》Capítulo 17《

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ANDREW

Definitivamente, eu creio que nunca terei paz. Porra! Eu tentei ao máximo manter uma boa relação com a Bruna depois de tudo, sem julgá-la, sem excluí-la ou ignorá-la, mas depois de hoje, fica impossível disso acontecer. Eu aceitei cada pequena loucura, mas agora chega! Mexeu com a minha viagem, mexeu comigo. Não vai ficar barato assim!

- Próximo voo com o destino para o Rio de Janeiro no portão nº 3. - A voz ecoa dos alto-falantes.
- E agora, Andrew? Vamos perder nossa viagem. - Minha bebê está desesperada.
- Moça, tem a possibilidade de cancelar o meu check-in? - Pergunto.
- Sim, mas... - Interrompo-a.
- Então faça, por gentileza!

A atendente segue minhas instruções e cancela minha passagem aérea. Em seguida, anunciam nos alto-falantes que há duas vagas no nosso voo. Lia enxuga suas lágrimas e sai andando sem destino pelo aeroporto. Ela está irada e triste ao mesmo tempo, sei exatamente o que ela está sentindo. Se a maldita da Bruna estivesse aqui, nem sei o que eu faria.

Eu tenho que fazer algo. Pensa, Andrew! Pensa! Quando de repente, aquela lampadazinha surge em cima da minha cabeça. Já sei! Pego meu celular e teclo um número na tela de discagem.

- Alô?
- Oi, filho.
- Tudo bem, pai?
- Tudo sim! Já está embarcando?
- Na verdade, não. Aconteceu um grande imprevisto.
- O que houve?
- É uma longa história, mas antes de te contar, o senhor pode me responder uma coisa?
- Claro! Pode falar.
- O jatinho da Garcia Inovatti está disponível?
- Por sorte, sim! Está estacionado aí mesmo. Por quê?
- Posso usá-lo para ir ao Rio à negócios? - Pergunto com tom de ambiguidade. Espero que ele entenda.
- Hum... é claro. - Ufa! - Vou ligar agora mesmo para o piloto ir aí para levá-los.
- Obrigado! Você é incrível.
- Pode contar comigo sempre, filho. Te amo!
- Também te amo! Depois te conto tudo.

Deu certo! Vou em busca de Lia para contar a incrível novidade. IREMOS VIAJAR! Não há o cão que impeça essa viagem hoje, nem mesmo Bruna Lins. Eu não consigo entender como ela mudou tanto. Quando namorávamos, Bruna era uma pessoa totalmente diferente dessa que ela está se mostrando. Por um lado, agradeço por conhecer sua verdadeira face e não estar mais com ela. As pessoas estão mudando constantemente, mas essa nova Bruna definitivamente me assusta, eu só quero distância dela e paz na minha vida.

Procuro Lia por toda parte e não a vejo. Já rodei todo o aeroporto, de um lado para o outro, já descrevi sua imagem para as pessoas perguntando se alguém a tinha visto, entretanto, não obtive respostas. Começo a me preocupar verdadeiramente e me culpo por ter deixado ela sair sozinha sem mim, pode ser bastante perigoso. Tento ligar em seu celular diversas vezes, mas ela não atende. Continuo minha procura até que finalmente visualizo Lia sentada com a cabeça baixa onde estávamos lanchando ainda pouco. Caminho até ela e pacientemente sento na cadeira ao seu lado, alisando seus cabelos e a convidando para um abraço.

Lia levanta seu olhar para mim. Sua maquiagem está borrada, seus olhos estão vermelhos e seu rosto tomado por lágrimas. Ela está soluçando aos prantos, mas felizmente tenho uma notícia que irá ajudá-la.

- Andrew, eu não consigo mais!
- Calma, meu bem, eu ... - Ela me interrompe.
- Não dá mais para aguentar tudo isso calada. Eu posso ser a merda de mulher mais forte do mundo, mas tudo tem um limite. Será que irei continuar sendo infernizada pelo resto da vida? Simplesmente por que aquela desgraçada não conseguiu ser feliz e quer empatar a felicidade dos outros? Não dá! Eu juro que se ela estivesse aqui agora, eu iria matá-la. Eu estou cansada! Esse foi mais um dos motivos de eu ter me mudado para o Rio, lá eu tinha paz.
- Lia, eu sei que... - A matraca não para.
- Eu sei que não é sua culpa. Eu não estou com raiva de você, só estou absurdamente frustrada porque a nossa viagem não vai acontecer. Mas a culpa é minha, eu que fui burra de ter deixado aquela imunda tocar nas minhas coisas, aliás, ainda mais desleixada por não ter conferido os documentos antes de viajar. Quem faz isso? É a coisa mais importante. Só eu mesmo, viu...
- Tem como você me escutar, Lia Torres?
- Não, Andrew, não tem. Não há palavras de consolo que poderão me acalmar agora. Eu estou puta de raiva, consumida pelo sentimento de ódio. Não adianta você dizer que a gente pode remarcar para outro dia ou outra hora. Eu odeio mudar meus planos por conta dos outros. Eu sou certa nas coisas que faço, sempre fui! Eu gosto das coisas devidamente planejadas para darem certo, aí aparece um empecilho desse tamanho e você quer que eu fique calma. Por culpa da Bruna, por minha culpa, nós não iremos mais viajar hoje.
- A GENTE VAI VIAJAR! - Perco a paciência com toda a sua falação, e grito segurando em seus braços.
- Ai! - Ela resmunga.
- Só assim para você fechar a boca e me escutar.
- O que você estava dizendo mesmo, chato?
- Nós iremos viajar!
- Como assim? O avião já decolou há muito tempo. Agora só se for outro dia, mas eu ... - Gente, ela é impossível!
- HOJE! Vamos viajar hoje! Já já! Em minutos!
- Mas...
- Iremos de jatinho.
- O QUE? MEU DEUS, ANDREW GARCIA! VOCÊ TEM UM JATINHO?
- Eu não, mas a nossa empresa sim. Inclusive, logo você será funcionária da empresa também.
- Então vamos de jatinho?
- Sim!
- Que chique! Eu mal consigo imaginar o valor disso.
- Para de pensar no preço das coisas. Apenas curta os momentos! Você sempre quer regular tudo. Apenas viva um dia de cada vez! A vida é curta, Lia...
- E como você deixa eu ficar aqui desabafando igual uma louca? Por que não chegou dizendo que íamos de jatinho logo? - Resmunga.
- Você está falando sério? Eu estou há uma década tentando falar, mas você não deixa de jeito nenhum. - Rebato.
- Ah, bebê, eu estava nervosa, você tem que entender. - Diz fazendo beicinho com uma carinha angelical.
- Você é surreal. - Digo rindo e dando-lhe um beijo.
- Nossa, eu já estava desanimada, tanto com a viagem quanto com manter esse relacionamento. Me desculpe! - Diz triste.
- Não deixe que tudo que já deu errado, tire sua vontade de seguir e de chegar até o final. A gente vai enfrentar absolutamente tudo! Até mesmo a louca da Bruna.
- Eu não vou enfrentá-la, vou trucidá-la! - Sorrio. Ela bravinha fica mais gata ainda.

(R)EXISTA!Onde histórias criam vida. Descubra agora