(R)EXISTA!

》Capítulo 12《

LIA

Mãos e pés frios com sensação de suados, aumento nas batidas do coração, dor de barriga, boca seca, tremores nas mãos e em outras partes do corpo, falta de ar. Esses são alguns dos sintomas do nervosismo e neste instante estou sentindo todos eles ao mesmo tempo, acho que não sinto algo assim desde às apresentações da escola quando era pequena. Há apenas uma simples coisinha que me faz esquecer tudo que estou sentindo agora: a voz de Andrew.

Quando eu pedi para que ele cantasse no carro enquanto me levava ao hospital, não esperava ouvir algo tão belo. Jamais passou pela minha cabeça que Andrew tivesse esse dom, estou extremamente em choque. Ele terminou de cantar a música oferecida à mim e eu compreendi perfeitamente o que ele quis dizer com ela. Todos presentes no restaurante ficam de pé e aplaudem o artista anônimo aqui presente. Andrew estende a sua mão em minha direção me chamando para subir até o mini palco. Balanço a cabeça em sinal de negação por conta da minha timidez, mas ele insiste e sinto um empurrãozinho que me faz dar dois passos à frente. É Elizabeth sorrindo e pedindo para que eu vá. Uau! Como as coisas conseguem mudar em apenas uma noite, não é? A mulher que antes me detestava, agora incentiva minha ida ao encontro de seu filho. De repente escuto algo vindo das caixas de som: "Suba aqui, Lia. Não tenha vergonha". Em seguida todo o restaurante grita em coral: "Sobe, sobe, sobe".

Agora eu já perdi o meu direito de escolha, sou literalmente obrigada a ir lá. Mal consigo andar pois minhas pernas estão extremamente trêmulas. Isso é um perigo para alguém com o salto do tamanho do meu. Caminho me apoiando nas cadeiras e todos estão sorrindo e batendo palmas, parece que tudo está em câmera lenta, eu achei que nunca iria chegar lá, mas acabo chegando. Dou a volta ao redor do palco e subo atrás pelas escadas. Andrew abre os braços me convidando para um abraço e me enterro em seu peito. Estou chorando e sorrindo ao mesmo tempo, ninguém jamais tinha feito nada assim para mim, foi demasiadamente lindo e significativo.

- Eu vou te matar. - Digo a ele.
- Poxa, eu esperava um "obrigado". - Ele ri.
- Eu estou morrendo de vergonha. - Olho para toda essa gente em minha frente e tampo o rosto com as mãos.
- Eu sei, me desculpe, mas espero que tenha gostado.
- Está louco? Eu amei! Por que você não me disse que cantava?
- Haveria outra forma melhor de descobrir do que essa?
- É verdade. - Rimos juntos.

Ele novamente leva o microfone até a boca e diz:

- Ainda há algo que quero dizer a você. Posso? - Pede olhando em meus olhos.

Balanço a cabeça permitindo e Andrew começa a falar:

- Eu sei que faz pouco tempo que nos conhecemos, mas acho que nem passa pela sua cabeça o tanto que você já é importante para mim. Em tão pouco tempo você conseguiu despertar em mim alguém que já estava adormecido há muito tempo. Agora você é meu primeiro pensamento do dia e o meu último da noite. Eu durmo triste porque o dia com você acabou, mas acordo feliz porque tenho mais um dia pela frente para passar com você. Acho que em uma semana eu pude demonstrar o tanto que eu quero você comigo. Acabaram os joguinhos, as provocações, agora finalmente eu posso dizer abertamente: eu gosto de você, Lia Torres! Você a todo instante me faz querer te conquistar, querer ter você por perto, sair com você, me divertir com você, sorrir com você, ou até ficar em casa vendo fotos com você. Eu já conheço sua família, você já conhece a minha, eu gosto de você, e eu sei que você gosta de mim. O que falta para que possamos ficar juntos?

Estou sem palavras, imóvel, uma verdadeira estátua, pode pedir para o caminhão do museu vim me buscar. Ele vira para o nosso "público" e continua:

- Ela me disse que terá que ir embora. Que tem uma vida no Rio de Janeiro, precisa trabalhar e correr atrás de sua carreira lá. Mas ela hoje recebeu uma proposta irrecusável de emprego na: Garcia Inovatti- Arquitetura e Engenharia. Simplesmente umas das melhores empresas desse ramo aqui em Brasília. A mãe dela mora aqui, ela tem um emprego aqui, eu estou aqui. O que falta para ela ficar? Então Lia Torres... - Ele vira-se para mim novamente. - Como diz Anavitória: Fica?