Maldição do dia um

2.2K 164 167
                                    

~Toni's pov

Jennifer Lawrence descia suas mãos levemente pelas minhas coxas, deixando um aperto bom enquanto colava nossas bocas em um beijo delicioso, me deixando animada. Poderia gozar só por sentir seu suspiro em minha nuca. Ela desce os beijos pela minha barriga, até...

-TITIA!

Quando menos espero estou sentada no chão, com a bunda dolorida e os olhos em chamas pela raiva de ter sido acordada por um moreno de pijama de bananas e óculos de grau azul.

-O que foi, Gael? Ficou maluco, garoto?

-Estamos atrasados para a escola. Geralmente acordamos às seis, mas já são seis e dez. -Faço uma careta.

Céus, aquele menino era tão a Cooper.

-O que tem de errado acordar dez minutos depois do comum? -Visto meu hobbie, indo até o quarto de hóspedes com ele sendo minha sombra.

-Temos todo um cronograma. Às seis e cinco estamos no banho, às seis e vinte estamos nos arrumando, às seis e vinte e sete é quando o Tom pede para a mamãe Ronnie amarrar o sapato dele e às seis e trinta é quando estamos todos na mesa para comer juntos. Geralmente a mamãe Bee erra nas torradas e a mamãe Ronnie ajuda ela, por isso sempre demoramos um pouco.

Suspiro, cansada de sua explicação.

-Okay, você acorda o Tom e eu, a Alex. -Ele afirma, se posicionando ao lado da cama do irmão e balançado seu corpo. Faço o mesmo com Alex, mas ela parecia petrificada. -Garota, acorda! Alex! Alexis! Menina, você tem um sono pior que o meu, cruz credo.

Ela pula da cama, com os olhos arregalados e cabelos assanhados. Tom também acorda em um susto, chutando o irmão que cai como uma gelatina no chão, reclamando de dor. Puta merda, que desastre do caramba.

-Hey, hey! Sou eu. -Tento tranquilizar Alex, que franze o cenho por um segundo, até reconhecer onde estava.

-Uh, oi tia Toni. Que horas são? -Ela coça os olhos com as costas das mãos, igualzinho Ronnie faz.

-Tarde, de acordo com seu irmão. Hey, está tudo bem aí? -Gael levanta do chão, arrumando o óculos e com uma carranca que precisei me segurar para não rir. -Garoto? Está machucado?

-Está tudo bem.

Ele responde, quase trocando os olhos.

-Ok, vocês estão fedidos, precisam de um banho. Vão lá enquanto eu preparo o café da manhã. -Eles afirmam, mas Tom ainda parecia totalmente fora de órbita.

Deixo-os no quarto e corro para a cozinha. Ok, não tenho o número de nenhuma cafeteria para pedir nosso café da manhã, vou precisar me virar. Estalo dois ovos em uma frigideira e ouço o celular gritar na sala. Atendo antes de ver quem era.

-Alô?

-Oi, maninha. Como estão as coisas por aí? Já acordaram?

-Não, estou falando com você pelo poder incrível da mente, é claro que acordamos! E está tudo sob controle.

Foi só eu falar isso para o primeiro problema aparecer. Uma criança tropeçando nos próprios pés e caindo. Não ria, Topaz. Pelo amor de Deus!

Arregalo os olhos ao ver Gael levantando de forma abrupta, tentando amarrar a gravata do uniforme de forma correta, como se não tivesse se estatelado no chão pela segunda vez em dez minutos.

-Tudo sob controle. -Repito.

-Que bom. Sabia que você conseguiria. Posso falar com eles?

O segundo problema me faz pular de susto. Os gritos no andar de cima. Alex parecia estar discutindo com Tom, e Gael, sentado no sofá e lendo um gibi despretensiosamente, parecia não se importar. Merda, merda.

-Preciso ir, Ronnie. O dever de tia legal e super gostosa me chama. Tchau.

Desligo antes que ela possa rebater.

Passo voando pelo corredor, abrindo a porta do quarto bem à tempo de ver Alex puxando o cadarço de Tom e o mesmo indo de cara ao chão de madeira.

