Capítulo 2 - As exceções do destino

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Chanyeol sentia a cabeça latejar enquanto parava em frente à entrada de uma das portas, a sinalização laranja no chão sendo pisada pelos pés grandes.

Sentia as costas doerem e a barriga reclamar de fome enquanto deixava a mochila cair sobre um dos ombros, deixando uma das mãos livres para conseguir tirar o óculos. Estava exausto, não exatamente cansado, apenas sentia que estava exausto de ter ficado até aquele horário fazendo contas e resolvendo um trabalho com um grupo que não tinha sido o melhor do ano. E, acima de tudo, queria tirar aquele cabelo dos olhos, passando a mão no rosto antes de guardar a armação; aquele dia tinha sido o auge para si.

Cansado, varreu os olhos ao seu redor; a visão estava meio embaçada, mas não se importou muito, buscando no bolso do moletom os fones de ouvido já conectados ao celular e encaixando um deles em seu ouvido, os olhos ainda procurando por alguma coisa que ainda não sabia exatamente o que era. Só queria ir para sua casa, tomar um banho, almoçar e depois ir trabalhar; e mesmo que quisesse faltar naquele dia, por conta da chuva grossa que ainda caia do céu, precisava do dinheiro do estágio remunerado para conseguir pagar suas contas. Mesmo com a bolsa na faculdade, ainda pagava quase todas suas coisas sozinho. Bocejou, correndo os olhos mais uma vez pelo ambiente e sentindo o coração falhar uma batida assim que pousou os olhos naqueles cabelos avermelhados, desta vez descobertos pela touca.

Tinha conversado com uns dois amigos sobre o que tinha acontecido e como ficou boiola com tudo aquilo, sendo zoado o resto do dia pelos dois. Mas não era como se aquilo fosse realmente uma coisa importante. Nunca em sua vida pensou que teria a sorte de encontrar novamente o rapaz no metrô, que pegaria o mesmo vagão que ele uma outra vez. Era uma coincidência muito estranha e boa, se parasse para pensar. Mas ignorou isso que acabou sentindo, desviando o olhar enquanto o metrô parava, encaixando o outro lado do fone na orelha, enquanto sorria para o pensamento que surgia em sua mente: ele era ainda menor de longe, todo pequeno e fofo com aquele tanto de roupa. Tudo bem, não deveria ficar pensando aquilo do nada, principalmente com alguém que só tinha visto uma vez na vida.

As portas se abriram, liberando a passagem dos passageiros que iriam descer naquela estação, deixando eles entrarem com calma assim que todos saíram, e Chanyeol acabou entrando por último, o ar-condicionado do transporte o fazendo tremer dentro do moletom grosso, as pessoas se sentando ou se encostando em alguns lugares. Olhou ao redor, na esperança de achar um lugar, sentindo aquela leve tontura pela falta do óculos e o cheiro forte de suor que todo vagão de metrô em final do dia possuía. Deu de ombros para o próprio pensamento de achar que um dia teria um lugar para se sentar, ouvindo o alarme das portas quando caminhou para um lugar perto de um conjunto de assentos, arrumando a mochila no ombros e apoiando a mão direita na barra de metal e a outra dentro do bolso, a música alta do fone fazendo ele esquecer por segundos que dividia o mesmo vagão com o menino bonito com quem tinha ficado grudado no começo do dia, por causa um imprevisto.

Não olhou para a pessoa à sua frente, encarando a janela enquanto o transporte começava a andar lento, os pingos de chuva respingando no vidro e o céu cinza sendo a única visão no meio da chuva grossa. A cabeça ainda doía quando voltava a se concentrar nos próprios pensamentos, começando a ficar mais tranquilo, mesmo que o metrô estivesse mais lento que o comum; mas os pensamentos do que iria fazer chegando em casa morreram assim que sentiu a barra do seu moletom ser puxado para baixo, o fazendo prender a respiração assustado, olhando para baixo e encontrando os olhos escuros e puxados do ruivo, que lhe abriu um pequeno sorriso assim que teve a atenção do maior em sua direção. Chanyeol puxou um dos fones, ainda encarando o outro, que tinha o colo livre de qualquer mochila e parecia ainda menor sentado naquele assento.

— Quer me dar a sua mochila? — Baekhyun abriu um sorriso grande quando fez a pergunta, apontando para o próprio colo enquanto ainda encarava a feição do maior, este que levantou uma sobrancelha, surpreso. Não esperava tão cedo interagir novamente com o rapaz. Na verdade, não esperava mais se encontrar com ele.

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