"Talvez eu me importe com você"

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Depois de anos de buscas sem retorno, a Senhora cujo nome é Maristela finalmente encontra o endereço que poderia levá - la ao filho.


A Senhora de idade jamais esqueceu o dia em que seu menino partiu, no carro de Cleonice, e nunca deixou a esperança morrer dentro de si.

Frente a frente com a desconhecida, Sophia encara Mariano, que há essas horas estava na entrada do garimpo com Zé Victor olhando a mulher que o gerou.

__ Mariano! Cê vai ficar parado feito um poste mesmo? Ei, cara! É a sua mãe!

O garimpeiro entra em estado de choque, mas caminha para mais perto da mãe e troca um olhar com Sophia:

__ Mãe?

Maristela não segura as lágrimas por finalmente estar com o filho e o acaricia o rosto:

__ Como você está magrinho, meu filho! Eu senti tanto a sua falta! Quem cuida de tudo aqui, não dá comida, não? Zé Victor, menino! Você virou um rapagão!

Enquanto Mariano reencontra a mãe, Sophia retoma a conversa com Rato, mas vez ou outra, presta atenção na Senhora que chegou sem avisar!

__ Dona Sophia! Eu entrei em todos os sites disponíveis, mas a única coisa que encontrei foi: "Cleonice Muniz é um perigo para os que a cercam! Endinheirada, mas cheia de segredos!"

__ Estranho! Se tem um lugar, onde se acha tudo é a internet, Rato! Maldição de ratazana mais misteriosa! Continue procurando!

A Madame se aproxima de onde Maristela e Mariano estavam e se apresenta:

__ Boa tarde, minha Senhora! Eu sou quem comanda o garimpo! Posso saber o que a Senhora deseja com o meu garimpeiro?

Maristela não esconde o desgosto em conhecer a patroa do filho e se limita a responder somente o necessário:

__ Fique a Senhora sabendo que o seu garimpeiro é, antes de qualquer coisa, meu filho! Como mãe, eu tenho o direito de aparecer no trabalho dele! A Senhora tem filhos?

Antes que a situação fuja do controle, Mariano promete conversar com a mãe em outro momento, que não em seu horário de trabalho:

__ Eu não vou poder falar agora, mas se a Senhora quiser me esperar, eu não demoro a sair!

__ Se a patroa deixar, eu posso levar a Tia Maristela lá na casinha!

Mesmo contrariada com a mulher que  apareceu de repente no garimpo, Sophia permite a saída de Zé Victor:

__ Pode ir, Zé Victor!

Maristela abençoa Mariano e se despede temporariamente, esperando encontrar o garimpeiro o mais breve possível.

Sophia se afasta dos garimpeiros, os libera do serviço e volta ao cantinho que se entregou a Mariano que, abalado com a chegada da mãe, resolve seguir a mulher.

O garimpeiro repara o quanto ela está distante, enquanto ela analisa o homem cautelosamente:

__ Quer fazer o favor de perguntar o que precisa? Ficar olhando pra mim, não vai adiantar!

__ Você ficou muito abalado com essa chegada da sua mãe, não ficou?

Mariano tenta fugir do olhar estranhamente acolhedor de Sophia, mas não consegue evitá - la por muito tempo.

O garimpeiro passa a mão nos cabelos, visivelmente nervoso e vê quando a patroa se aproxima a uma distância perigosa:

__ Por quê ainda está aqui fingindo que se importa comigo?

Sophia segura o rosto dele com as duas mãos, o olha profundamente e irritada, acaba por confessar:

__ Já passou por sua cabeça, que talvez eu me importe com você?

Mariano perde a fala por poucos, porém, significativos minutos e, quando dá por si, os dois estão abraçados, imersos em um momento exclusivamente deles.

***

No casebre de Zé Victor, o amigo de Mariano tenta entender porquê Maristela voltou para a vida do garimpeiro:

__ Por quê a Senhora resolveu voltar agora?

__ Essa não foi uma decisão tomada da noite para o dia, Zé Victor! Eu passei cada minuto, durante todos esses anos, pensando no Mariano! Desde aquela tempestade, não tive mais notícias dele! Deixar ele ir, foi a coisa mais difícil que eu já fiz na vida!

Zé Victor se compadece com as palavras de Maristela e se acomoda melhor para ouvir o que ela tem a dizer:

__ Eu arrumei um lugar pequeno, provisório para ficar e vi a foto dele com a Dona do garimpo no jornal! Foi assim, que eu descobri aonde ele estava! Aquela víbora ainda procura por ele?

__ A víbora, no caso, é a Cleonice? Se for, sim! Ela ainda vem atrás dele!

__ Será possível que, afastar o meu próprio filho de mim, não foi suficiente? Precisa atormentar a vida dele também?

__ O Mariano mudou muito, Tia Maristela! Ele não quer mais conversa com a Cleonice!

__ Você acha que ele demora muito a chegar? Eu ainda preciso ir para casa!

__ O espaço é pequeno, mas se a Senhora quiser ficar por aqui, eu não vejo problema! A gente se ajeita!

***

A Madame e o garimpeiro evitam contato visual, depois de compartilharem um momento afetuoso, mas logo se procuram, inevitavelmente:

__ O que a Madame veio fazer aqui? Bateu saudade de mim?

__ Aha aha aha! Como é que é, rapaz? Eu, com saudade de você? Eu vim para organizar os documentos do garimpo, já que fui interrompida mais cedo!

__ Eu não lembro de ouvir a Madame reclamar! E a história de se importar comigo? É pra valer ou só da boca pra fora?

__ Eu disse isso? Você deve ter sonhado ou alucinado, vai saber?

__ Daqui a pouco anoitece, então vou indo. Os outros já estão em casa e tudo!

__ Em casa, você quer dizer, o bordel? Desde quando, aquele lugar é chamado de casa?

__ Se é casa ou não, eu não sei! Mas, com certeza, eles estão lá!

Na despedida, Mariano segue os próprios impulsos e surpreende Sophia com um beijo demorado. O que eles não sabiam é que, a todo momento, alguém os vigiava:

__ Ora, veja só! Que lindo momento romântico! Pena que o romance tem prazo de validade e vai acabar tão rápido quanto começou!

Notas finais:
Esse capítulo teve o foco em uma personagem importante para a história: Maristela! Até agora, o que se sabe é que Cleonice afastou Maristela de Mariano! No próximo capítulo, mais detalhes serão explicados! Muito obrigada pelos quase 3k de visualizações e 60 🌟

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