A Marionete e o João-de-Barro

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Torne-se meu mestre ó sábio passarinho
Pois sei que tu tens dons construtivos
Pois vejo que sabes criar seu próprio ninho
Ensina-me a ser menos destrutivo

Ó sábio passarinho tu és um belo artesão
Que com cinco gravetos faz um portão
Que com barro faz um bom acabamento
Que com serenidade molda tua história

Eu sou apenas uma marionete
Criada apenas para atender desejos
Para trazer sorrisos em peças teatrais
Para ser diversão para as angústias carnais

Mas eu não me sinto muito bem
Estou mofada, descuidada, maltratada
Ó passarinho reinventa minha história
Seja abrigo para a aberração destratada

O passarinho veio até mim
Bicou minha cabeça com muita força
Retirou os cupins que me devoravam
E com barro soldava minha pele rústica

O passarinho tinha uma casinha de barro
Eu o apelidei então de joão-de-barro
É difícil fazer as coisas sozinho, passarinho
Eu mesma já estava beirando à loucura

João-de-barro assobiou
Eu despertei para uma nova fase
Teu canto me alegrou
Me libertou das malditas cordas
Me fez tomar o controle de volta

~Apoloet

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