(R)EXISTA!

》Capítulo 23《

LIA

Eu não consigo acreditar que ela está mesmo tão irada assim... Sabia que se chatearia, mas não ao ponto de gritar com uma paciente acamada num hospital. Quem ela pensa que é?

- Olha aqui, Carla. Abaixe imediatamente esse seu tom de voz! - Digo paciente. Por enquanto.
- Eu não estou gritando!
- Imagina... Somente está berrando feito uma louca no hospital.
- Você não pode chamar sua chefe de louca.
- Você não é mais minha chefe, Carla. Aceite isso!
- Não, Lia Torres. Você não pode simplesmente abandonar seu emprego por um macho que acaba de aparecer na sua vida do nada. Quando você se tornou essa pessoa? Eu sei que você não é assim. O que aconteceu? Explique-me, pois preciso entender. Parece que você quem enlouqueceu de vez! - Ela diz revoltada.
- Primeiramente, Andrew não é qualquer macho! Você não o conhece, logo, não tem liberdade para falar dele dessa forma. Segundamente, eu quem não a conheço mais. Desde quando se tornou essa pessoa obsessiva? Estou verdadeiramente chocada com a Carla que acabo de conhecer!
- Eu não... - Interrompo-a.
- Silêncio! Eu quem estou falando agora.
- Você não pode me mandar calar a boca.
- Eu já mandei! Você não vai simplesmente chegar aqui no hospital pagando de boa samaritana, para em seguida deixar sua máscara cair e me dizer essas coisas horríveis. Eu sempre a admirei como mulher e profissional, inclusive falei muito bem de você para o meu "macho", inclusive ele estava ansioso para conhecê-la, mas depois dessa... nem sonhando eu quero que ele veja o ser humano horrível que você é. - Rebato.
- Ser humano horrível? Como você tem a audácia de me chamar disso? Quem te acolheu quando não tinha nada? Quem te ofereceu um emprego? Quem te treinou? Quem te ajudou a se tornar a profissional que você é hoje? Ah, claro, foi a ser humano horrível e trouxa aqui. Eu te dei tudo e você me retribui com tamanha falta de consideração! - Diz sarcástica.
- Carla, deixa eu te dizer uma coisinha... Anote aí e jamais esqueça, okay? Quando fazemos uma boa ação para alguém, tem que ser realmente de coração. A partir do momento que você joga tudo isso na minha cara, tudo o que você fez por mim, deixa de ser gentileza. Boas ações partem do coração, mas pelo que me parece, não foi o caso em questão. Eu não sou a merda de uma mulher ingrata! Pelo contrário, eu sempre lhe retribuí com esforço, trabalho e dedicação, tanto que você está aqui toda estressadinha por eu ter saído do seu escritório, não é mesmo?!
- Você me trocou na primeira oportunidade. Eu jamais esquecerei disso!
- Vou ter que desenhar para que você possa entender? Eu não te troquei. Nós não tínhamos um relacionamento, aquilo era trabalho. Você está confundindo as coisas pelo visto. Veja bem, Carla... justamente por você ter me dado uma oportunidade no mercado de trabalho, por me ensinar o que sei, por ter me ajudado a construir uma carreira, eu esperava que fosse a primeira a me apoiar nisso. Eu não estou fazendo nada além de crescer profissionalmente. Estou subindo de cargo em uma empresa mais renomada, você deveria se orgulhar de mim, não causar esse auê todo. Minha palavra para você hoje é: DECEPÇÃO! Você não é quem eu esperava que fosse.
- Não interessa! - Ela esbraveja.
- Ah, Carla, quer saber? Eu estou saindo da sua empresa. Amanhã mesmo estarei comparecendo ao seu escritório para que dê baixa em minha carteira de trabalho. Para mim, já não importa mais sua opinião sobre minhas decisões. Por mais que você não acredite nisso, reconheço tudo que você fez por mim e agradeço. Queria reforçar que estou extremamente chateada com sua postura como pessoa e como profissional, fim de conversa! Saia do meu quarto! Agora só quero vê-la amanhã em seu escritório. - Digo com total ar de superioridade. Não irei me rebaixar mais a toda essa infantilidade. Cansei!
- Você me enoja e eu odeio seu macho lixo. Só apareceu para fazer sua cabeça e te afundar por completo. Saiba que eu não apoio esse relacionamento e você irá se arrepender!
- Já disse que suas opiniões não importam para mim. Eu conheci alguém que me faz bem e estou feliz. Sua indignação não me afeta. Agora saia, antes que eu peça para alguém levá-la!