Maldição do dia nove

2.1K 164 176
                                    

~Toni's pov

-Você não pode vestir isso.

-Por quê? Calça jeans e jaqueta é meu símbolo de guerra. -Ronnie grunhe do outro lado da chamada de vídeo.

-Você está indo para um aniversário na casa de gente rica e ainda está tentando conquistar a aniversariante, Antoinette. Nada de jeans, ouviu? - Reviro os olhos, jogando-me na cama e deixando a calça cair no chão.

-Não sei mais o que fazer. Tenho uma hora para me arrumar e não tenho roupa, ou vocês que são chatas demais.

Betty sai do banheiro enrolada por uma toalha branca e sorri grande ao me ver refletida na tela do computador da esposa. Aceno com a mão.

-Oi, Betty.

-Cunhadinha! Como você está? Não íamos ligar para os meninos só mais tarde? -Ela questiona à Ronnie que logo explica minha situação. - Uau, você e a Blossom? Que surpresa.

-Não é nada demais, ok? Ela me chamou para o aniversário dela e só. Não se iludam, por favor. -Arregalo os olhos pelo grito de Verônica. -Que foi?

-Aquele seu vestido preto! Puta merda, o vestido preto que você perdeu a virgindade no ensino médio, na terceira série na festa de despedida! Onde ele está? Você vai com ele.

Faço uma careta ao lembrar da peça e do momento nada agradável com um menino estranho de aparelho que fudeu o momento todo. Era incrível como Ronnie tinha uma memória intocável para umas coisas, e para outras ela simplesmente era uma perdição.

-Aquele vestido parece mais uma blusa. Acho que ele bate na metade da minha bunda, não vou com isso não.

-Ah, mas você vai sim. -Minha irmã sem noção retruca. -Qual escolha você tem? Agora só restam cinquenta e seis minutos até que esteja realmente atrasada para encontrar com a ruivinha.

-Está bem, você venceu. Só porque estou atrasada. Beijos, depois dou notícias. Mãos aonde eu possa ver, Elizabeth! -Betty, que antes deslizava as mãos pelas pernas de minha irmã, levanta elas em rendição.

Desligo a chamada e corro pelo quarto, tomando um banho relaxante, me depilo - apesar de não ter nada mais para depilar, já que o fiz ontem- me maqueio, seco meus cabelos, visto o vestido extremamente desconfortável e calço meus saltos.

Fito minha imagem no espelho e consigo ver o motivo de Ronnie gostar tanto daquela peça; eu estava uma gata. Passo meu perfume doce, mas não tão doce, e estanco ao ver os três pestinhas parados em frente a porta de meu quarto, já de pijamas e com aquele olhar de gato de botas que tanto odeio.

-O que vocês querem? -Gael e Tom me olhavam de boca aberta e olhos arregalados, mas quem toma a frente é uma Alex totalmente animada.

-Uau, tia Toni, você está muito linda!

-Obrigada, Alex. E então, querem algo? Estou de saída, Josie deve estar chegando. -Pego minha bolsa e vou até a sala com eles em meu encalço.

-Pode nos devolver nossos eletrônicos? Hoje é sábado, não temos nada mais para fazer, a tia Josie passa o tempo inteiro falando no telefone, nem brinca com a gente. -Gael fala e quase dou o braço à torcer. Quase.

-Não mesmo. Lembram o por quê do castigo? -Eles afirmam, cabisbaixos. -Pois bem, espero que lembrem disso da próxima vez que tentarem algo. -Ouço duas batidas na porta e logo vou atender. Uma Josie chocada me olha de cima à baixo. -Boa noite, Jos.

-Uau, muito, muito boa noite.

Dou um tapinha em seu braço.

-Meninos, com certeza voltarei quando já estiverem dormindo, por isso, obedeçam à tia Josie, ouviram? Caso ela diga que vocês a obedeceram direitinho, encurto o castigo. -Eles comemoram. -Boa noite, até amanhã.

Uma tia nada normalOnde histórias criam vida. Descubra agora