Impiedosa e deliciosamente má! - parte 1

113 6 4
                                    

A chegada repentina de Mariano deixou Sophia em alerta e intrigada.

Ao tomar conhecimento do porquê ele caiu, literalmente, de paraquedas em sua sala, ela anda em círculos, na esperança de conseguir pensar melhor e descobrir quem estaria por trás da ameaça:

__ Se você continuar a pisar firme desse jeito no chão, ou eu fico zonzo de tanto ver você rodar, ou uma cratera vai se abrir bem debaixo dos seus pés! Olha pra mim: eu também tô preocupado, mas andar sem parar, não vai ajudar! Se acalma e respira, tudo bem?

Sophia solta uma lufada de ar e encara Mariano:

__ Como eu vou me acalmar, se acabei de saber que um maluco, que não sei de quem se trata, me fez uma ameaça? Escreve o que eu vou dizer: seja ele quem for e esteja onde estiver, é bom que saiba rezar, porque eu não descanso, enquanto não encontrar esse homem!

Mariano acompanha os movimentos de Sophia, que voltou a andar pela casa, e repara quando ela repousa as mãos na cintura, morde os lábios com força e busca o olhar dele, como se ele soubesse a resposta para as dúvidas que martelavam em sua cabeça:

__ Como é possível você ser irresistível, mesmo quando tá brava?

A megera se aproxima do garimpeiro, mantendo certa distância e o repreende:

__ É inacreditável, que você consiga manter o bom humor, mesmo em um momento tão sério como esse! Essas suas cantadas são péssimas, só para deixar registrado, seu cara de pau!

Mariano sorri, porque no fundo, sabe que ela diz essas coisas da boca para fora e, antes que possa responder, Silas interrompe a conversa:

__ Desculpe interromper, mas vim trazer o Chá!

__ Pode se recolher, Silas! Você já cumpriu sua carga horária do dia! Eu dou conta da visita sozinha!

__ Antes que eu suba, Dona Sophia, preciso que dê uma olhada nesse currículo que, em minha humilde opinião, é o melhor entre os outros e diga se aprova ou não! Essa documentação é referente à contratação de uma cozinheira, não um homem, como a Senhora esperava!

__ Desde que faça um trabalho decente, não importa ser homem ou mulher! Deixe a papelada comigo, que amanhã mesmo resolvo isso!

Sozinhos na Sala, o garimpeiro rompe a distância entre eles e puxa a Madame pela cintura, pressionando o local com os dedos, mostrando toda a sua pegada e sussurra perto do ouvido:

__ Eu entendi bem ou foi uma alucinação, quando ouvi a Madame dizer que daria conta da visita sozinha? Eu posso ser bem difícil e exigente quando quero!

Sophia o aperta os braços, já que ele a tem firme a cintura, sem a menor chance de qualquer espécie de fuga, e devolve a provocação:

__ Quem tem a última palavra e comanda as cartas aqui, sou eu, rapaz! E eu sei bem, que você não resistiria a um mulherão esculpido pelos deuses, como eu, não é verdade?

Mariano gargalha ao perceber o quanto ela estaria sendo presunçosa, ao falar de si mesma daquela maneira e sustenta os olhares. A conexão é cortada, graças ao toque do celular do garimpeiro, que põe a chamada em viva-voz:

__ Fala, Zé! Como tá a mãe?

__ Ela tá mais calma, irmão! Acho que ficou aliviada, quando cuidei dos machucados e hematomas, sabe? O único problema é que, não importa o que eu faça, ela não se convence de que precisa dormir, cara!

Sophia cruza o olhar com Mariano e toma o telefone das mãos dele:

__ Zé Victor, escuta bem: eu vou mandar o meu motorista buscar vocês e o Mariano estará com ele, afinal é o único que sabe o caminho!

__ É sério mesmo, patroa? Caramba, brigadão então!

__ Não se empolgue tanto! É uma questão de segurança, não bondade! Jamais imagine, nem por um segundo, que sou boazinha, ou pior, que tenho coração de manteiga, entendido? Eu detesto isso! Ao contrário: sou impiedosa e deliciosamente má!

