Louco de amores por ela?

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No garimpo, os homens se dividiam entre trabalhar e observar Samuel, o geólogo, que fazia algumas anotações em um caderno antigo.

A chegada de Sophia chama a atenção, como sempre, devido ao som de suas botas em contato com a terra batida. Ela passa reto por todos e caminha até estar próxima ao geólogo:

__ Senhor Samuel! Alguma novidade quanto ao início das explorações? O senhor não acha que teve tempo suficiente, para fazer pesquisas e anotações, não?

Acostumado com o jeito irônico da mulher, o geólogo é certeiro, ao responder:

__ De fato, Dona Sophia! Tenho uma boa notícia: de tanto buscar em livros e pesquisas pessoais, cheguei a uma conclusão a respeito de suas pedras!

__ O que está esperando para contar? Que conclusão seria essa?

__ Antes de dizer, eu gostaria que todos pudessem me ouvir!

__ Aproximem - se todos! O geólogo tem um aviso importante!

Antes que Samuel exponha sua ideia profissional, Zé Victor ergue o braço:

__ Não quero interromper, mas o garimpeiro Mariano ainda não chegou! O Senhor não vai esperar por ele?

Sophia não acredita no que ouve e se prepara para esbravejar, afinal é inaceitável que um funcionário se atrase tanto e atrapalhe seus planos, porém, Mariano aparece bem na hora:

__ Não precisa mais esperar, Madame! Pode começar a falar, almofadinha!

A Dona do garimpo reprime a vontade de matá - lo com apenas uma encarada, mas respira fundo algumas vezes e se concentra a ouvir o que Samuel tem a dizer:

__ Bom dia a todos! Esses dias em que estive aqui, pude observar, pesquisar e anotar muita coisa sobre as pedras e, cheguei à conclusão, de que as explorações terão sucesso, apenas se todos ajudarem! De acordo?

Sophia repara que todos prestam a devida atenção a Samuel, menos Mariano, que a secava com os olhos a todo instante, despreocupado. Zé Victor cutuca o amigo, antes que a patroa faça isso:

__ O que deu em você hoje, cara? Parece que tá em outro mundo! Cê bebeu antes de vim pra cá e eu não vi?

__ Que isso, Zé? Cê sabe que eu não gosto de beber! A culpa é da Dona Sophia, que não sai da minha cabeça! Eu tô ficando meio maluco, cara!

__ Eu chamo isso aí de paixão, não de maluquice! Cê tá gamado, apaixonado, enfeitiçado, sei lá qual o nome disso! Não esquece do que aconteceu entre você e a Cleonice!

Mariano encara Sophia que, mesmo com raiva, não conseguiu ignorar os olhares do garimpeiro. Ao contrário: ela se sente totalmente despida aos olhos dele, fato que a deixa imensamente nervosa e sem ar!

__ Com licença, Senhor Samuel! Eu não me sinto bem e preciso de ar!

__ Precisa de ajuda?

__ Se puder distrair os garimpeiros em minha ausência, isso será de grande ajuda!

O garimpeiro registra o momento em que a mulher se afasta do grupo e a segue, tomando o devido cuidado, para que não o vejam ir ao encontro dela:

__ Espera, Madame! Aonde vai com tanta pressa? Cê tá bem?

De costas para ele, Sophia não consegue se mexer, ao sentir o toque firme do garimpeiro em seu braço:

__ Por que me olhou daquele jeito?

Estando a poucos passos de distância um do outro, o garimpeiro a puxa para si, porque precisa tê - la por perto e a tocar a pele, mesmo sem saber ao certo, o motivo de tanta urgência. Os calejados dedos desenham o rosto de Sophia, que mantinha os olhos fechados para se aproveitar do carinho, e param na boca, como se assim, ele pudesse gravar cada traço dela:

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