-ALEXIS!

-Ele me provocou primeiro. -Ela rebate, quando Tom levanta e passa marchando por mim. Os cabelos negros estavam todos fora do lugar, a calça desabotoada e a blusa amassada. Tom era eu toda.

-Não quero saber, garota. Thomas, venha aqui. -Ele me obedece, calado. -Deixe-me arrumar isso. Você sabe como amarra os sapatos?

-Não.

-Porque ele é burro! -Alex berra e ele vira para ela com o rosto vermelho de raiva.

-Eu não sou...

-Ok, chega! Alex, se continuar assim terei que providenciar um castigo, ouviu? -Ela se cala, voltando a amarrar sua gravata borboleta com destreza. -Você não é burro, só não sabe amarrar o sapato. Não se ofenda, depois eu lhe ensino. -Ele sorri, quase me fazendo derreter ao ver sua janela da frente.

-TIA TONIIII, SOCORRO!

Porra, tem dois aqui, falta quem?

Merda, Gael.

Alex e Tom saem correndo antes de mim que quase tenho um treco ao ver a fumaça saindo a frigideira. Gael gritava de cima do sofá, enquanto eu gritava tentando achar o extintor e Alex e Tom gritavam dramaticamente um "NOS VAMOS MORRER TÃO JOVENS."

-Puta merda, puta merda. -Quando acho o extintor, aperto a merda do gatilho e quase sou jogada para trás pela pressão que ele fazia. Suspiro quando o fogo para e arregalo os olhos ao ver o ovo preto e duro. -Nós vamos comer fora.

[...]

-Alex, nada de bater nos seus amigos e nem de provocar seus irmãos, ouviu? Suas mães me passaram tudo. -Ela faz uma careta, arrumando os cabelos lisos. -Tom, nada de roubar o lanche do pessoal, vocês têm dinheiro, pois então comprem na lanchonete.

-O lanche de lá parece meleca de nariz. -Ele rebate e eu reviro os olhos.

-Amanhã eu faço um sanduíche. Compro! Compro um sanduíche pronto. E Gael...-Ele me olhava com os cabelos muito bem arrumados e a farda intacta. -Você cuide dos seus irmãos, ok?

-Ok.

-Boa aula, pirralhos.

Destravo a porta e eles saem correndo feito malucos, logo se misturando no meio de inúmeras crianças espalhadas pelo pátio colorido.

Céus, enfim um tempo só.

Estaciono o carro e ainda tenho que subir pelas escadas, já que a merda do elevador não estava funcionando. Ótimo, dez lances de escada. Faço isso todo dia, você consegue, Topaz.

-Menina Toni, está tudo bem? -Pulo de susto ao ouvir a voz de Maria, minha vizinha fofoqueira. Ainda tentando recuperar a respiração viro-me para ela soltando um joinha afirmativo. -Ouvi barulhos de gritos na sua casa mais cedo. Está tudo bem, não é? Odiaria ter que falar para o síndico que está trazendo reféns para a sua casa.

Que tal você tomar lá naquele lugar que não vê o sol faz trezentos anos, minha senhora?

-Está tudo bem sim. Eram meus sobrinhos, eles vão passar um tempinho comigo. -Ela me fita de cima à baixo.

-Filhos daquela sua irmã....lés...hum, entendi. -Gargalho por dentro.

-Lésbica? -Ela pula como se tivesse tomado um choque -Dela mesmo. Por quê? Quer dar algum palpite sobre a vida dela? Posso ir adiantando que Ronnie adora uma boa briga. É de família, sabe?

Pisco para então entrar em casa, gargalhando para as paredes. Desde que cheguei nesse prédio, Maria inferniza minha vida de todas as formas possíveis e impossíveis. Às vezes ela até bate na minha porta inventando uma desculpa esfarrapada para ver com quem eu estava. Ela era maluca!

Suspiro, vendo a bagunça que meu apartamento havia se transformado em algumas horas de convivência com aqueles pirralhos.

Apenas mais quatorze dias.

Você consegue, Topaz!

Uma tia nada normalOnde histórias criam vida. Descubra agora