(R)EXISTA!

》Capítulo 15《

ANDREW

Caramba, meu pai é demais! Ele sabe mesmo do que eu estou precisando, e sempre foi assim. Nossa parceria vem desde a minha infância, desde o meu nascimento. Às vezes nem eu mesmo lembro que fui adotado, porque o carinho que recebo da minha família é muito grande e intenso. Devo completamente minha vida aos meus pais, afinal, desde sempre eles me deram tudo do bom e do melhor e jamais mediram esforços para que minha criação fosse perfeita. Eu tenho o grande sonho de um dia poder adotar uma criança e fazer o dobro do que eles fizeram por mim. É demasiadamente doloroso pensar que existem um número exorbitante de crianças abandonadas nas ruas ou em abrigos, sem que uma família as adote e ofereça uma boa qualidade de vida. Eu realmente agradeço e levanto as mãos para o céu por ter tirado a sorte grande deles terem me encontrado.

Além de conseguir que Lia ficasse, de brinde ganhei uma viagem com ela para o Rio de Janeiro. Eu tenho do que reclamar? Minha vida está correndo em uma esteira na velocidade máxima, mas até gosto. Na verdade, levando em consideração tudo que passei com ela esses últimos dias, muitos podem achar que foi precoce e rápido demais, porém nós sentimos quando é a pessoa certa, e pelo fato de ela ter que voltar para seu lar, eu fui obrigado a usar de todas as minhas ferramentas para fazer com que ela permanecesse comigo em Brasília.

Nesse momento, uma onda de ansiedade invade o meu corpo, com uma força inimaginável. Mal posso esperar para que essa semana passe o quanto antes e finalmente poder embarcar num avião ao lado dessa mulher que deixa meus cabelos em pé. Quero conhecer a vida de Lia antes de me conhecer, seus amigos, sua casa, seu trabalho, absolutamente tudo. Jamais posso deixar que esse relacionamento esfrie. Se eu insisti tanto para que ela não voltasse para lá, tenho que fazer de tudo para que valha a pena ela ficar.

Perco-me em meus pensamentos quando sou surpreendido com um beliscão em meu braço.

- Ai!! - Grito esfregando o meu braço em busca de amenizar a dor.
- Está no mundo da lua? Estou te chamando há horas. - Lia diz estressada.

Me divirto visualizando sua feição brava, é surpreendentemente fofa. Até com raiva, essa mulher consegue ser linda. Eu provavelmente já disse um milhão de vezes, mas a Lia tem algo, ainda inexplicável, que me deixa em estado de hipnose total. É como se quando eu a tivesse conhecido, imediatamente tenha sido enfeitiçado. Parece bobeira ou papinho de cara apaixonado, mas eu realmente sempre me questiono o que há de tão especial nela. Esses olhos brilhantes, esse cabelo castanho e sedoso, sua pele linda de pêssego e os lábios... ah, esses lábios, me levam à loucura, me convidando sempre a mordê-los deliciosamente.

- Não posso mais pensar em paz? - Digo rindo.
- Estou querendo combinar as coisas da viagem com você e parece que não está dando a mínima.
- Quê? Eu estava justamente imaginando a perfeição que será viajar com você, bebê.
- Hurum, sei... não caio nesse papinho de conquistador. - Ela deixa escapar mais um pequeno sorriso desconcertante.
- O que acha de irmos ao shopping essa semana comprar algumas coisas? - Proponho.
- Ótimo, já faz tempo que não faço umas comprinhas.
- Hoje mesmo vou comprar as nossas passagens. Avião, não é?
- Odeio, mas sim. Quero resolver tudo o quanto antes.
- Quero muito descobrir a vida que você construiu sozinha no Rio.
- Ah, não é lá essas coisas. Eu dividia o meu apartamento com dois amigos e trabalhava. Nada de tão especial.

Epa, epa, epa! Amigos? Ela morava com homens? Estou com a leve impressão que isso dará merda. Mas não irei comentar nada, afinal, estamos no começo do relacionamento e eu não quero estragar isso com ciúmes assim de cara.

- Que amigos? - Única pergunta que faço sem resistir.
- Ah, moramos juntos desde a faculdade. Lá você irá conhecê-los.
- Okay.

Assim como eu e Lia estamos conversando, minha mãe e minha sogra entram em um papo sobre celebridades, enquanto meu pai está mimando minha irmãzinha. Augusto caprichou de todas as formas em todos os pratos, a mesa ficou mais bonita do que eu imaginava.