O filho de Maristela sente um grande desconforto dentro da calça que usava e se recusa a acreditar que esteja excitado apenas com o tom de voz da mulher, que afirmou ser deliciosamente má e, chegando ao seu limite, confessa:

__ Se a Madame soubesse como eu fico, quando cê fala desse jeito! Eu adoro uma boa potranca braba! A tua sorte é que eu vou buscar a mãe, mas na volta, vou encher essa tua boca de beijo!

Encerrada a ligação, Mariano decide provocá - la imediatamente, porque não tem a menor condição de esperar. Decidido, o garimpeiro gira o corpo da mulher, que agora estava de costas para ele, de tal maneira, que ela é capaz de sentir o quanto ele a deseja, com um simples roçar de pele, a julgar o volume aparente da calça. Manhosa, a Madame tenta, a todo custo, manter a voz firme, mas falha miseravelmente:

__ Agora... Não é... Hora... Pra isso... Mariano!

O Motorista aparece bem na hora e finge olhar para outra direção, afinal ele considera muito o emprego e não queria perdê - lo. Ele é obrigado a pigarrear algumas vezes, para ser notado e Mariano o segue até o carro um pouco envergonhado por ter sido pego no flagra.

Enquanto o garimpeiro parte até o Casebre de Zé Victor, Sophia decide adiantar a leitura do currículo deixado por Silas.

O Motorista de Sophia segue as orientações de Mariano e não demora mais do que dez minutos para chegar ao destino. Zé Victor, depois de usar todo o seu repertório, convenceu Maristela a passar a noite na casa da patroa, sem mencionar o nome Sophia:

__ O motorista acabou de chegar! Vamos, Tia Maristela!

Mariano, ainda sob o efeito do momento acalorado que passou com Sophia, permaneceu dentro do carro. Durante o caminho, puxou conversa com a mãe, que reparou algo estranho no filho, mas não soube dizer o que era.

Zé Victor, a discrição em pessoa, para não dizer o contrário, reparou o pequeno detalhe e sussurrou:

__ Eu não acredito que você tá... Que situação hein, meu amigo? Eu não vou nem perguntar o que aconteceu, porque pra mim, tá claríssimo! Você e ela se atracaram de novo!

Mariano estapeia o amigo algumas vezes, mas logo desiste, ao reparar o olhar nada amistoso da mãe sobre ele.

O Motorista observa os dois pelo retrovisor do carro e segura o riso o quanto pode, dando partida no carro.

Ciente de tudo o que precisava saber sobre a possível cozinheira, que se chamava Vivian Moreno, formada em Gastronomia em uma Universidade renomada, solteira e ganhadora de Três Estrelas Michelin, Sophia guarda tudo e se serve uma taça de vinho, na tentativa de se acalmar, enquanto os hóspedes não chegavam.

Assim que a campainha toca, ela se esforça ao máximo para ser, no mínimo, simpática:

__ Entre, por favor, Dona Maristela!

Ainda na porta, a mãe de Mariano se recorda de quando viu a mulher a sua frente pela primeira vez e estranha o fato de estar ali, inicialmente. Suas dúvidas são esclarecidas no minuto seguinte, assim que ela se lembra das palavras do encapuzado:

__ Como eu não pensei nisso antes! Ela é a Madame e, por isso, eu tô aqui!

Sophia vira o conteúdo da taça de uma só vez, sem se incomodar com o teor alcoólico, e toma a frente da situação:

__ Dona Maristela, eu não sou fã de enrolação, então serei direta: eu estou disposta a desvendar quem a ameaçou de uma vez por todas, mas por hora, é a Senhora quem tem informações, então, o que preciso saber é o seguinte: vai nos ajudar a descobrir quem ameaçou a você e ao Mariano, ou prefere viver na incerteza e com medo?

Notas finais:

Alguns avisos:
1° Vou dividir esse capítulo em dois, então essa é só a primeira parte, ok?
2° Sempre que vocês quiserem mandar sugestões do que gostariam de ler, sintam - se à vontade! Eu vou conseguir encaixar na história, com toda a certeza!
@aisha, vou usar a sua ideia na segunda parte do capítulo, ok? Não me esqueci!!

Obrigada pelos 4k de visualizações, de coração e a todos vocês que leem e gostam do que escrevo! Até breve!

Fire, Gasoline And Secrets - Soriano Onde histórias criam vida. Descubra agora