》Capítulo 25《

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LIA

O Rio de Janeiro é uma cidade mágica, com pontos turísticos incríveis, um clima bastante agradável, e a sensação de estar aqui é única. Ainda não sei como encontrei alguém que me fizesse decidir voltar para Brasília. É óbvio que lá também é uma cidade maravilhosa, mas o meu coração pertence aqui. Minha mãe tentou me convencer a voltar para lá durante anos, e seus planos foram todos fracassados, mas chegou alguém... esse alguém perfeito sentado à minha frente, que obteve êxito em sua missão.

Esse rapaz conseguiu bagunçar todos os meus pensamentos, ideias, planos. Ele colocou minha vida de ponta cabeça. Porém, foi a melhor coisa que me aconteceu. A vida é definitivamente sobre quem a gente carrega conosco, quem temos por perto. E, perto de Andrew Garcia me sinto a mulher mais especial do mundo.

Nossa refeição já foi servida há algum tempo. Nos deliciamos de um ceviche aprazível - peixe fresco do dia ao "leche de tigre" e tucupi orgânico com cajú e chips de banana da terra - e em seguida, como prato principal comemos um medalhão com molho demi-glace, acompanhado de batata e creme de espinafre com banana, gratinado com queijo parmesão.

A culinária deste restaurante conquistou não só meu estômago, como o meu coração. É surrealmente saborosa. A Lia pobre que habita em mim, faria uma marmitinha para a viagem, mas nesta noite acompanhada, devo manter meus modos requintados.

O garçom pela incontável vez, vem a nossa mesa, mas dessa vez traz consigo nossas sobremesas. Não sei se minha barriga ainda aguenta mais sequer um grão de arroz, porém farei um esforço. Ele nos cumprimenta com a cabeça e coloca sobre a mesa um creme brulée feito com fava de baunilha, creme de leite fresco e ovos caipira. Essa receita eu conheço, porém nunca tinha comido na vida, então decidi experimentar. Mas isso não era tudo, ele também tira da bandeja em seus braços um bolo cremoso de chocolate amazônico, coberto com castanhas de caju caramelizadas e flor de sal, e por fim, uma sobremesa chamada "morango do amor" - sim, pedi essa somente pelo nome - são flambados com suco de laranja e cointreau derramados sobre sorvete de morango, suspiro e creme de leite batido.

Todas essas descrições estavam escritas no cardápio, eu jamais faria ideia de como se prepara cada uma dessas receitas. Não serei modesta, tenho alguns dotes culinários, porém não ao nível suculento desse lugar.

Ostentei de conversas aleatórias e risadas com meu parceiro desde que chegamos. Afinal, conversar sobre coisas idiotas com quem a gente gosta é libertador. Dialogamos sobre nossas carreiras, planos futuros, famílias, e assuntos íntimos demais; eu gosto da nossa intimidade!

- Meu Deus! Essa comida é de outro mundo. - Digo saboreando meu morango do amor.
- Aproveite, pois amanhã iremos sair bem cedo.
- É sério isso? - Pergunto.
- Sim, não tínhamos combinado isso? - Ele diz confuso.
- Pois haverá uma mudança de planos. - Afirmo.
- Ah não, Lia! Já ficamos tempo suficiente aqui.
- Andrew, é inaceitável alguém vir ao Rio de Janeiro e não desfrutar de suas belezas.
- Mas não é isso que estamos fazendo nesse momento?
- Mesmo assim, isso é muito pouco. Amanhã bem cedo visitaremos o Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Arcos da Lapa, andaremos pelo calçadão de Copacabana, e daremos um mergulho na praia. - Ele arregala os olhos ao ouvir minha última frase. - O que foi? Você achou que eu nunca mais pisaria os pés no mar novamente?
- É exatamente isso o que pensei.
- Jamais! Eu amo o mar. Dias difíceis existem para serem superados e deixados para trás. Não posso deixar de fazer o que gosto e ser tomada por um trauma. Eu irei justamente para passar por cima disso tudo que aconteceu.
- Nossa, você é mesmo uma mulher forte. - Diz acariciando minha mão.
- Estou errada?
- Claro que não. A cada dia você me ensina algo novo. Eu jamais pensaria dessa forma.
- A gente floresce junto! - Digo, lhe presenteando com um sorriso.
- Eu estarei ao seu lado vencendo isso. - Meu companheiro diz.
- Então iremos mesmo amanhã?
- Sim, vida.
- Adoro! Se não for para ganhar o mundo todos os dias, eu nem levanto da cama. - Sorrimos, enquanto comemos nosso creme brulée.

(R)EXISTA!Onde histórias criam vida. Descubra agora