha pra trás, vamos ver como vai ficar seu serviço sem você.
- Está dizendo que eu vou morrer?
- Se a senhora não descansar, sim!
- Tá bom, espera, deixa eu só ligar para a ...Arranco o celular da mão dela antes que ela continue me fazendo de besta. Já é a milésima vez que ela fala que será a última ligação, e nunca é. Os pais dizem que filhos são teimosos, mas eles já olharam para si mesmos? Não tenho paciência viu!
- Me dê esse celular AGORA, Lia Torres.
- Não! Chega de trabalhar... vamos deitar, descansar, assistir, fazer outra coisa. Se continuar assim, a senhora nunca irá se recuperar e vai ficar mais tempo ainda longe da clínica.
- É, pensando por esse lado tenho que concordar...
- Pois bem. Logo, logo estarei voltando para o Rio e quero deixar a senhora em um excelente estado. Colabore, por favor!
- Nossa, isso que é vontade de ver a mãe. Mal chegou, já quer ir embora.
- Para, boba! Sabe que não é isso. É que eu agora tenho uma vida lá. Assim como a senhora tem que trabalhar, eu também tenho.
- Trabalha aqui, uai. Volta a morar comigo, me sinto sozinha.
- Mãe, já tivemos essa conversa um milhão de vezes. Há muitas coisas em jogo, não é simplesmente ficar. Estou de férias, mas daqui a pouco elas acabam.
- Você está precisando é de um namorado, isso sim! - Nesse momento sinto minhas bochechas corando. Ela sabe que me deixa sem graça falando essas asneiras. Mas creio que dessa vez sinto algo pior, porque assim que ela fecha a boca, me vem a imagem de Andrew na cabeça. Já se passou uma semana e ele nunca me mandou mensagem ou me ligou. Talvez tenha caído em si, viu que eu não era tudo aquilo que ele pensava.- Mãe, vou até me manter calada diante desse seu comentário fútil.
- Todos precisam amar alguém um dia, minha filha. Logo, logo seu rapaz aparecerá, quando menos esperar.
- Acho que não em, mãe. - dou uma leve risada.
- Brasilienses são mais gatos que cariocas.
- MANHÊ, CHEGA DESSE ASSUNTO!
- Hummmm... você está mais nervosa que das outras vezes que comentei. QUER DIZER QUE TEM ALGUÉM E NÃO ME DISSE?
- A senhora nunca muda.
- Não negou? Mais um sinal de que estou certa. Vai, me conta tudo! - dou uma gargalhada e sento em frente à poltrona que ela está repousando na sala.
- Não é nada demais. Só conheci um rapaz quando estava a caminho do hospital. Ele foi gentil e me deu uma carona até lá. Porém nunca me retornou, e a senhora sabe que eu não corro atrás de macho, não é?
- Mas quem demonstrou interesse primeiro? Ele ou você?
- Ele quem puxou assunto comigo. Ele quem me ofereceu a carona. Ele quem pediu para nos revermos depois. Então acredito que foi mais da parte dele.
- Deixa eu adivinhar... você fez aquele seu showzinho de sempre?!
- Eu não vou ser uma mulher fácil, né mãe.
- Mas você exagera na dose de frieza, Lia. Por isso os caras desistem de você. - Se essa não é a mãe mais sincera do mundo, eu não sei quem é viu.
- Estou nem aí. Não preciso de homem para viver, nunca precisei.
- Enfim, como ele era? Bonito?
- Tá me zoando? Bonito não chega nem aos pés. Ele era UM GATO. Parece que foi esculpido. Quando a gente se falou a primeira vez, chega deu um nó no meu estômago.
- Gente do céu! Nunca vi você falar de alguém assim. Preciso conhecer esse rapaz.
- Nem sei se eu irei revê-lo, quem dirá a senhora.Então o silêncio toma de conta da sala da minha casa. Talvez minha fala tenha soado triste, na verdade, talvez tenha sido. Minha mãe, do jeito que é, deve estar achando que estou apaixonada, mas isso é obviamente impossível. Ninguém se apaixona por um cara em um dia. É, eu definitivamente não estou apaixonada por Andrew.
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(R)EXISTA!
RomanceLia é uma mulher de personalidade forte que após atingir sua maioridade, mudou-se para o Rio de Janeiro em busca de independência e uma nova vida. Porém, sua mãe que ainda residia em Brasília, acabou adoecendo e precisou de sua ajuda. O que Lia não...